Ibovespa: mercado repercute decisão do Copom, enquanto aguarda decisão do Fomc (Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)
Repórter de finanças
Publicado em 7 de novembro de 2024 às 10h48.
O Ibovespa abriu a sessão desta quinta-feira, 7, em alta de 0,36% aos 130.815 pontos, enquanto o dólar recua 0,38% aos R$ 5,652. Ao contrário da véspera, em que a vitória de Donald Trump foi o foco dos mercados globais, hoje, no Brasil, as atenções se voltam para dois fatores locais: repercussão da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) e expectativa para o anúncio do pacote de corte de gastos.
Ontem, o Banco Central (BC) elevou a Selic em 0,25 pontos percentuais (p.p.), levando a taxa básica de juros para o patamar dos 11,25%. Essa perspectiva de juros mais altos contribui com a atração de investimentos externos e é um fator baixista para a taxa de câmbio, ao mesmo tempo que impulsiona a bolsa.
Mais uma vez, os diretores do Banco Central (BC) sinalizaram que os juros devem voltar a subir nas próximas reuniões, mas não se comprometeram com um percentual específico e nem com o tamanho do ciclo de alta. Em comunicado, os membros do colegiado alertaram para os riscos fiscais no Brasil.
“O Comitê tem acompanhado com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal tem afetado, de forma relevante, os preços de ativos e as expectativas dos agentes, especialmente o prêmio de risco e a taxa de câmbio”, informou o Copom após a reunião.
Segundo Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX, esse comunicado mais firme leva a crer ou consolida uma visão de que o Copom vai adotar um ciclo rígido de altas de juros daqui para frente para a Selic.
"Como o documento não trouxe o forward guidance, não sabemos em que patamar esse ciclo de altas pode terminar, mas deu a entender que o Copom vai ser bastante firme para tentar reancorar as expectativas inflacionárias para o centro da meta do Banco Central (BC)."
Com isso, a curva de juros de médio e longo prazo do Brasil fortemente nesta manhã, enquanto a de 2025 sobe levemente.
E, por falar em política fiscal, investidores locais aguardam com ansiedade o anúncio das medidas de corte de gastos. Ao longo da semana, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e diversos ministros se reuniram para planejar o pacote.
Ontem, o ministro da Fazenda declarou que “há dois detalhes sobre o pacote para fechá-lo com o presidente” nesta quinta-feira. A reunião para fechar as medidas fiscais está prevista para às 9h30.Hoje, o destaque também é a reunião do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês). A expectativa é que o Federal Reserve (Fed, banco central americano) corte em 0,25 pontos percentuais (p.p.) os juros, levando-os para a faixa entre 4,50% e 4,75%.
O tamanho do corte já está precificado há tempos e a vitória de Trump não mudará o rumo desta e da próxima reunião do Fomc até o final do ano, explicam especialistas. Isso porque, apesar de Trump querer uma política expansionista e protecionista, que deve gerar indicação, o Fed só deverá mudar sua postura a partir de 2025, quando o republicano de fato assumir.
Aí sim os dirigentes do Fed poderão reduzir o ritmo de corte de juros. “Num governo Trump, pode ter menos corte. Nós precificávamos entre três e quatro cortes de 0,25 p.p. para 2025 com Kamala e, com Trump, um ou dois cortes”, explicou Gabriel Giannecchini, portfolio manager da Gauss Capital.
Para agora, a economia dos EUA, que está vendo a inflação convergir para a meta, permite um corte. Entretanto, ao contrário da reunião passada, em que o Fed reduziu os juros em 0,50 p.p., hoje o corte deverá ser em menor proporção - até porque o movimento de setembro foi visto como equivocado, em uma tentativa de reunir o corte de juros que deveria ter sido feito em julho.
E essa redução no ritmo de corte, segundo Lucas Dezordi, economista-chefe da Rubik Capital, é baseada em dados. Apesar do último Índice de Preços de Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês) de setembro mostrar que a inflação se aproxima da meta, dois outros fatores preocupam o Fed e justificam o corte de 0,25 p.p.: mercado de trabalho aquecido e inflação de serviços ainda pressionada.
O Ibovespa é calculado em tempo real, baseado na média ponderada de uma carteira teórica de ativos. Cada ativo tem um peso na composição do índice, refletindo o desempenho das ações mais negociadas. Se o índice está em 100 mil pontos, o valor da carteira teórica é de R$ 100 mil.
Até o dia 1º de novembro (sexta-feira), o horário de negociação na B3 vai das 10h às 17h. A pré-abertura ocorre entre 9h45 e 10h, e o after market entre 17h30 e 18h. As negociações com o Ibovespa futuro acontecem das 9h às 18h25.
Já a partir do dia 4 de novembro (segunda-feira), o fechamento da bolsa ocorrerá uma hora mais tarde. As negociações serão das 10h às 18h, seguindo o horário de verão dos Estados Unidos, com o after market operando das 18h25 às 18h45. O horário da pré-abertura e do início seguem iguais.