Mercados

CVM investiga manipulação em ações da Mundial

Superintendente da autarquia também analisa as operações da Hércules, que tem os mesmos controladores

Empresa chegou a valer em bolsa 1,734 bilhão de reais e teve volume que chegou a superar os da OGX, Bradesco, Itaú e a ordinária da Petrobras (Eduardo Delfim)

Empresa chegou a valer em bolsa 1,734 bilhão de reais e teve volume que chegou a superar os da OGX, Bradesco, Itaú e a ordinária da Petrobras (Eduardo Delfim)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de julho de 2012 às 16h40.

São Paulo – A Comissão de Valores Mobiliários (CVM), autarquia que fiscaliza e regula o mercado de capitais brasileiro, está investigando os motivos por trás da forte negociação com as ações da Mundial (MNDL3; MNDL4) e da Hércules (HETA4), que possuem os mesmos controladores.

Segundo o Superintendente de Relações com o Mercado e Intermediários, Waldir de Jesus Nobre, a análise da movimentação atípica dos papéis começou em agosto do ano passado, porém se intensificou a partir de abril deste ano quando o volume financeiro girado pelas ações preferenciais da fabricante de produtos de beleza, talheres e válvulas hidráulicas, chegou a superar os da OGX (OGXP3), Bradesco (BBDC4), Itaú (ITUB4) e a ordinária da Petrobras (PETR3).

“Estamos preocupados com a possibilidade de manipulação, mas ainda não encontramos indícios suficientes para uma acusação”, disse Nobre em entrevista para EXAME.com. O preço da ação preferencial da Mundial se multiplicou mais de sete vezes desde o final de maio, chegando ao pico de 5,11 reais em 19 de julho.

A empresa chegou a valer em bolsa 1,734 bilhão de reais e teve as ações negociadas a 31 vezes o valor da empresa sobre o Ebitda (EV/Ebitda) projetado (55 milhões de reais) para 2011. Após isso, contudo, as ações engataram num movimento de expressiva desvalorização. Os papéis atingiram 1,21 real na mínima do pregão desta sexta-feira, uma queda de 76% em relação ao pico.

Nobre explica que a saída maciça de investidores pode ajudar a identificar possíveis infratores. “A queda dá dicas de quem saiu do papel e em quais condições, mas ainda precisamos esperar acabar o movimento para encerrar a coleta de dados. Após isso, podemos começar a separar o que achamos ser uma operação normal do que não é e identificar as pessoas. Será que o primeiro que saiu é o que estava manipulando?”, questiona.


Ele explica que o movimento pode ser resultado de uma manipulação para rodar o papel. Ou seja, alguns investidores podem ter combinado de comprar e vender a ação para aumentar o volume para elevar o preço das ações artificialmente. Desde o início do crescimento do interesse pelo papel, os negócios têm se concentrado em apenas 3 corretoras.

“Precisamos identificar o grupo e comprovar que elas agiram de comum acordo. Tem informações que não temos acesso, como e-mails, ou então se bateram papo em chats na internet. Estamos aqui correndo atrás, apesar de ser uma operação árdua. É um momento de dar maior dimensão para ver se tem alguém se aproveitando”, diz.

Nobre ressalva, entretanto, que vários fatos relevantes têm sido divulgados pela empresa nos últimos meses, como a equalização da dívida fiscal da empresa, o desdobramento das ações, a ida ao nível 1 de governança corporativa, depois a intenção de aderir ao Novo Mercado e, por fim, a injeção de 50 milhões de dólares na empresa por um fundo americano.

O presidente da Hércules e também da Mundial, Michael Lenn Ceitlin, indagado pela bolsa a respeito da oscilação atípica dos papéis, disse nesta semana que “não há qualquer informação que justifique a movimentação recente dos papéis da companhia”. A punição para quem tenha manipulado as ações vai de multa que pode ser até 500 mil reais ou até 3 vezes o lucro apurado nas negociações, além de ser suspenso do mercado financeiro brasileiro.

Acompanhe tudo sobre:CVMEmpresasHérculesInside tradingMercado financeiroMundial S.A.Utilidades domésticas

Mais de Mercados

"Vou levar o Atlético Mineiro para bolsa", diz Rubens Menin

DiDi registra lucro de 1,7 bilhão de yuans no 3º trimestre de 2024

Novo patamar: até onde vai a disparada do dólar contra o real?

Real foi oitava moeda que mais se desvalorizou frente ao dólar em 2024, diz Austin Rating