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Assaí: lucro cai para R$ 281 milhões com ritmo acelerado de expansão

Companhia destacou que, sem despesas de abertura de loja, lucro teria sido 4% maior do que o registrado no mesmo período de 2021

Belmiro Gomes: ritmo acelerado de expansão "cobrou preço" no balanço (Germano Lüders/Exame)

Belmiro Gomes: ritmo acelerado de expansão "cobrou preço" no balanço (Germano Lüders/Exame)

KS

Karina Souza

Publicado em 20 de outubro de 2022 às 18h34.

Última atualização em 20 de outubro de 2022 às 19h29.

O ritmo acelerado de abertura de novas lojas, em um contexto de inflação e juros elevados, trouxe um lucro líquido menor para o Assaí (ASAI3) no terceiro trimestre, em relação ao mesmo período de 2021. A última linha do balanço da companhia fechou os três meses encerrados em setembro com R$ 281 milhões, queda de 47,8% na comparação com os três meses do ano passado. Já no início do documento divulgado nesta quinta-feira, 20, a companhia dá uma dimensão de quanto a abertura de lojas impactou esse número. Sem as despesas necessárias para as futuras inaugurações, o lucro líquido seria de R$ 318 milhões, crescimento de 4% ante o mesmo período do ano anterior.

A promessa de manter o crescimento da companhia em alta, mesmo nesse período mais turbulento, ainda pode ser observada no balanço. A receita líquida trimestral foi de R$ 13,8 bilhões, avanço de 29% na comparação anual. Três fatores foram os principais responsáveis pelo resultado: a inauguração de 44 novas lojas nos últimos 12 meses — recorde para o período —, a performance das vendas mesmas lojas, que teve alta de 9%, os avanços na melhoria de experiência de compra e a estratégia comercial, com destaque para a campanha de aniversário, que contribuiu positivamente para aumento de vendas e fluxo de clientes.

Com os descontos e o ritmo acelerado de expansão, a companhia teve uma leve perda de margem no trimestre. A bruta ficou em 16,3%, número 0,4 ponto percentual menor do que o registrado no mesmo período do ano passado.

O Ebitda no período, excluindo despesas pré-operacionais, foi de R$ 1 bilhão, aumento de 20,6% na comparação anual. A margem Ebitda foi de 7,3%, número que representa queda de 0,5 ponto percentual na comparação anual.

As perdas em lucro e em margem no período já haviam sido 'antecipadas' em certa medida por Belmiro Gomes, CEO do Assaí, durante a inauguração da primeira loja comprada do Extra e reinaugurada. Na data, o executivo afirmou que estudava até mesmo abrir uma seção especial nos relatórios futuros para explicar em detalhes os custos pré-operacionais de abertura de lojas.

Na data, Gomes afirmou que o Assaí tinha a pretensão de inaugurar 40 lojas adquiridas da rede de hipermercados até o fim do ano e outras 21 para o primeiro trimestre de 2023. Agora, no balanço, a empresa reviu as estimativas para cima: deve inaugurar 58 lojas até o fim do ano, sendo 45 delas convertidas do Extra.

Além do ritmo mais pesado de conversões de lojas nesse período, outro ponto que contribui para a queda de lucro e margem tem a ver com o aniversário da companhia, tradicional período de promoções.  Tudo isso já estava previsto pela empresa, que chegou a anunciar um guidance para 2022 de uma margem Ebitda 0,5 ponto percentual menor do que a registrada em 2021, o que daria algo em torno de 7% no fim deste ano. 

Juros elevados 

O impacto da alta nos juros ficou claro no resultado financeiro da companhia. A despesa financeira líquida foi de R$ 314 milhões, aumento de 258% em relação ao mesmo período do ano passado e o equivalente a 2,3% das vendas.

No balanço, a companhia explica que o resultado segue sendo impactado pela elevada taxa de juro, com aumento de três vezes do CDI no período, e o próprio volume de dívida bruta por causa do investimento em expansão.

De olho em reduzir o custo da dívida, a empresa fez, no trimestre, uma nova emissão de R$ 600 milhões em certificados de recebíveis imobiliários, visando reduzir o montante a ser pago em 2023 (de R$ 1 bilhão). O custo de captação foi de CDI+1,47%, com prazo médio de quatro anos.

Mesmo com o pé no acelerador, a companhia continua mostrando resultados relevantes em geração de caixa e no equilíbrio com a dívida. A alavancagem (medida pela relação dívida líquida/Ebitda) ficou em 2,68 vezes, é descrita como momentânea por causa dos investimentos em expansão, que incluem os pagamentos relacionados à aquisição dos pontos comerciais do hipermercado, a abertura de 44 lojas nos últimos 12 meses e as mais de 50 lojas em obras ao final do trimestre.

No balanço, o Assaí aponta que alavancagem deve voltar para níveis inferiores a duas vezes no fim de 2023, o que colaborou para manter o grau de investimento da empresa pela Fitch.

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