Corrupção na Fertilizantes Heringer (FHER3): "evidências de fraude" e R$ 50 milhões superfaturados
Investigação encontra "manipulação do processo de concorrência" para contratação de serviços de manutenção
Guilherme Guilherme
Publicado em 23 de novembro de 2022 às 11h43.
Última atualização em 23 de novembro de 2022 às 11h46.
A Fertilizantes Heringer ( FHER3 ) informou nesta quarta-feira, 23, ter encontrado " evidências de fraude " em contratações de serviços de manutenção e " pagamentos indevidos " de R$ 50,7 milhões em serviços superfaturados. As práticas, segundo averiguado, eram facilitadas por "falhas em controles internos nos processos de seleção e contratação de prestadores de serviços".
As práticas irregulares foram detectadas como parte da primeira fase de investigação realizada por consultores independentes para apurar denúncias de corrupção dentreo da empresa. O período investigado foi do início de 2019 a agosto de 2022.
As fruades, segundo as investigações, ocorriam por meio de " manipulação do processo de concorrência e seleção de fornecedores" e por "pagamentos de sobrepreço e montantes indevidos, sem a devida contraprestação e envolvendo pagamentos excessivos, fora de parâmetros de mercado".
A segunda fase da investigação já foi iniciada e, de acordo com a companhia, deve ser concluída no início do ano que vem, antes da divulgação do balanço do quarto trimestre de 2022. A Fertilizantes Heringer disse estar em busca de medidas para reparação dos danos causados à empresa.
As primeiras informações sobre as supostas fraudes na Ferilizantes Heringer foram apresentadas ao mercado em 11 de agosto, já em meio à tentativa de seu novo controlador, a russa EuroChem, fechar o capital da companhia na B3 por meio de uma Oferta Pública de Aquisição ( OPA ). A denúncia, segundo fato relevante da época, foi recebida em julho.
O laudo de avaliação para a OPA foi divulgado em 23 de agosto, com a conclusão de que o preço justo por ação seria entre R$ 11,48 e R$ 12,62, abaixo do preço em que o papel era negociado na bolsa, acima de R$ 15. A controladora chegou a aumentar o valor oferecido por ação, mas ainda não houve acordo com os acionistas. Sem entendimentos sobre os valores, a OPA está suspensa desde setembro.