GPA (PCAR3): inflação deve pressionar lucratividade no balanço do 2º tri
Grupo dono do Pão de Açúcar deve mostrar um aumento das vendas, mas Ebitda pode ser prejudicado
Beatriz Quesada
Publicado em 27 de julho de 2022 às 06h06.
O GPA (PCAR3) apresenta seu balanço do segundo trimestre nesta quarta-feira, 27, após o fechamento do mercado. O desafio é grande para o setor: a inflação promete diminuir as margens e afetar a lucratividade das varejistas de alimentos. Com o GPA não deve ser diferente.
O grupo dono do Pão de Açúcar deve mostrar um aumento das vendas em mesmas lojas (SSS, na sigla em inglês) entre 5,6% e 7%, segundo expectativas do UBS e do Itaú BBA .
Por outro lado, a empresa deve reportar uma queda em seu principal indicador de caixa operacional, o Ebitda (lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês).
O UBS prevê uma redução de 27% no Ebitda pro forma em meio a um cenário de alta da inflação. A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo( IPCA ), principal índice inflacionário brasileiro, é de 5,49% nos primeiros seis meses do ano – já superando, na prática, o teto da meta do Banco Central para o ano inteiro. O teto definido para inflação é de 5%.
A análise do BBA reforça que a alta da inflação deve continuar pressionando as margens da empresa. “A margem Ebitda deve atingir 7,2%, queda de 100 pontos base no trimestre, gerando um Ebitda de R$ 303 milhões. Ao todo, a desaceleração da margem aliada a um resultado financeiro mais pressionado deve gerar um prejuízo líquido de R$ 110 milhões”, estima o banco.
Éxito como destaque?
A expectativa dos analistas do UBS é de que o Grupo Éxito, subsidiária colombiana do GPA, volte a mostrar resultados fortes, com crescimento de 23% na receita e no Ebitda na comparação ano a ano.
O JPMorgan , por outro lado, acredita que a promessa de monetização do Éxito está ameaçada pela inflação. Em relatório divulgado esta semana, os analistas apontam que o aumento de preços, especialmente na Colômbia, criou uma tendência de desaceleração de crescimento e margens mais fracas no segundo trimestre. Outros fatores citados são o sentimento de aversão a risco nos mercados globais e a possível volatilidade no país de origem da marca após eleições.
Outra dificuldade é o fato do GPA ter colocado “todos os ovos” em uma única cesta com a bandeira Pão de Açúcar em um momento que o consumidor prefere consumir em atacadistas.
“Apesar de nossas projeções de números incorporarem melhor execução e expansão, sinalizamos que os supermercados continuam a ser prejudicados pela popularização do atacarejo, especialmente em meio à alta inflação”, informa o relatório.
O GPA separou sua operação do Assaí (ASAI3) , focado no atacado, em fevereiro de 2021.
Vale a pena investir?
O Itaú BBA mantém recomendação de compra para os papéis do GPA, com preço-alvo de R$ 32.
O UBS, por outro lado, mantém recomendação neutra para as ações. “Enquanto buscamos melhorias na operação do Brasil, a falta de catalisadores nos mantém neutros”. Em relatório divulgado na véspera, o banco reduziu o preço-alvo dos papéis de R$ 27 para R$ 19 devido aos maiores custos de capital e de captação.
Já o JPMorgan rebaixou, na última segunda-feira, 25, a recomendação para os papéis de compra para neutra. O preço-alvo caiu de R$ 37 para R$ 21.
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