Dólar: moeda bate R$ 4,94 na mínima do dia (Craig Hastings/Getty Images)
Guilherme Guilherme
Publicado em 2 de fevereiro de 2023 às 11h06.
Última atualização em 2 de fevereiro de 2023 às 17h19.
O dólar fechou cotado a R$ 5,04, mas chegou a ser negociado abaixo de R$ 5 nesta quinta-feira, 2, pela primeira vez desde junho. Este foi o terceiro pregão de desvalorização da moeda americana, que já acumula perda de 5,7% frente ao real desde o início do ano. Na mínima desta manhã, o dólar chegou a ser negociado a R$ 4,941 no mercado à vista.
"A queda se aprofundou após romper a barreira dos R$ 5, o que mostra que investidores já tinham posições definidas para o momento em que a taxa de câmbio rompesse essa barreira psicológica", disse Leonel Mattos, analista da StoneX.
A firme desvalorização ocorre após o Federal Reserve (Fed) dar sinalizações de que será mais brando na condução da política monetária dos Estados Unidos. Embora tenha dito que deverá voltar a subir a taxa de juros após a decisão de quarta-feira, 2, a fala de que "pela primeira vez que o processo desinflacionário começou" soou positivamente para investidores.
As principais apostas do mercado são de que a taxa de juros deverão começar a cair ainda neste ano. Investidores precificam 82% de chance de uma nova alta de juro na próxima reunião do Fed, em março, o que levaria a taxa para o intervalo entre 4,75% e 5%. Mas, segundo o monitor de probabilidades do CME Group, o mercado precifica mais de 60% de chance de a taxa começar a ceder já em novembro.
A perspectiva de de juros mais baixos se reflete nos preços de hoje, com queda dos rendimentos dos títulos do Tesouro americano para próximo dos patamares de setembro. Com o título americano pagando menos, parte do fluxo vai para outras regiões.
Do lado local, contribui com a desvalorização do dólar o sinal mais duro do comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom).
Segundo o comunicado, o Copom segue "avaliando se a estratégia de manutenção da taxa básica de juros por período mais prolongado do que no cenário de referência será capaz de assegurar a convergência da inflação". O BC também enfatizou que "os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado".
"O BC deixou claro que há um custo grande para a inflação, caso haja descontrole maior nos gastos, principalmente. Com isso mercado entendeu que não há espaço para queda dos juros no curto prazo. Isso, somado ao tom mais tranquilo por parte do Fed está ajudando na queda do dólar hoje", comentou Cristiane Quartaroli economista do Banco Ourinvest.
Na bolsa, o juro futuro com vencimento no início de 2024 opera em leve alta, com investidores reduzindo as apostas de queda da Selic neste ano.