Sam Altman: conselho da OpenAI optou pela troca de liderança (Justin Sullivan//Getty Images)
Repórter
Publicado em 17 de novembro de 2023 às 17h56.
Última atualização em 18 de novembro de 2023 às 11h04.
A OpenAI, empresa dona do ChatGPT, anunciou nesta sexta-feira, 17, mudanças significativas em sua liderança. Sam Altman, atual CEO, deixará não apenas o cargo de diretor-executivo, mas a empresa por completo.
Mira Murati, atual diretora de tecnologia da empresa (CTO), assumirá o posto de CEO interina com efeito imediato.
Com cinco anos de atuação na equipe de liderança da OpenAI, Mira foi peça-chave na evolução da empresa e na formatação das IAs ChatGPT e Dall-E como produtos funcionais e rentáveis.
Segundo nota pública da empresa, a decisão de substituir Altman veio após um processo de revisão cuidadoso pelo conselho, que concluiu haver falhas na comunicação do CEO com o board, comprometendo a capacidade deste de exercer suas responsabilidades.
Por fim, o texto reforça que a missão da empresa é garantir que a inteligência geral artificial beneficie toda a humanidade e sugere que Altman talvez não estivesse alinhado com o objetivo.
O conselho da OpenAI é formado por figuras notáveis, incluindo Ilya Sutskever, cientista-chefe da OpenAI, Adam D’Angelo, CEO da Quora, a empreendedora tecnológica Tasha McCauley e Helen Toner, do Georgetown Center for Security and Emerging Technology.
Greg Brockman, presidente do conselho, também deixará seu posto, mantendo-se ativo na empresa sob a liderança da nova CEO.
A remoção de Altman ocorre inesperadamente, para dizer o mínimo. A empresa organizou na semana passada sua primeira conferência de desenvolvedores, da qual Altman foi o apresentador e porta-voz dos planos de tornar o ChatGPT em um equivalente da App Store para a IA.
Sua saída lembra a de Steve Jobs, que em maio de 1985 também deixou a Apple após desentendimentos com o conselho da empresa que fundou.
A história de Altman é intrínseca à da OpenAI. Depois de cofundar a empresa, ele inicialmente atuou como copresidente da OpenAI ao lado de Elon Musk — Musk saiu em 2018 para evitar conflito de interesses com Tesla e também por perder a disputa pela presidencia da companhia.
Não está claro quais erros Altman pode ter cometido até o momento, mas evidentemente está relacionado com o seu desempenho com a incomumestrutura de governança corporativa da OpenAI.
A empesa é controlada pela organização sem fins lucrativos chamada também de OpenAI e, embora a subsidiária com fins lucrativos tenha permissão para comercializar sua tecnologia, ela está sujeita à missão nobre de obter a inteligência artificial geral (AGI), ou uma IA que possa – como a OpenAI a define – “superar os humanos no máximo em trabalhos economicamente valiosos” .
Com isso, o conselho da organização sem fins lucrativos OpenAI tem o poder de determinar quando a empresa alcançou essa AGI e excluir a poderosa tecnologia dos produtos ofertados ao parceiros comerciais, inclusive da Microsoft, um dos maiores investidores da empresa.
Nascida em 1988 em Vlorë, Albânia, Mira Murati iniciou sua jornada acadêmica aos 16 anos, quando saiu de seu país natal para estudar no Pearson College UWC, no Canadá. Ela se formou em Engenharia Mecânica pela Thayer School of Engineering, Dartmouth College, em 2012, estabelecendo as bases para se lançar ao Vale do Sílicio.
Murati deu seus primeiros passos profissionais como estagiária na Goldman Sachs em 2011. Posteriormente, trabalhou na Zodiac Aerospace e, mais notavelmente, passou três anos na Tesla, onde foi gerente de produto sênior do Model X. Antes de se juntar à OpenAI, ela liderou as equipes de produto e engenharia na Leap Motion, destacando-se por sua habilidade em conduzir projetos inovadores em neutecnologias e aeroespacial.
Em 2018, Murati juntou-se à OpenAI, tornando-se uma figura central na empresa. Como Diretora de Tecnologia, ela supervisionou o desenvolvimento e a comercialização de produtos da OpenAI, liderando as equipes que desenvolveram os sistemas ChatGPT e Dall-E.
Além de suas realizações técnicas, Murati é uma defensora da regulação da IA, argumentando que os governos devem desempenhar um papel mais ativo nessa área. Sua visão para o futuro da IA é fundamentada na segurança e na responsabilidade, aspectos que ela enfatizou em sua gestão na OpenAI.
A visão de preocupação sobre uma IA que se sobreponha ao bem-estar humano já foi exposta por Mira em entrevistas. “Existem tipos de empregos que serão perdidos. Acho que, provavelmente, muitas tarefas cognitivas e trabalhos repetitivos serão substituídos por sistemas de IA. Sabemos que precisamos orientar os sistemas e ensiná-los a fazer as coisas que queremos que façam”, disse Mira, para a Fast Company.