Repórter
Publicado em 15 de março de 2025 às 14h52.
Última atualização em 15 de março de 2025 às 14h53.
A Foxconn, maior fabricante de eletrônicos por contrato do mundo, registrou um lucro líquido de US$ 1,40 bilhão no quarto trimestre do ano fiscal de 2024, encerrado em dezembro. O valor representa uma queda de 13% em relação ao mesmo período do ano anterior e ficou abaixo da expectativa de US$ 1,63 bilhão dos analistas. Apesar disso, a empresa prevê um 2025 mais forte, impulsionado pelo crescimento do setor de nuvem para inteligência artificial (IA) e veículos elétricos.
A companhia, formalmente chamada de Hon Hai Precision Industry, afirmou em nota aos investidores na sexta-feira, 14, que sua divisão de servidores de IA está se tornando um pilar cada vez mais relevante para seus negócios. No quarto trimestre, os produtos de nuvem e redes, que incluem servidores de IA, representaram 26% da receita total, aproximando-se da participação da categoria de eletrônicos de consumo, que inclui os iPhones da Apple.
A Foxconn estima que, no ano fiscal de 2025, sua receita com servidores de IA ultrapasse US$ 32 bilhões, o que representaria 50% da receita total de sua divisão de servidores e garantiria mais de 40% do mercado global.
A empresa fechou o ano fiscal de 2024 com uma receita recorde de US$ 219 bilhões, alta de 15% em relação ao ano anterior. No entanto, sua margem bruta caiu para 6,15%, refletindo o alto investimento na produção de servidores de IA, que atualmente possuem menor rentabilidade. Segundo Dan Baker, analista da Morningstar, a margem pode se recuperar para 7,1% até 2028, conforme a Foxconn escala suas operações nesse setor.
Apesar do primeiro trimestre tradicionalmente ser um período de menor receita, o presidente da Foxconn, Young Liu, afirmou que o desempenho dos primeiros três meses de 2025 deve superar a média dos últimos cinco anos.
A Foxconn vem expandindo sua atuação no setor de inteligência artificial. Nesta semana, a empresa anunciou o FoxBrain, seu próprio modelo de IA generativa. O large language model, baseado no Llama 3.1, da Meta, foi treinado internamente em apenas quatro semanas e é considerado o primeiro modelo avançado de IA desenvolvido em Taiwan.
A empresa também busca se consolidar como fornecedora no mercado de veículos elétricos (EVs), adotando um modelo de produção semelhante ao que utiliza para iPhones e PlayStations, permitindo que montadoras terceirizem o design e a fabricação de automóveis. A Foxconn tem interesse em uma parceria com a Nissan, especialmente após a montadora japonesa encerrar negociações de fusão com a Honda.
O entusiasmo do mercado com IA impulsionou as ações da Foxconn em 80% durante o ano fiscal de 2024. No entanto, desde o início de 2025, os papéis caíram 7,3%, refletindo a incerteza causada pelo avanço de startups chinesas como o DeepSeek no setor.