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Efeito Trump: Kinea vê cenário difícil para a bolsa brasileira e projeta menor fluxo de estrangeiros

Economista prevê que a maior força da economia americana drenará liquidez de outros mercados, especialmente dos emergentes

Donald Trump: presidente eleito retornará à Casa Branca após 4 anos

Publicado em 6 de novembro de 2024 às 12h03.

Última atualização em 6 de novembro de 2024 às 15h30.

A vitória de Donald Trump impulsiona as bolsas americanas nesta quarta-feira, 6, com investidores prevendo um cenário de corte de juros e uma economia mais forte nos Estados Unidos. A perspectiva, no entanto, é oposta para o mercado brasileiro, afirma André Diniz, economista da Kinea, casa com mais de R$ 132 bilhões sob gestão.

"É uma conjuntura difícil para a bolsa brasileira, pois deve haver menor fluxo de estrangeiros, dada a atratividade da economia americana em relação ao resto do mundo", afirma Diniz.

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A expectativa de que Trump reacenda disputas comerciais com imposição de tarifas sobre produtos importados, especialmente do México e da China, também deve prejudicar o Brasil. "Os efeitos de uma China com maior dificuldade de crescimento respingam no Brasil", pontua.

Diniz acrescenta que fatores locais, como o ciclo de alta de juros e preocupações com a sustentabilidade fiscal do governo brasileiro, jogam contra a bolsa brasileira neste momento.

Com a vitória de Trump, o economista argumenta que há uma maior urgência para o governo brasileiro apresentar um plano de contenção fiscal que convença o mercado, antes que os ativos brasileiros sofram uma deterioração mais acentuada. "O contexto é mais difícil para países emergentes, especialmente para o Brasil."

O cenário externo adverso, segundo Diniz , aumenta a necessidade de o governo resolver problemas locais, como a insustentabilidade fiscal. Na manhã desta quarta-feira, após a confirmação da vitória de Trump, o dólar chegou a subir 2%, alcançando R$ 5,86, enquanto a bolsa brasileira caía 1,40%.

Dólar alto no Brasil e no mundo

"O mercado está precificando uma economia americana mais forte que seus pares, com inflação mais alta devido às tarifas [sobre produtos importados]. A economia americana já está forte e surpreendendo para cima; a inflação ainda não voltou à meta, e há uma deterioração fiscal que deve continuar durante o governo Trump."

Toda essa combinação tem puxado o rendimento dos títulos do Tesouro americano. O título de 10 anos, referência para as economias globais, sobe mais de 4%, precificando uma taxa de 4,48%. A remuneração mais alta dos títulos americanos tende a aumentar a demanda por dólares, elevando o valor da moeda. O índice Dólar (DXY), que mede a variação da moeda americana em relação às principais divisas globais, registra alta de quase 2%, no maior patamar desde junho.

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