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Cenário traçado pelo BC pode aumentar otimismo com mercado local, diz economista da ASA

Leonardo Costa ressalta menção ao "soft landing" em ata do Copom e vê espaço para exterior surpreender positivamente

Leonardo Costa, economista da ASA Investments: "Tem o otimismo de vermos um soft landing lá [Estados Unidos] e aqui também. Isso tende a ser favorável para ativos domésticos (Leo Martins/Divulgação)

Publicado em 19 de dezembro de 2023 às 11h28.

Última atualização em 19 de dezembro de 2023 às 13h29.

A ata do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgada nesta terça-feira, 19, foi encarada como levemente mais dura pelo mercado. Contra as expectativas mais otimistas de uma aceleração de cortes de juro, a ata reforçou que a Selic seguirá caindo de 0,5 ponto percentual (p.p.) em 0,50 p.p. nas próximas reuniões. No entanto, Leonardo Costa, economista da ASA Investments ressaltou a importância de um trecho específico da ata de hoje: a menção ao soft landing, que seria o controle da inflação sem grandes danos à economia algo que, tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos, parece um sonho cada vez mais próximo.

"Tem o otimismo de vermos um soft landing lá e aqui também. Isso tende a ser favorável para ativos domésticos", afirmou Leonardo Costa em entrevista à EXAME Invest.

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A melhora perspectiva para as decisões monetárias do Brasil e Estados Unidos tem contribuído para a queda do dólar e alta da bolsa brasileira, que segue próximo de seu nível recorde. Esse bom humor, na visão do economista, pode ser estendido, caso as projeções do Banco Central se confirmem.

O fiscal, afirmou, segue no radar, mas só seria um problema para o ritmo de cortes de juros, caso algo saia ainda pior que o esperado. "Já se projeta um déficit maior do que o que o governo está planejando."

Confira a entrevista com Leonardo Costa, economista da ASA Investments.

Qual foi a principal mensagem da ata do Copom?

Não mudou muito em relação ao comunicado anterior.Parece que tem uma estratégia mais hawkish do Banco Central, Mesmo com as melhoras do lado externo, da inflação domésticae com a desaceleração da atividade. O tom de cautela preponderou.

O que você acha que o Banco Central está tentando fazer? Levar o mercado a descartar uma possibilidade de aceleração do ciclo para um corte de 0,75 p.p. ou fazer o mercado colocar a expectativa para uma taxa terminal um pouco mais alta?

A ideia é passar que seguirá o ritmo de cortes, mesmo com a melhora do cenário. O juro terminal nem o Banco Central sabe ao certo.

Quais forças podem fazer mais peso no juro terminal?

Dependemuito de como que vai se desenrolar lá nos Estados Unidos. Foi a primeira vez que ele trouxe a possibilidade de soft landing no nos Estados Unidos. Se o Federal Reserve (Fed) começar um ciclo de corte de juros mais agressivo e terminar com taxas mais baixas, pode influenciar na taxa terminal daqui. Claramente, esse diferencial de juros é algo que está no no radar do Banco Central. As expectativas também, mas aí parece que o jogo está mais difícil. A projeção está em 3,5% [de IPCA] e não se movimenta há meses. É o externo que pode trazer mudança de fato.

Com relação ao externo, dado o discurso recente do Jerome Powell [presidente do Fed], o cenário melhorou desde a última?

O comunicado do Powell foi bastante contundente. Tiveram alguns comentários de membros do Fed desde então, que foram positivos [no sentido de corte de juros]. Não mudou muito, mas, se mudou, foi para positivo.

Quão positivo é esse cenário para os ativos brasileiros, pensando em ações e câmbio?

Tem sido bastante positivo. temos visto desaceleração do câmbio e bolsa em nível recorde. Tem o otimismo de vermos um soft landing lá e aqui também. Isso tende a ser favorável para ativos domésticos.

Tem espaço para mais depois do rali recente?

Tem que se confirmar expectativas. Os dados de outubro foram muito ruins para serviços de comércio. É necessário concluir essaexpectativa de um soft landing. Os próximos dados de atividade e inflação serão importantes. Conforme for corroborando, tem espaço para mais.

Tem projeção Selic fim de ciclo?

Sim, está em 9,5%.

Quais fatores podem embaralhar essa equação? O fiscal ainda é bastante presente nessa discussão?

É, mas tem que ser pior do que o esperado. Já se projeta um déficit maior do que o que o governo está planejando.

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