Ganho de mercado: os planos da Suzano com a operação de papel higiênico da Kimberly-Clark
Direção da companhia detalhou a analistas e jornalistas as perspectivas para o negócio, que, após combinação de operações, chega 22% do mercado
Raquel Brandão
Publicado em 28 de outubro de 2022 às 13h22.
Última atualização em 28 de outubro de 2022 às 13h25.
Na teleconferência de resultados e, posteriormente, em coletiva com a imprensa, a direção da Suzano (SUZB3) explorou mais detalhes das razões para a compra dos negócios de tissue (papéis sanitários) da Kimberly-Clark . "Vemos muita complementariedade nos negócios", disse o diretor Luís Bueno, diretor executivo de Bens de Consumo e Relações Corporativa.
Sob o valor de US$ 175 milhões, além da operação, cuja capacidade de produção é de 130 mil toneladas. a empresa passa a ser dona da marca Neve e fica com o licenciamento no Brasil de marcas globais da norte-americana. Tudo isso, claro, depende da aprovação do Cade.
A Suzano entrou no negócio de tissue em 2017, com o início de produção em Mucuri e Imperatriz. No ano seguinte, comprou a Facepa, que produzia para diversas marcas. Depois de ampliações de capacidade ao longo do tempo, a empresa chegou, neste ano, a 100% da capacidade instalada, de 150 mil toneladas. Por isso, começou a traçar novos planos de ampliação, nos quais entram a nova fábrica em Aracruz, com 60 mil toneladas, e a compra da operação da KC.
Hoje, a Suzano responde por pouco mais de de 12% do mercado de papel higiênico do Brasil. Com a Neve, responderia por 22%, ficando no segundo lugar, segundo números até agosto da consultoria Nielsen. Já dados da Euromonitor, outra consultoria de consumo, apontam que somente o mercado movimentou R$10,66 bilhões no ano passado e que a Kimberly-Clark respondeu por 8,3%.Mas a motivação da aquisição, que será paga inteiramente com caixa da companhia, vai além da participação, segundo Bueno.
De olho no Sudeste
Hoje, a Suzano está mais exposta aos mercados do Norte e Nordeste, com sua marca Mimmo. Com a chegada das operações da KC, a empresa abocanha parte relevante do mercado do Sudeste, onde a marca Neve tem maior exposição. " KC e Suzano têm complementariedade de regiões e consumos, não deve haver aumento de preços, nesse cenário.Nossa intenção é manter as marcas, que são complementares e com fortalezas diferentes por região e mesmo poscionamento de preços", diz Bueno, acrescentando que o mercado é altamente pulverizado: "existem mais de 50 marcas".
A empresa diz que não faz projeções de alteração dessa participação ao longo tempo, mas destaca que a aquisição também coloca a empresa em novas categorias, como a de "away from home" (lenços e papéis-toalha de uso institucional, por exemplo). "Temos uma visão positiva para o mercado brasileiro. A premiunização já vinha acontecendo e a expectativa é de que continue essa tendência de migração para papéis de folhas dupla e tripla. A segunda vertente de crescimento é de consumo per capita.Consumo de papel ainda é muito baixo, de 7 quilo por pessoa por ano. Países vizinhos têm o dobro, como o Chile. Olhando esse cenário, é natural que esse mercado cresça e se desenvolva nessas duas vertentes."