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Com bolsa nas máximas, ganho de Buffett no Japão supera trilhão de ienes

Berkshire se antecipou ao rali que levou bolsa de Tóquio a bater recorde depois de três décadas; tese surgiu após viagem de investidor há cinco anos

Warren Buffett começou vendendo chiclete aos 6 anos (Daniel Acker/Bloomberg via/Getty Images)

Warren Buffett começou vendendo chiclete aos 6 anos (Daniel Acker/Bloomberg via/Getty Images)

Publicado em 26 de fevereiro de 2024 às 10h56.

Última atualização em 26 de fevereiro de 2024 às 11h26.

O mercado japonês vem operando pela primeira nas máximas históricas desde a bolha dos anos 1990. Melhora de governança e a percepção de que os ativos estariam relativamente baratos têm contribuído para o recente rali. Mas talvez nenhum investidor tenha ganhado tanto com a alta da bolsa de Tóquio quanto Warren Buffett, CEO da Berkshire Hathaway, que se antecipou, anos atrás, a esses movimentos. Em carta a investidores divulgada no fim de semana, Buffett revelou que as compras massivas iniciaram em 2019, após uma viagem ao Japão em que encontrou os principais executivos do país.

O resultado foi um retorno explosivo. Apenas em ações, Buffett conseguiu um retorno de 1,3 trilhão de ienes. As apostas foram concentradas em cinco grandes empresas do Japão: Itochu, Marubeni, Mitsubishi, Mitsui e Sumitomo. Em cada uma delas, a Berkshire comprou cerca de 9% das ações e se comprometeu a não superar 9,9% de participação. O retorno, em dólar, foi de 61% -- e poderia ter sido maior se não fosse a desvalorização do iene.

O próprio Buffett admite que é praticamente impossível adivinhar a direção das principais moedas do mundo. Por isso, as posições no Japão foram financiadas com a emissão de títulos japoneses de 1,3 trilhão de ienes. "Esta dívida foi muito bem recebida no Japão e acredito que a Berkshire tem mais dívidas denominadas em ienes do que qualquer outra empresa americana." Isso impulsionou ainda mais o ganho da Berkshire no Japão, com a desvalorização do iene aumentando o retorno de Buffett no país para 1,9 trilhão de ienes. 

Apesar do retorno considerável, o CEO da Berkshire acredita que pode utilizar sua rede global de influências para realizar parcerias e impulsionar ainda mais os resultados de suas empresas investidas no Japão.

"Os interesses deles são muito mais amplos que os nossos. Os CEO japoneses têm o conforto de saber que a Berkshire possuirá sempre enormes recursos líquidos que podem estar instantaneamente disponíveis para tais parcerias, qualquer que seja a sua dimensão."

Paciência e preço baixo

Buffett ainda pontuou que, dado o tamanho da Berkshire, montar essas posições por meio de compras em mercado aberto exigiu "muita paciência e um período prolongado de preços 'amigáveis'". "É como virar um navio de guerra. Esta é uma desvantagem importante que não enfrentamos nos nossos primeiros dias na Berkshire." Até por isso, mesmo com a bolsa nas máximas, a saída de Buffett do Japão não deverá ser repentina. 

A Berkshire encerrou 2023 com lucro de  US$ 37,350 bilhões, 17% acima do registrado no ano anterior. O resultado, assim como a carta, foi divulgado no fim de semana. Nesta segunda-feira, 26, as ações da companhia sobem cerca de 3%, elevando seu valor de mercado para próximo de US$ 1 trilhão. A holding de Buffett é a oitava companhia mais valiosa do mundo e a mais valiosa entre as companhias americanas de fora do setor de tecnologia. No ano, as ações da Berkshire acumulam cerca de 15% de alta. 

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