As empresas frigoríficas sobem em bloco no Ibovespa desta terça-feira, 23 (Ricardo Benichio/Exame)
Repórter de Invest
Publicado em 23 de janeiro de 2024 às 16h26.
Última atualização em 23 de janeiro de 2024 às 16h40.
As empresas frigoríficas sobem em bloco no Ibovespa desta terça-feira, 23. Por volta das 16h25, os papéis da BRF (BRFS3), Minerva (BEEF3) e JBS (JBSS3) avançavam 5,93%, 5,28% e 1,77%, respectivamente. Durante a manhã, o BTG Pactual (mesmo grupo controlador da EXAME) publicou um relatório com perspectivas — positivas — para o setor alimentício em relação aos balanços do quarto trimestre de 2023, fato que deu gás aos investidores.
“Esperamos uma temporada de resultados saudáveis no 4T23 para o setor de alimentos”, dizem os analistas. Contudo, o banco trouxe algumas ressalvas para companhias como Marfrig (MFRG3) e M. Dias Branco (MDIA3), que inclusive não colhem os mesmos louros que seus pares no pregão de hoje. As empresas operam com baixas de 0,65% e 0,29%, respectivamente.
Confira abaixo a análise do BTG sobre o desempenho dessas empresas.
Para a dona de marcas como Sadia e Perdigão, a expectativa é de que a empresa termine o ano com mais força, com margens melhorando bastante tanto no Brasil quanto no exterior. Além disso, os custos devem continuar a cair, visto que os grãos originados durante a colheita do ano passado fluem através da cadeia de produção e dos resultados.
“Muitas vezes descrevemos a BRF como uma história pró-cíclica e, com o ciclo agora a seu favor, as ações tendem a apresentar um bom desempenho”, dizem os analistas. Nas projeções do banco, o Ebitda estimado para 2024 é de R$ 6,7 bilhões, mas ainda é esperado que o yield de fluxo de caixa seja de um dígito em 2024 — fato que reforça a recomendação neutra para os papéis BRFS3.
Na avaliação do BTG, o Minerva deve apresentar resultados sólidos no último trimestre do ano passado, com os preços da carne bovina continuando a impactar o dinamismo das receitas. O banco aponta que a estabilização nos últimos meses não causará impactos negativos como nos trimestres anteriores.
O banco projeta que a empresa contabilize um Ebitda de R$ 783 milhões no trimestre, implicando em uma margem de 10,6% (170 pontos base a/a; 50 pontos base tri/tri). “Com a redução da oferta global de carne bovina em 2024, esperamos que os preços comecem a se recuperar e, portanto, façam deste um ano forte para os negócios legados do Minerva. Todos os olhos estão agora voltados para a aquisição dos ativos da Marfrig na América Latina e para o processo de integração.”
O BTG manteve a recomendação de compra para as ações BEEF3.
Os analistas não esperam que os resultados da JBS do quarto trimestre sejam efetivamente fortes, mas eles apontam que a diversificação de produtos da companhia caminha para trazer números sólidos. As estimativas são de que o Ebitda seja de R$ 5,8 bilhões (25% a/a; 10% t/t) com margem de 6,2% (120bps a/a; 40bps t/t).
“Acreditamos que a JBS esteja passando por um ponto de inflexão, onde, apesar de nossa visão cautelosa em relação ao ciclo de carne bovina dos EUA, há evoluções cíclicas em todas as outras unidades de negócio, suportando os resultados futuros”, dizem os analistas. A recomendação para os papéis JBSS3 é de compra.
O BTG acredita que a Marfrig deve apresentar um trimestre mais fraco, com deterioração das margens da carne bovina nos EUA. Modelando os resultados da Marfrig de maneira independente — isto é, excluindo a consolidação da BRF e incluindo operações descontinuadas —, a projeção é de que a companhia tenha uma receita de de R$ 20,6 bilhões (-9% a/a) e Ebitda de R$ 959 milhões (-23% a/a), com margem de 4,7% (-80bps a/a).
“No futuro, a magnitude da desaceleração do ciclo de gado dos EUA é o principal ponto a ser observado, bem como as prioridades de alocação de capital à medida que os recursos provenientes do desinvestimento de parte de seus ativos na América Latina entrem em ação.”
Com múltiplos que o banco ainda considera relativamente mais caros do que dos pares, a recomendação das ações MFRG3 é neutra.
Em relação à MDias, os analistas pontuam que a queda dos custos das matérias-primas deverá suportar as margens em níveis semelhantes aos do trimestre anterior. Junto a isso, a sustentabilidade dos preços e a força do desempenho da receita é o principal ponto a ser observado.
Para o último trimestre do ano passado, o Ebitda esperado é de R$ 424 milhões (+3x a/a; -3% tri/tri) com uma margem de 15,7% (+1.140 pontos base a/a; -30 pontos base tri/tri), com uma receita de R$ 2,7 bilhões (-3% a/a; -1,5% t/t). “A MDias certamente está entrando em 2024 com uma base mais forte. Entretanto, em nossa opinião, uma maior visibilidade sobre um desempenho de volume de negócios mais consistente continua a ser fundamental para uma visão mais construtiva sobre as ações.”
O BTG Pactual reitera a sua recomendação neutra para os papéis MDIA3.