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Lula X Bolsonaro: Como ficam as ações das estatais?

Atuação das empresas não deve sofrer grandes mudanças, mas é nos papéis das estatais que a disputa eleitoral fica mais pronunciada, segundo analistas

Estatais: Para a Moody's, gestão das companhias não deve sofrer grandes rupturas com Lula ou Bolsonaro (Divulgação/Petrobras/Exame)

Estatais: Para a Moody's, gestão das companhias não deve sofrer grandes rupturas com Lula ou Bolsonaro (Divulgação/Petrobras/Exame)

A poucos dias da eleição que decidirá se Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ou Jair Bolsonaro (PL) irá presidir o país pelos próximos quatro anos, um conjunto de ações ganha destaque: os papéis das estatais.

No último mês, as ações sofreram oscilações. Os papéis ordinários da Petrobras (PETR3/ PETR4) se valorizaram 9,52% e os preferenciais, 11,12%. Mas na semana que antecedente ao segundo turno, que acontece neste domingo, 30, os papéis recuaram 11,33% e 10,77%, respectivamente.

Embora a petroleira seja o papel que atrai mais atenção, outras estatais ligadas à União também tiveram variação no desempenho das ações, como Banco do Brasil (BBAS3), cujo papel avançou apenas 1,25% no mês, mas caiu 11% na semana. O entendimento de parte do mercado, após falas do candidato petista, é de que o banco público pode ser usado para ofertar crédito a taxas inferiores às do mercado, o que pode impactar a rentabilidade do negócio.

"As estatais são um dos pontos em que a diferença da vitória de um ou de outro é mais pronunciada. Tem um mandato inteiro para provar ao que vieram, mas no curto prazo importa", observa Leonardo Rufino, gestor de renda variável da Mantaro Capital. "As ações estão muito baratas. Estão no preço em que as coisas têm que dar muito errado e rápido para não valerem a pena", avalia.

"O principal temor dos investidores é de que um governo de esquerda, no caso do Lula, não tenha tanto foco no negócio", diz Sidney Lima, analista da Top Gain. "A linha de liberalismo econômico defendida pelo ministro Paulo Guedes, do governo Bolsonaro, é algo que agrada o mercado". Também pesa, segundo o profissional, a falta do nome que deverá ocupar a pasta da economia no governo pestista. "Mercado entende que se o Bolsonaro ganha não tem tanta surpresa. [A preferência do mercado] É muito mais pela estabilidade."

"Nomes da equipe econômica de Lula têm importância, sim. Se vier um nome bom para o Ministério da Economia, ajuda. É muito difícil fazer algo claramente irresponsável com um Meirelles", acrescenta Rufino.

Para a agência de classificação de riscos Moody's, independentemente de quem saia vitorioso das urnas no domingo, grandes rupturas não devem ser esperadas para as estatais. "Qualquer um dos candidatos reconhecerá seu papel vital na economia do país e potenciais perdas financeiras para acionistas decorrentes da intervenção política nas operações e na tomada de decisões dessas empresas", diz a agência em relatório do dia 13 de outubro.

Petrobras, a menina dos olhos

Entre as estatais, o principal papel de atenção do mercado é mesmo a petroleira. A Petrobras, diz a Moody's, seria a empresa mais vulnerável a interferências políticas em sua estratégia de negócios e governança corporativa em qualquer governo. Mas a agência pondera que medidas impostas pela Lei de Governança das Estatais, de 2016, tornam a empresa menos suscetível a atos ilícitos.

"Em termos de estratégia, as visões dos candidatos para o futuro da empresa diferem acentuadamente. O presidente Jair Bolsonaro privatizaria a Petrobras se reeleito. Seu oponente, Lula da Silva, provavelmente mudaria a estratégia de negócios da Petrobras para focar na capacidade de refino e autossuficiência de combustível, o que provavelmente geraria resultados negativos para o perfil de crédito", escreve a equipe da Moody's.

Para analistas da Levante, a permanência de Bolsonaro na presidência favorece a tese de investimento para as ações da Petrobras por causa da política de paridade de importação (PPI), possibilidade de privatização e investimentos restritos a projetos que maximizam o retorno do capital na exploração e produção de petróleo. Eles também afirmam que o papel deve trazer alto retorno em dividendos e juros sobre capital próprio.

Os analistas do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da Exame) entendem que é mais difícil alterar a política de preços do que o fluxo de dividendos. A diminuição do gap de "valuation" da Petrobras" para as empresas globais do setor poderia significar uma valorização de 40% da ação. Mas se o ritmo de investimentos ficar muito intenso, isso poderia representar uma queda de 50% do valor do papel. Essa falta de visibilidade dos investimentos é o que deixa em dúvida se a empresa conseguirá se consolidar como uma excelente pagadora de investimentos.

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