Em alta, Bolsonaro fala em "furar o teto". Como o Ibovespa reage?
O presidente admite debate no seio do governo na mesma noite em que Paulo Guedes anuncia novos nomes para substituir secretários que pediram demissão
Da Redação
Publicado em 14 de agosto de 2020 às 07h07.
Última atualização em 14 de agosto de 2020 às 07h51.
O índice Ibovespa teria que subir 2% nesta sexta-feira para não fechar a semana em queda, após baixa de 1,62% nesta quinta-feira. Em 100.460 pontos, o índice está no mesmo patamar do início do mês e de 30 dias atrás, o que mostra a insegurança dos investidores com o noticiário sobre a recuperação da economia.
Esta sexta-feira deve ser mais um dia de incerteza. As bolsas europeias abriram em baixa (o índice Stoxx 600 caíra 1,5% às 7h de Brasília) com dados abaixo do previsot sobre a produção industrial chinesa. Na Europa, novas restrições a viagens impostas pelo Reino Unido também trouxeram dúvidas sobre a indústria do turismo e sobre a recuperação da economia no continente.
Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump ganhou força após intermediar um acordo de paz entre Israel e os Emirados Árabes , conforme anunciado ontem. Mas a dificuldade em aprovar um novo pacote de auxílio emergencial lança novas dúvidas sobre a recuperação econômica do país. Analistas esperam que dados do varejo em julho, a serem divulgados nesta sexta-feira, caiam, num sinal de que os cidadãos estão controlando os gastos de bens e serviços.
No Brasil, mais uma vez os olhos dos investidores devem estar voltados para as notícias de Brasília. Na noite de ontem o ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou os substitutos de Salim Mattar e Paulo Uebel, secretários especiais que pediram demissão na terça-feira. Serão Diogo Mac Cord, engenheiro com mestrado em Harvard, novo secretário especial de Desestatização, e Caio Andrade, presidente da empresa de tecnologia Serpro, novo titular da pasta de Desburocratização.
Andra e Mac Cord têm currículos que na teoria os credenciam para as funções, mas sobram dúvidas sobre a determinação do governo de levar adiante privatizações e reformas como a administrativa, que reduziria o tamanho do estado. Guedes afirmou na terça-feira que havia integrantes do governo que faziam pressão para furar o teto de gastos.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou esta semana que é preciso reduzir o gasto com a máquina pública e que a reforma administrativa é a saída para isso. O problema: ontem, o próprio presidente Jair Bolsonaro afirmou em live que o país pode furar o teto de gastos . “A ideia de furar o teto existe, o pessoal debate, qual o problema?", disse. É mais uma mostra que o liberalismo está em baixa num governo cada vez mais aliado ao Centrão.
Para a opinião pública, parece estar funcionando: o Datafolha mostrou hoje que Bolsonaro chegou à melhor avaliação desde o início do mandato (37%).
Aos investidores, Bolsonaro cobrou "patriotismo". "O mercado tem que dar um tempinho também. Um pouquinho de patriotismo não faz mal a eles", disse na live de ontem. A ver o "patriotismo" da bolsa nesta sexta-feira.