dólar (Thomas Trutschel/Photothek/Getty Images)
Reuters
Publicado em 27 de novembro de 2019 às 14h09.
Última atualização em 27 de novembro de 2019 às 14h09.
São Paulo — O diretor de Política Monetária do Banco Central, Bruno Serra, afirmou nesta quarta-feira que a autoridade monetária deve continuar a oferecer a venda de dólares no mercado spot conjugada com contratos de swap reverso neste final do ano, quando sazonalmente há maior demanda por liquidez, mas destacou que "uma hora a gente vai ter que interromper isso".
"Em algum momento a gente vai ter que ver como o mercado volta a funcionar sem o instrumento, acho que é saudável", afirmou Serra durante evento da Apimec (associação de profissionais do mercado de capitais), em São Paulo. "A gente vai ter que avaliar ao longo do tempo qual vai ser o momento adequado."
O diretor acrescentou que intervenções pontuais em venda de dólares no mercado à vista e vendas "de futuro" (swap) "seguem na mesa como instrumentos que também vão ser usados quando o mercado tiver mau funcionamento".
Serra reforçou discurso feito pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, na véspera, dizendo que as atuações do BC não visam uma meta para a taxa de câmbio.
"O dever do Banco Central é prover liquidez quando o mercado estiver dando sinais de mau funcionamento", afirmou Serra.
Na terça-feira, Campos Neto reforçou que o câmbio é flutuante e que o BC age apenas em caso de problemas de liquidez ou para atenuar movimentos que estão fora do padrão normal.
Ao comentar o aumento recente da expectativa do mercado para a inflação em 2019, Serra afirmou que o movimento refletiu a alta do preço da carne. Ele associou a alta ao aumento das importações chinesas e descartou preocupações com o que chamou de choque de oferta altista para a inflação.
"Se a gente pudesse escolher um momento bom para ter um choque desses acho que a gente escolheria exatamente este (momento)", afirmou o diretor. Serra frisou que a inflação está no menor patamar em 20 anos e também reforçou que as expectativas de inflação para 2020 e 2021, que estão no horizonte relevante para a política monetária, não sofreram alterações.
O mercado elevou a projeção para o IPCA em 2019 para 3,46%, segundo mediana na última pesquisa Focus. Na pesquisa anterior, a estimativa era de inflação de 3,33% para este ano.