Invest

Marfrig, maior produtora de hambúrguer do mundo, terá 20% da receita em industrializados

Companhia inaugura primeira unidade focada em food service de olho em receita de carne com valor agregado na América do Sul

Marfrig inaugura em Bataguassu (MS) a "mais moderna" unidade de industrializados do mundo (Marfrig/Divulgação)

Marfrig inaugura em Bataguassu (MS) a "mais moderna" unidade de industrializados do mundo (Marfrig/Divulgação)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 26 de agosto de 2022 às 06h00.

Última atualização em 26 de agosto de 2022 às 15h51.

A Marfrig retorna às suas origens e lança, nesta sexta-feira, 26, uma nova unidade em Bataguassu (MS). A cidade sul mato-grossense abriga, desde o ano 2000, a primeira planta de produção adquirida por Marcos Molina, fundador da empresa. O complexo agora ganha uma nova unidade focada exclusivamente em hambúrgueres, segmento no qual a Marfrig é líder global em produção.

A nova planta irá incrementar a produção anual da Marfrig com 20 mil toneladas de hambúrguer de carne bovina, totalizando uma capacidade de 242 mil toneladas do produto a cada ano. Bataguassu irá produzir, sozinha, 2,4 bilhões de discos de hambúrguer anualmente. Em termos de comparação, a quantidade seria capaz de encher 20 piscinas olímpicas.

O lançamento mira a expansão da fatia de industrializados no portfólio do frigorífico. É o chamado valor agregado: como em toda indústria, um item que passa por uma transformação alcança um novo patamar de valor em comparação à matéria-prima in natura.

“O hambúrguer valoriza o portfólio comercial da empresa e captura o incrível crescimento de demanda nos últimos anos. É o item que mais cresce em demanda no País”, defendeu Rui Mendonça, diretor de industrializados da companhia, em coletiva com jornalistas.

A venda de hambúrgueres no primeiro trimestre deste ano, via serviços de aplicativo, atingiu 45 milhões de unidades, uma venda de seis hambúrgueres por segundo, segundo Mendonça.

A Marfrig já é a principal companhia surfando esse crescimento, mas vê espaço para mais. A operação de hambúrgueres do frigorífico representa, atualmente, 15% da receita da Marfrig na América do Sul – um valor que triplicou nos últimos quatro anos. A expectativa é que o segmento alcance 20% de participação na receita já no próximo resultado trimestral. 

No segundo trimestre de 2022, sem considerar a consolidação da BRF, a Marfrig teve receita líquida de R$ 14,5 bilhões na América do Norte e R$ 7,1 bilhões na América do Sul. Mas, enquanto o Ebitda da operação norte-americana caiu quase 50%, nos negócios abaixo da Linha do Equador, subiu 275% para R$ 678 milhões.

Em um primeiro momento, o foco da produção da nova unidade será o mercado interno, mas as perspectivas envolvem voos internacionais. Enquanto as operações de Estados Unidos, Argentina e Uruguai são voltadas para seus respectivos mercados, a brasileira tem olhado também para além das fronteiras.

A Marfrig já exportou hambúrgueres para Uruguai, Argentina e Chile a partir de sua primeira unidade voltada ao produto, localizada em Várzea Grande, Mato Grosso, a cerca de mil quilômetros de Bataguassu. A nova planta já nasce de olho no exterior.  

A unidade fica no mesmo complexo da operação de abate e desossa de Bataguassu — aquela que foi a primeira a ser lançada pela companhia nos anos 2000. A planta mais antiga funciona como fornecedora da mais recente, e já tem a licença aprovada para exportação para 23 países.

“Um objetivo muito grande da planta de hambúrgueres de Bataguassu é a exportação. Nós temos qualidade e condições para trabalhar fortemente esse viés na unidade”, afirma Mendonça.

Com a chegada da nova operação brasileira, a capacidade de produção nacional fica quase que equiparada à dos Estados Unidos, atualmente o maior mercado de hambúrgueres da Marfrig. A diferença está justamente no potencial exportador, que fica restrito à operação nacional.

Marfrig unidade Bataguassu (MS) focada em hambúrguer

Marfrig investiu R$ 100 milhões na unidade Bataguassu (Marfrig/Divulgação)

O que o hambúrguer de Bataguassu tem de novo

Ao contrário das outras unidades de produção de hambúrgueres da Marfrig, esta é a primeira voltada exclusivamente para a demanda em serviços de alimentação (food service). O segmento engloba todos os estabelecimentos de consumo fora de casa, como fast food, restaurantes, hospitais, hotéis, aviões. Ou seja, o consumidor não vai encontrar o hambúrguer de Bataguassu na prateleira do supermercado, mas sim quando for comer em um estabelecimento cliente da Marfrig.

Os clientes, por sinal, podem obter soluções mais customizadas do que aquelas apresentadas ao varejo. A customização, no entanto, varia apenas em forma e composição. Todos os hambúrgueres da unidade são focados apenas em carne bovina, sem adição de sal ou qualquer tempero. Os tamanhos variam de 45 gramas a 240 gramas e os clientes podem optar por um certo mix de carnes e adequar o percentual de gordura – a companhia não divulga as receitas dos hambúrgueres, que variam de acordo com a preferência do cliente.

Assine a EXAME e fique por dentro das principais notícias que afetam o seu bolso. Tudo por menos de R$ 0,37/dia

O diferencial tecnológico

Estrategicamente localizada a pouco mais de 40 quilômetros do Estado de São Paulo, principal pólo consumidor de hambúrgueres do País, a unidade de Bataguassu foi definida pela Marfrig como “a mais moderna planta de industrializados do mundo”.

A unidade possui 7 mil metros quadrados e é altamente automatizada, com equipamentos importados dos Estados Unidos e da Europa. O investimento total da Marfrig no empreendimento foi de R$ 100 milhões para erguer a unidade do zero ao longo de 18 meses, em um local onde antes havia um campo de futebol.

Segundo a empresa, o investimento em tecnologia se traduz em ganho de escala e eficiência, mas o maior atrativo é o incremento na qualidade do produto. Um exemplo seria o maquinário de pré-mixagem – que apenas a Marfrig possui no Brasil. O mecanismo “organiza” a fibra do produto preservando a textura da carne no processo de moagem. 

A estrutura final do produto apresenta um formato chamado de “colmeia”, com vazões entre os pedaços de carne. A razão? O mecanismo permite que o vapor atravesse a carne com rapidez, diminuindo o tempo gasto para esquentar o hambúrguer – e garantindo, de quebra, que o produto não terá consistência de sola de sapato.

Veja também

Acompanhe tudo sobre:AgronegócioAlimentaçãoFrigoríficosHambúrgueresMarcos MolinaMarfrig

Mais de Invest

G20, pacote fiscal e balanço da Nvidia: o que move o mercado

Na corrida dos chips, Samsung anuncia recompra de ações e papéis sobem até 7,5%

Como analisar investimentos com essa técnica criada no século 18

Que tipo de credor você é? Conheça as garantias nas ofertas de investimentos