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Falas do Galípolo, IPCA e repercussão de Petrobras: o que move o mercado

Mercados internacionais operam em alta após dados melhores do que o esperado em relação ao mercado de trabalho americano

Radar: Galípolo adota uma postura mais firme durante evento (Lula Marques/Agência Brasil)

Radar: Galípolo adota uma postura mais firme durante evento (Lula Marques/Agência Brasil)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 9 de agosto de 2024 às 08h45.

O mercado opera majoritariamente em alta na manhã desta sexta-feira, 9. Nos Estados Unidos, os índices futuros sobem, com investidores ainda reagindo aos dados de pedidos de auxílio desemprego melhores do que o esperado. Na Europa, as bolsas também abriram em alta surfando o tom de otimismo em Wall Street, após dados favoráveis do mercado de trabalho aliviarem preocupações de que os EUA pudessem estar rumando para uma recessão.

Na Ásia, a maioria das bolsas fecharam em alta também impulsionadas por Nova York. Entretanto, na China, os mercados encerraram em baixa após a inflação de julho sugerir fortalecimento nos preços. O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) teve alta de 0,5%, acima dos 0,3% esperados. Contudo, o Índice de Preços ao Produtor de junho (PPI) caiu 2%, mais do que o mercado esperava (-0,9%).

Falas do Galípolo

O mercado repercute hoje as falas do diretor de Política Monetária, Gabriel Galípolo, que surpreendeu o mercado ontem a noite após adotar um tom mais hawkish durante uma palestra no 15º Congresso das Cooperativas de Crédito (Concred), em Belo Horizonte (MG). O discurso foi o primeiro após a última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), em que os dirigentes decidiram manter novamente a Selic em 10,50% ao ano.

A surpresa se deu ao admitir que, para ele, o balanço de riscos está “assimétrico”. Apesar da ata deixar claro que “o Comitê, unanimemente, não hesitará em elevar a taxa de juros para assegurar a convergência da inflação à meta se julgar apropriado”, o documento não admitiu a assimetria do balanço de riscos. Galípolo também citou o mercado de trabalho mais apertado, o crescimento da economia acima do esperado e o cenário externo incerto.

Outro ponto que chamou a atenção do mercado foi a posição firme em relação aos conflitos com o Executivo do país. Isso porque Galípolo é cotado para ser indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a presidência do Banco Central (BC) a partir de 2025. O diretor afirmou que não faz sentido imaginar que os novos indicados não poderiam votar para uma alta da Selic porque o presidente Lula é crítico a esse nível de juros.

Repercussão de Petrobras (PETR4)

O mercado também reage ao balanço da Petrobras (PETR4) divulgado ontem a noite. Contrariando as expectativas, a estatal registrou prejuízo de R$ 2,605 bilhões no segundo trimestre de 2024. Na pré-abertura, o ADR da Petrobras listados na bolsa de Nova York recuava 1,27% às 8h30.

Esse é o primeiro balanço no vermelho desde 2020, quando a companhia enfrentava o auge da pandemia e da queda dos preços do petróleo. A mediana das Projeções Broadcast apontava para um lucro de R$ 14,7 bilhões. No mesmo período do ano passado, a petroleira registrou um lucro de R$ 28,7 bilhões.

Já a receita da Petrobras nos mesmos três meses, aumentou 7,4% para R$ 122,258 bilhões, enquanto a dívida líquida avançou para US$ 46,16 bilhões, montante 9,4% maior ao registrado no segundo trimestre de 2023. A geração de caixa, medida pelo Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), ficou em R$ 49,7 bilhões, 25,3% abaixo do esperado pelas Projeções Broadcast de R$ 66,6 bilhões.

Mesmo com prejuízo, a estatal anunciou pagamento de proventos. Serão pagos R$ 13,57 bilhões em dividendos e juros sobre capital próprio (JCP). O montante equivale a uma remuneração aos acionistas de R$ 1,05320017 por ação ordinária (PETR3) e preferencial (PETR4).

IPCA

De olho na agenda de indicadores, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) divulga, às 9h, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho. O indicador é considerado a inflação oficial do governo e é a métrica favorita do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) para definir a taxa Selic. O consenso LSEG estima uma alta de 0,35% em relação a junho e de 4,47% na comparação anual.

A prévia do índice, conhecida como IPCA-15, divulgada há duas semanas, apontou para uma alta de 0,30% ao mês. O número, inclusive, veio acima das projeções. Apesar da queda de 0,09 ponto percentual frente a junho, quando o índice ficou em 0,39%, o mercado estimava uma alta menor, de 0,23%.

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