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Escândalo de suborno nos EUA custa R$ 116 bilhões ao conglomerado Adani

Cenário global e cancelamentos no Quênia agravam a crise de uma das maiores corporações da Índia.

Queda no mercado: o conglomerado Adani enfrenta uma perda de $20 bilhões em valor de mercado após acusações de suborno e corrupção nos EUA. (Sanjeev Verma/Getty Images)

Queda no mercado: o conglomerado Adani enfrenta uma perda de $20 bilhões em valor de mercado após acusações de suborno e corrupção nos EUA. (Sanjeev Verma/Getty Images)

Fernando Olivieri
Fernando Olivieri

Redator na Exame

Publicado em 22 de novembro de 2024 às 08h31.

O conglomerado de Gautam Adani, um dos empresários mais ricos da Índia, enfrentou um colapso de mais de US$ 20 bilhões (cerca de R$ 116 bilhões) em valor de mercado nesta quinta-feira, 21, após acusações de corrupção apresentadas por autoridades dos Estados Unidos abalarem suas ações em diversos setores.

De acordo com o Financial Times, a Adani Enterprises, principal empresa do grupo, sofreu uma queda de mais de 20% no pregão, resultando em uma perda de quase US$ 9 bilhões (R$ 52,3 bilhões). As ações de outras empresas do conglomerado, que atuam em áreas como portos, energia e infraestrutura, também despencaram, eliminando mais de US$ 11 bilhões (R$ 63,5 bilhões) em capitalização de mercado.

O impacto foi ampliado pelo anúncio do presidente do Quênia, William Ruto, de cancelar contratos avaliados em US$ 2,6 bilhões (R$ 15,2 bilhões) com o grupo Adani, incluindo um projeto de expansão do Aeroporto Internacional de Nairóbi, avaliado em U$1,85 bilhão (R$ 10,76 bilhões), e um investimento de US$ 736 milhões (R$ 4,2 bilhões) em linhas de transmissão de energia.

A gravidade das acusações e o impacto global

As acusações dos EUA envolvem um esquema de suborno de US$ 265 milhões (R$ 1,5 bilhão), supostamente orquestrado por Adani para garantir contratos no setor de energia renovável. O governo queniano justificou o cancelamento dos contratos citando “novas informações fornecidas por agências investigativas e parceiros internacionais”.

O grupo Adani afirmou em comunicado que as acusações são "infundadas" e que está avaliando medidas legais. As quedas nas ações e nos títulos da empresa ameaçam os planos de relançamento do grupo nos mercados internacionais, especialmente após as acusações de fraude feitas pela Hindenburg Research no ano passado.

Adani Ports and Special Economic Zone, uma das empresas mais relevantes do grupo, perdeu mais de 13% de seu valor de mercado, equivalente a US$ 4,5 bilhões (R$ 26,1 bilhões). Empresas listadas nos setores de transmissão de energia e renováveis também registraram quedas de aproximadamente 20%.

Investigações internacionais e demissões no setor

Além dos efeitos financeiros, as acusações alcançaram outras corporações globais. A Trafigura, gigante do setor de commodities, anunciou o afastamento de Cyril Cabanes, um de seus executivos, acusado de facilitar subornos enquanto era diretor administrativo de um fundo de pensão canadense investidor do grupo Adani.

Cabanes, atualmente CEO da MorGen Energy, subsidiária da Trafigura especializada em hidrogênio, teria participado do esquema durante seu período no fundo canadense CDPQ, entre 2016 e 2023. O CDPQ afirmou estar cooperando com as autoridades norte-americanas e já havia demitido funcionários citados no processo no ano passado.

Adani em crise e a confiança dos investidores

As acusações colocam em risco a reputação da Adani Group, que tem sido associada ao impulso de infraestrutura na Índia sob a liderança do primeiro-ministro Narendra Modi. O caso também lança dúvidas sobre os futuros planos do conglomerado, incluindo projetos internacionais e o esforço para reconquistar a confiança dos investidores.

As ações do grupo enfrentam agora o desafio de recuperar valor em um momento em que as acusações de corrupção e o impacto global de suas operações colocam a Adani em sua maior crise desde o escândalo com a Hindenburg Research.

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