Mercado ainda depende do exterior para emissão de títulos verdes, diz BNP Paribas
Demanda por investimentos sustentáveis no Brasil vem crescendo em ritmo mais lento, segundo CEO do banco francês no Brasil
Repórter
Publicado em 6 de dezembro de 2023 às 09h30.
A tomada de empréstimos com parcela dos juros atrelados a metas ou práticas ambientais se tornou uma alternativa na busca por crédito mais barato. Gigantes, como a Petrobras, já aderiram aos chamados títulos verdes. Do lado da oferta, a Climate Bonds Initiative calcula que US$ 531,5 bilhões foram emitidos em títulos verdes em 2023, mais do que todo o volume emitido no ano passado.
Apesar do crescimento desse mercado, empresas brasileiras que queiram emitir títulos verdes ainda precisam recorrer ao mercado internacional, segundo Ricardo Guimarães, CEO do BNP Paribas Brasil.
"O mercado ainda é aquele que opera com alguns pontos base abaixo do normal. O investidor brasileiro ainda tem dificuldade em aceitar essa perda de rendimento", afirmou Guimarães. A maior demanda por esse tipo de produto, disse o CEO do BNP Paribas Brasil, está no exterior, especialmente na Europa.
Os fundos sustentáveis encerraram o terceiro trimestre com US$ 2,744 trilhões sob gestão, de acordo com dados do Morningstar. Desse total, 84% são de fundos da Europa, 11% dos Estados Unidos e os outros 5% espalhados pelo resto do mundo. Até 2020, esse montante sob gestão em fundos sustentáveis era menor que US$ 1 trilhão.
Enquanto a demanda por investimentos sustentáveis tem crescido em ritmo acelerado no exterior, no Brasil, a velocidade tem sido mais lenta, segundo Guimarães.
"Esse mercado já está bastante consolidado na Europa, onde é a maior parte da emissão de títulos verdes do Brasil", disse.
Projetos de energia renovável
Maior banco europeu, o BNP Paribas tem buscado liderar o movimento de busca por economia mais sustentável, restringindo o crédito para setores poluentes ou colocando contrapartidas ambientais. Na carteira de crédito para projetos de energia, 60% são para o financiamento de renováveis contra 40% de fósseis. A intenção, de acordo com o banco, é aumentar ainda mais a proporção de energia limpa no portfólio.
Para 2024, o banco já tem acertado oito projetos, com mais um próximo de ser fechado. O destaque entre eles são justamente os de geração de energia renovável, afirmou Fábio Jacob, diretor de mercado de crédito global do BNP Paribas Brasil. "Começamos o ano com mais projetos do que nunca e o ano nem começou ainda."
Jacob ainda afirmou que espera a retomada de projetos de geração renovável em moeda local. "Existe uma oferta tremenda de projetos que estão prontos para ser colocados. São projetos que ficaram represados devido ao preço baixo da energia", disse.
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