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Curva mostra 2023 quase sem corte com tensão por fiscal e BNDES

Precificação da curva de juros futuros embute no momento um pico de Selic quase de 14% para meados de 2023

Juros: trajetória da dívida pública e a perspectiva de aumento do crédito subsidiado pelo BNDES limitam expectatiavd e queda (Jonathan Kitchen/Getty Images)

Juros: trajetória da dívida pública e a perspectiva de aumento do crédito subsidiado pelo BNDES limitam expectatiavd e queda (Jonathan Kitchen/Getty Images)

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Bloomberg

Publicado em 20 de dezembro de 2022 às 17h39.

A elevação das incertezas sobre a trajetória da dívida pública e a perspectiva de aumento do crédito subsidiado pelo BNDES no novo governo têm reduzido as expectativas dos operadores sobre uma queda da taxa Selic em 2023.

A precificação da curva de juros futuros embute no momento um pico de Selic quase de 14% para meados de 2023 e um juro de cerca de 13,5% para o fim do ano que vem, o que implica um corte de 0,25 ponto percentual. O mercado precificava uma taxa de 11% imediatamente após a eleição de Lula, com cerca de 260 pontos em cortes.

Os economistas têm caminhado na direção de menos cortes no próximo ano. Na semana passada, o Itaú elevou a sua projeção de Selic ao fim de 2023 de 11% para 12,5%, e o Credit Suisse já havia passado a projetar Selic estável em 2023. 

A JGP Asset Management adiou, em seu cenário-base, a data de início de cortes da Selic de maio para novembro, diante da PEC da transição com valor extra-teto maior do que o esperado. A gestora prevê corte de 1 ponto percentual da Selic neste ano, para 12,75%. Mas o sócio e economista-chefe da casa, Fernando Rocha, ainda tem dúvidas.

“Se começar a expansão parafiscal, crédito do BNDES, aí esquece, não vai ter queda de juro. Você pode ter que praticar taxas mais altas sobre a economia”, disse Rocha. “Estou me perguntando se o juro vai cair mesmo.”

A Focus indica uma mediana de juro de 11,75% para o próximo ano. O Banco Central subiu o tom de alerta em ata da última reunião, ao dizer que alterações nas políticas parafiscais ou reversão de reformas estruturais “podem reduzir a potência da política monetária”.

O presidente do BC, Roberto Campos Neto, já disse que o crédito subsidiado impacta a taxa de juro real neutra — compatível com inflação na meta e PIB no potencial. A estimativa para esse juro subiu no questionário pré-Copom e, no mercado de NTN-B, as taxas reais de papéis de longo prazo (10, 20 e 30 anos) operam em patamar superior a 6%.

“A discussão do BNDES está indo nessa direção”, de voltar a ter mais subsídio, disse Reinaldo Le Grazie, sócio da Panamby Capital e ex-diretor de política monetária do Banco Central. Em um contexto de baixa visibilidade sobre o futuro da política econômica, “não dá para saber se o próximo movimento do BC é de alta ou de baixa”.

Luciano Sobral, sócio e economista-chefe da Neo Investimentos, ainda vê espaço para cortes, confiante de que os preços devem convergir em direção à meta, apesar do “barulho” com a nova gestão. “Enquanto o câmbio estiver mais ou menos sob controle, dá para a inflação desacelerar”, disse Sobral. “Vemos espaço para 200 ou 250 pontos de corte da Selic em 2023.”

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