Ibovespa: mercado repercute ainda caso da DeepSeek (Germano Lüders/Exame)
Repórter de finanças
Publicado em 28 de janeiro de 2025 às 10h19.
Última atualização em 29 de janeiro de 2025 às 10h25.
Após um dia de forte alta por aqui, o Ibovespa fechou em queda a sessão desta terça-feira, 28. Ontem, apesar do dia de aversão a risco, a bolsa brasileira foi beneficiada por uma série de correlações decorrentes do caso da DeepSeek. O dólar, por sua vez, fechou com queda de 0,74%, a R$ 5,8696, o menor patamar desde novembro -- após escalada da moeda vista especialmente no fim de dezembro e início de janeiro.
O que aconteceu na última segunda-feira, 27, é que as incertezas acerca da necessidade de grandes investimentos em inteligência artificial (IA) – questionada a partir do custo extremamente baixo em que a IA chinesa foi desenvolvida – abriu espaço para o mercado apostar em mais cortes pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano).
Isso porque menos investimentos no setor poderia implicar em uma desaceleração da economia, o que poderia levar o Fed a cortar juros para estimular a atividade.
Somado a isso, a sangria das big techs e dos principais índices americanos, devido ao sell-off (onda vendedora) dessas companhias também puxou a curva de juros para baixo, o que refletiu nos juros futuros locais e, consequentemente, favoreceu o Ibovespa.
Não é à toa. As empresas de tecnologia são uma força motriz para os índices americanos e seu sell-off indica maior incerteza ou uma possível desaceleração econômica lá na frente, o que também pode levar o Fed a agir.
Hoje, a bolsa devolve parte dos ganhos, na esteira também da fraca recuperação das bolsas de Nova York. O índice Nasdaq fechou em alta 1,59%, assim como o S&P500, que também valorizou 0,92%, enquanto Dow Jones subiu 0,31%.
“No dia de ontem, especulou-se também sobre a possibilidade de que a perspectiva de altas firmes para a taxa Selic tenha ajudado na atração de investimento externo por conta do diferencial de juros”, explica Leonel Mattos, analista da StoneX.
Hoje, tem início a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) ao mesmo tempo em que inicia-se a reunião do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). Por aqui, a expectativa é que o Banco Central (BC) eleve a taxa de juros em 1 ponto percentual, enquanto nos Estados Unidos, as projeções apontam que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) deve realizar a manutenção da taxa.
O dólar fechou em queda em relação ao real nesta terça, influenciado também pela venda global de ações de tecnologia, após a introdução de um modelo chinês de inteligência artificial de baixo custo, a Deepseek, e pelas medidas do ex-presidente dos EUA, Donald Trump.
O desempenho da moeda norte-americana reflete também o movimento de mercados emergentes, como o peso mexicano e o rand sul-africano, que operavam próximos à estabilidade.
"O comportamento está relacionado a um maior apetite ao risco do mercado, bastante ligado à questão do presidente americano, Donald Trump, de ter dado declarações com uma possível aproximação à China. Além disso, amanhã é dia de de juros no Brasil e EUA. A expectativa é de alta dos juros por aqui, podemos ter visto o ingresso de fluxo ao Brasil por causa dessa taxa mais alta, o que afeta o comportamento da moeda local", afirma Cristiane Quartaroli economista chefe do Ouribank.
O Ibovespa é calculado em tempo real, baseado na média ponderada de uma carteira teórica de ativos. Cada ativo tem um peso na composição do índice, refletindo o desempenho das ações mais negociadas. Se o índice está em 100 mil pontos, o valor da carteira teórica é de R$ 100 mil.
O horário de negociação da B3 vai dar 10h às 18h, com o after market operando das 18h25 às 18h45. A pré-abertura ocorre entre 9h45 e 10h. Já as negociações com o Ibovespa futuro acontecem das 9h às 18h25.