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Ações da Natura caem quase 9% depois de subsidiária pedir RJ; entenda

Avon Products entrou com um pedido de recuperação judicial nos Estados Unidos

Loja da Natura (NTCO3): anúncio da RJ veio junto aos números da empresa no 2º trimestre (Leandro Fonseca/Exame)

Loja da Natura (NTCO3): anúncio da RJ veio junto aos números da empresa no 2º trimestre (Leandro Fonseca/Exame)

Beatriz Quesada
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 13 de agosto de 2024 às 12h51.

Última atualização em 13 de agosto de 2024 às 17h15.

As ações da Natura (NTCO3) fecharam em queda de 8,85% nesta terça-feira, 13, após o anúncio, na noite de ontem, de que sua subsidiária Avon Products (API) entrou em recuperação judicial nos Estados Unidos.

O anúncio veio junto com o resultado da Natura no segundo trimestre. A empresa de beleza reportou um prejuízo líquido de R$ 858,9 milhões no período, aumento de 17,3% frente a baixa de R$ 731,9 milhões registrada no segundo trimestre do ano passado.

Segundo a companhia, a reestruturação da API teve um impacto de R$ 725 milhões no resultado. Excluindo esse efeito pontual, o lucro da Natura teria sido de R$ 162 milhões.

  • Natura (NTCO3): - 8,85%

Entenda o pedido de RJ

A Avon Products entrou com um pedido de recuperação judicial (Chapter 11) no Tribunal de Delaware, nos Estados Unidos. O grupo brasileiro anunciou que vai apoiar a decisão da subsidiária  fornecendo um financiamento de US$ 43 milhões na modalidade DIP (debtor-in-possession).

No entanto, não foi informado o tamanho do crédito que a Natura detém com a subsidiária nem o montante total devido pela API. Vale lembrar que, mesmo antes da aquisição pela Natura, a empresa americana já acumulava dívidas e passivos jurídicos ligados a acusações de problemas de saúde pelo uso de seu talco.

O grupo brasileiro, que é o maior credor da subsidiária, perde o controle sobre a companhia a partir do momento em que ela inicia o processo de recuperação judicial. A API é obrigada a colocar seus ativos à venda, e a Natura já anunciou que fará uma oferta de US$ 125 milhões pela Avon International por meio de um processo de leilão supervisionado pela corte judicial.

O que dizem os analistas

Para os analistas do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), a decisão pode ser positiva. “Embora o processo do Chapter 11 acrescente complexidade para o caso da Natura, o movimento deve, eventualmente, simplificar sua estrutura e atender às questões judiciais sobre uso de talco nos EUA”, escreveram em relatório.

A avaliação do BTG é de que a Natura tem se esforçado para simplificar a estrutura e melhorar as margens, com destaque para a marca brasileira, que tem gerado retornos positivos. “No entanto, o ritmo de recuperação permanece incerto, o que nos leva a manter a nossa classificação neutra por enquanto.”

O preço-alvo do banco para as ações da Natura é de R$ 18, o que representa um potencial de valorização (upside) de 9,89% frente ao último fechamento.

Os analistas da Ativa Investimentos, por sua vez, destacaram que o impacto da RJ causou um prejuízo surpresa, porém sem efeito caixa. “Não acreditamos que esse efeito impacte as operações da holding e seguimos enxergando com bons olhos o trabalho que a gestão tem realizado na empresa.”

A corretora tem recomendação de compra para os papéis da Natura, com preço-alvo de  R$ 20,20 – upside de 23%.

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