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“Chegamos a uma solução mutuamente benéfica”, diz novo CEO da Vale sobre acordo de Mariana

Após dois anos e meio de negociações, Vale e BHP assinam acordo com o governo sobre o rompimento da barragem da Samarco em Mariana

Gustavo Pimenta: novo CEO da Vale destaca importância da assinatura do acordo de Mariana em sua primeira coletiva com analistas (Vale/Divulgação)

Gustavo Pimenta: novo CEO da Vale destaca importância da assinatura do acordo de Mariana em sua primeira coletiva com analistas (Vale/Divulgação)

Beatriz Quesada
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 25 de outubro de 2024 às 17h03.

Nas palavras do novo CEO da Vale, Gustavo Pimenta, esta sexta-feira, 25, “marcou um dia importante na história da companhia”. Após dois anos e meio de negociações, Vale, BHP e Samarco (joint-venture criada pelas duas empresas) assinaram acordo de R$ 170 milhões com o governo como reparação pelo rompimento da barragem do Fundão em Mariana. 

A tragédia ocorreu em 5 de novembro de 2015 e foi um dos maiores desastres ambientais do País, contaminando rios de Minas Gerais e Espírito Santo e deixando 19 mortos. 

“Em conjunto com as principais partes interessadas, chegamos a uma solução mutuamente benéfica para todas as partes, especialmente para as pessoas, comunidades e ambientes impactados – ao mesmo tempo que trouxemos segurança jurídica para as empresas”, afirmou o CEO. 

A declaração foi dada na coletiva com investidores para comentar os resultados da mineradora no terceiro trimestre, apresentados na noite de ontem. Embora os números estivessem no radar, os analistas estavam curiosos também sobre os efeitos do acordo.

Pimenta esclareceu que serão R$ 170 bilhões pagos. Do montante, R$ 100 bilhões serão pagos à União, aos  Estados de Minas Gerais e Espírito Santo e aos municípios afetados para uso em programas e ações compensatórias. O pagamento será realizado ao longo de 20 anos.

Outros R$ 32 bilhões serão pagos em obrigações a serem cumpridas pela Samarco pelos próximos anos, incluindo programas em andamento de indenização individual, reassentamento e recuperação ambiental. O valor final considera ainda mais R$ 38 bilhões já desembolsados em ações de reparação ao longo dos últimos nove anos.

A expectativa é que a assinatura do acordo diminua a pressão internacional sobre o acidente. Na última semana, foi iniciado em Londres um julgamento sobre a responsabilização da BHP pelo rompimento. Perguntado sobre a disputa, o CEO reforçou que “a decisão de se assinar o acordo é um passo importantíssimo e que a jurisdição correta para realizá-lo é o Brasil.”

Alex D'Ambrosio, vice-presidente executivo de assuntos corporativos da Vale, destacou ainda que o acordo enfraquece o caso julgado no exterior. “[É algo que] desconstroi o argumento dos advogados no Reino Unido de que esse tema não está sendo discutido de forma célere no Brasil. É um argumento que acabou de cair por terra.” 

Redução de custos

Para além do acordo, a Vale também surpreendeu positivamente com o resultado do terceiro trimestre, em que lucrou US$ 2,412 – acima das projeções dos analistas.

Um fator positivo destacado pelo mercado foi o corte de custos da mineradora na divisão de minério de ferro – carro-chefe da companhia. O custo caixa C1 (que representa produção e frete até o porto) foi de US$ 20,5/tonelada excluindo as compras de terceiros. O resultado ficou abaixo US$24,9/t obtidos no trimestre anterior, e a companhia ainda indicou um rodada próxima à US$18,2/t em setembro.

Na coletiva, o novo CEO reforçou a meta de ficar com os custos abaixo de US$ 20/t até 2025. “Quanto mais olho a nossa base de custo, mas confiante fico em chegar nesse ponto”, afirmou.

Foi a primeira coletiva de resultados de Pimenta, que assume oficialmente o posto em janeiro de 2025 após um conturbado processo de sucessão. Os analistas do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), destacaram que o novo CEO começa com "bases sólidas e uma mentalidade sensata em meio a um mercado muito desafiador."

“No geral, os sinais positivos na performance de custos reforçam nossa visão positiva sobre a melhoria da história operacional da Vale”, completaram.

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