BYD Han será um dos primeiros modelos da marca para o Brasil (BYD/Divulgação)
Warren Buffett tem poucas e claras regras para seus investimentos. Uma delas é desmontar uma posição em ações quando a empresa investida se torna "madura". Foi assim também com a BYD, montadora chinesa de carros elétricos, considerada a maior rival da Tesla (TSLA34). Entretanto, após a apresentação dos resultados mais recentes, alguns analistas começam a questionar a escolha do Oráculo de Omaha.
Isso pois em agosto, a BYD consolidou sua posição como segunda maior produtora mundial de baterias para veículos elétricos ,superando a rival sul-coreana LG Energy Solution pelo segundo mês consecutivo. No mês, a empresa sediada em Shenzhen vendeu cerca de 6,5 gigawatts-hora de baterias, um aumento de 159% em relação ao ano anterior.
Agosto foi o mês em que Buffett decidiu começar a vender suas posições na BYD. Mas ele não acabou com a posição na empresa, apenas passou de 20,49% do capital total para 18,87%. Segundo alguns, a escolha foi correta, pois a partir de agosto as ações da empresa listadas na Bolsa de Valores de Hong Kong começaram a cair, e desde então acumulam uma perda de cerca de 20%.
Isso mesmo se a BYD nunca foi tão saudável, acabando de bater seu recorde de vendas de carros em setembro, superando as 200 mil unidades e manteve esse crescimento também em setembro. Uma alta de 187% na comparação anual. A empresa chinesa, fundada em 1995 pelo atual CEO, Wang Chuanfu, vendeu mais carros em 2022 do que nos dois anos anteriores combinados. E a sua participação no mercado de veículos elétricos e híbridos na China subiu para 29%.
No terceiro trimestre, a BYD vendeu 538.704 veículos, um aumento de 194% em relação ao ano anterior. As vendas da empresa nos primeiros nove meses do ano aumentaram 250% em relação ao ano anterior, atingindo 1,18 milhão de veículos elétricos vendidos, contornando a potencial crise do setor devido aos repetidos lockdowns provocados pela pandemia de Coronavírus (Covid-19) na região de Xangai no segundo trimestre.
Embora não seja mundialmente conhecida como Tesla, a BYD intensificou a expansão no exterior este ano com iniciativas no Japão e na Tailândia.
Agora, a BYD está desafiando diretamente a Model 3 da Tesla com a BYD Seal, um carro elétrico com especificações parecidas, mas com um preço inferior de US$ 10 mil em relação a Model 3, e cujas entregas começaram em agosto.
De acordo com estimativas, as entregas da BYD Seal deverão ultrapassar 1,5 milhão em 2022, e para o ano que vem a empresa tem como meta chegar em quatro milhões de veículos vendidos.
Além disso, um dos setores que mais está crescendo é o de baterias. Que está se concentrando cada vez mais na Ásia.
O maior produtor do mundo de baterias é também chinesa: a Contemporary Amperex Technology (Catl). Em agosto, a empresa produziu 18 gigawatts-hora, alta de 129%. A LG Energy da Coréia ficou em terceiro lugar com 5 gigawatts-hora, alta de 16% em relação ao ano passado. E em quarto lugar está a também chinesa Calb, listada em Hong Kong desde quinta-feira, 6, após um IPO que movimentou US$ 1,3 bilhão, com 1,9 gigawatt-hora.
A cadeia de suprimentos de veículos elétricos está enfrentando o aumento dos custos dos principais materiais necessários para produzir uma bateria, como lítio e cobre, mas as empresas do setor parecem ter absorvido o choque de preços e continuam registrando crescimento.