Chief Artificial Intelligence Officer da Exame
Publicado em 18 de fevereiro de 2025 às 14h49.
Última atualização em 18 de fevereiro de 2025 às 14h50.
Imagine que você é um bilionário e quer comprar a maior empresa de inteligência artificial do mundo. Você faz uma oferta de quase 100 bilhões de dólares, mas recebe um sonoro "não". O que você faz? Se você for Elon Musk, a resposta é simples: declara guerra.
A disputa entre Musk e Sam Altman, CEO da OpenAI, não é só uma briga de gigantes da tecnologia. É um duelo de egos feridos, ideologias e visões sobre o futuro da inteligência artificial. O embate ficou ainda mais intenso depois que Musk fez uma oferta para comprar a OpenAI — uma proposta que não só foi recusada, mas também virou motivo de piada no X (antigo Twitter).
Quando se divulgou que Musk, com apoio de um grupo de investidores, havia feito uma oferta de quase 100 bilhões de dólares pela OpenAI, eu comecei imediatamente a checar as implicações dessa possível negociação. Afinal, a OpenAI não é apenas uma startup de IA: ela já é a principal fornecedora de modelos como o ChatGPT, um produto que revolucionou como conversamos com máquinas.
Sam Altman enxergou essa oferta como uma ameaça direta. Ele reagiu imediatamente no X (antigo Twitter), afirmando que a OpenAI "não está à venda" e que a missão da companhia continuaria intacta.
O conselho da OpenAI também se mostrou cético quanto às intenções de Musk. Eles mencionaram possíveis contradições na oferta, já que o próprio Musk teria defendido no passado que os ativos permanecessem sob controle de uma entidade sem fins lucrativos. Para eles, Musk estaria simplesmente tentando desacelerar o avanço de uma concorrente.
Musk, após sair do conselho da OpenAI em 2018, criou a xAI. Essa nova empresa é focada em inteligência artificial, tornando Musk um competidor direto de Altman. Há de fato um interesse estratégico em "neutralizar" a OpenAI, hoje líder em muitos aspectos.
O tuíte de Sam Altman provocando Musk ao dizer que a OpenAI poderia comprar o Twitter por cerca de 9 bilhões de dólares, deixou claro que era também uma questão pessoal. Musk, em contrapartida, chamou Altman de "vigarista". Foi o gatilho para uma troca de farpas pública — e, possivelmente, o estopim para um embate prolongado nas redes.
Essa "briga" transcende negócios: há rusgas que vêm desde a fundação conjunta da OpenAI, em 2015, e a saída de Musk quatro anos depois. A disputa por protagonismo no mercado de IA, somada às diferenças de visão sobre o rumo da tecnologia, alimenta um clima de rivalidade que só se acirrou com essa proposta bilionária.
Há também a gigante Microsoft, que investiu pesado na OpenAI. Essa aliança é um dos principais motivos de Altman não precisar (e não querer) vender nada para Musk. A OpenAI tem suporte financeiro robusto e acesso a infraestrutura de nuvem no Azure.
De um lado, Musk alega que quer "retomar" o espírito original da OpenAI, centrado em pesquisa aberta e segurança. Do outro, Altman diz que um formato lucrativo é essencial para continuar atraindo investimentos bilionários, desenvolvendo IA de ponta e mantendo a empresa competitiva.
A grande questão é: até que ponto esse confronto entre Musk e Altman vai impactar o futuro da IA? Ainda não sabemos se haverá novas investidas de Musk, ou se ele vai focar todas as energias na xAI. Mas, por enquanto, o que vejo é uma OpenAI firme no propósito de liderar a próxima geração de IA — e um Elon Musk que, mesmo bilionário, encontra barreiras significativas para retomar o controle de um projeto que um dia ajudou a fundar. Competição é sempre bom, espero que nenhum dos dois ganhe e que continuem competindo para criar melhores produtos para gente.
Gravei um vídeo aprofundando esta análise aqui no Youtube: