São Paulo (SP), 16/12/2024 - Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante reunião com o Ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Foto: Ricardo Stuckert/PR (Ricardo Stuckert/PR/Agência Brasil)
Editora de Finanças
Publicado em 17 de fevereiro de 2025 às 16h50.
A queda na popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, apontada pelas últimas pesquisas, mexeu com o humor do mercado. Na última sexta-feira, a bolsa fechou em forte alta após o Datafolha revelar que apenas 24% dos brasileiros aprovam o governo – o menor índice registrado em seus três mandatos. Apesar disso, o JP Morgan avalia que ainda é cedo para operar com foco nas eleições de 2026. “Embora os investidores no Brasil estejam começando a ficar obcecados com as eleições, achamos que ainda é muito cedo para negociar eleições”, disseram analistas em relatório publicado nesta segunda-feira, 17.
O JP Morgan destaca três fatores que justificam a prudência: custo de oportunidade, economia enfraquecida e incertezas políticas.
Se medidas populistas forem adotadas, o impacto na economia pode ser negativo. Por outro lado, um cenário econômico ruim pode favorecer a oposição. Já se houver estabilidade nos próximos 20 meses, o segundo semestre de 2026 pode ser marcado por inflação controlada, crescimento sólido e um câmbio mais valorizado, o que beneficiaria o governo atual. “O câmbio abaixo de R$ 5,70 por dólar pode ser um fator decisivo”, destacam os analistas.
Ainda é difícil medir o impacto da corrida eleitoral de 2026 nos preços dos ativos. Comparado a outros mercados emergentes, como Colômbia, Chile e México, o Ibovespa tem ficado para trás. Segundo o JP Morgan, historicamente, o efeito das eleições nos preços dos ativos começa a se intensificar cerca de seis meses antes da votação.
Ao analisar eleições anteriores, o banco identificou um padrão: o mercado brasileiro tende a ter desempenho abaixo da média nos seis meses que antecedem a eleição, valoriza-se fortemente no mês do pleito e, depois, se alinha ao comportamento dos mercados emergentes nos seis meses seguintes. Esse movimento ocorre independentemente de o candidato preferido pelo mercado vencer ou não.
Fonte: Bloomberg Finance L.P.; MSCI; J.P. Morgan
Apesar da incerteza eleitoral, o Brasil se destaca como um dos mercados de melhor desempenho em ações e câmbio, impulsionando investidores a seguir a tendência de alta.
“Para aqueles que ainda não investiram ou estão com posição reduzida, há um claro sentimento de FOMO (fear of missing out, ou medo de ficar de fora). Até mesmo nossa mesa de operações percebeu isso: quando os preços estavam mais baixos, não havia compradores, mas conforme subiram, o interesse aumentou. E isso ocorre com notícias no cenário político, que, como mencionado antes, é um dos poucos fatores locais que podem movimentar o mercado”, diz o relatório.