Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 17 de junho de 2022 às 10h33.
Última atualização em 17 de junho de 2022 às 17h51.
Ibovespa hoje: O principal índice da B3 fechou em queda de 2,90% aos 99.824 pontos nesta sexta-feira, 17 de junho. Esta é a primeira vez que o índice operou abaixo da marca desde novembro de 2020. A região dos 100.000 pontos é considerada um importante suporte por analistas técnicos, que se perdido, poderia levar o índice a patamares ainda mais baixos.
O índice foi pressionado pelos papéis da Petrobras (PETR4) que fecharam em queda de 6,88%. Durante o pregão, as ações chegaram a mais de 9%. No radar dos investidores também estão pressões para que o atual presidente da companhia José Mauro Coelho deixe a companhia. Segundo o blog de Andréia Sadi, no G1, o presidente da Câmara, Arthur Lira exigiu que Mauro Coelho renunciasse ao cargo "imediatamente". O pedido teria o aval do presidente Jair Bolsonaro, de acordo com o blog.
Como pano de fundo da maior pressão sobre José Mauro Coelho está o reajuste de preço dos combustíveis anunciado nesta manhã pela companhia. A Petrobras aumentou preço do litro de gasolina de R$ 3,86 para R$ 4,06 para distribuidoras e do do diesel de R$ 4,91 para R$ 5,61 por litro. A queda do preço do petróleo em 4% pelo aumento dos juros americano joga ainda mais pressão sobre as ações da empresa e de outras petrolíferas da bolsa.
Petrobras (PETR4): - 6,09%
As perdas da Petrobras ainda mais força após Arthur Lira falar publicamente sobre o assunto pela manhã. Pelo Twitter, o presidente da Câmara disse Mauro Coelho deixará um "legado de destruição para a empresa, para o país e para o povo".
Ele só representa a si mesmo e o que faz deixará um legado de destruição para a empresa, para o país e para o povo. Saia!!! Pois sua gestão é um ato de terrorismo corporativo.
— Arthur Lira (@ArthurLira_) June 17, 2022
A afirmação é contestada pelos agentes do mercado, principalmente no que diz à contribuição da Mauro Coelho à empresa e aos acionistas.
"Entendemos que o reajuste diminui a defasagem frente aos preços internacionais, o que é positivo para as finanças da companhia. Mas entendemos que a medida foi desenvolvida por lideranças que estão de saída da companhia, o que impede a dissolução das assimetrias referentes ao tema para os próximos meses", afirmaram analistas da Ativa em nota.
Os ruídos envolvendo a principal estatal do país tendem a aumentar a percepção de risco de investidores globais sobre o mercado brasileiro, disse André Perfeito, economista-chefe da Necton. "Se o Brasil não fosse exportador de commodities e juros, muito valiosos para o investidor estrangeiro, o dólar estaria subindo muito mais hoje", afirmou.
Perfeito ainda disse os recentes movimentos do governo se mostram "erráticos" em relação à política de preços da Petrobras. "Essa alta do combustível já era esperada e ainda assim o aumento saiu abaixo da paridade internacional."
A reação negativa também se reflete no mercado de câmbio, que assim como a bolsa, esteve fechada na quinta. O dólar, que havia caído mais de 2% na quarta-feira, 15, abriu em forte alta, chegando a ser negociado a R$ 5,15 na máxima desta manhã.
O tom ligeiramente positivo das bolsas estrangeiras aliviam as quedas desta manhã. Índices americanos sobem nesta sexta com investidores em busca de por barganhas, após o S&P 500 e o Nasdaq terem respectivas quedas de 4,08% e 3,25%. Preocupações sobre recessão por juros mais altos, que motivaram as quedas da véspera, seguem presentes no mercado global, apesar da aparente melhora desta sexta,
Altas de juros para conter a inflação já se tornou um fenômeno global. Após o Brasil e os Estados Unidos elevarem suas taxas na quarta, na quinta, foi a vez do Reino Unido subir juros pela quinta vez consecutiva e a Suíça promover sua primeira alta em quinze anos, contrariando o consenso do mercado de manutenção do patamar anterior de - 0,75%.
"A queda generalizada dá o tom do que foi o mercado ontem, com saída de capital para ativos de menor risco. Hoje também há vencimento de opções, o que gera volatilidade maior, com players defendendo preços de exercício", disse o analista Rafael Panonko.
O dólar fechou em alta de mais de 2% frente ao real. Trata-se da terceira valorização semanal consecutiva com impulso da recente decisão do Federal Reserve – Fed (Banco Central norte americano) de subir os juros dos Estados Unidos em um ritmo mais intenso desde 1994.
A moeda norte-americana subiu 2,35%, a R$ 5,1460 , máxima para encerramento desde 9 de maio (R$ 5,1554 ), o que configurou seu oitavo ganho diário em nove pregões. Na semana, o dólar avançou 3,14%.