Logo Exame.com
Empresas

Troca de comando e Projeto Cerrado em ação: a nova fase da Suzano pós-Schalka

CEO há 11 da fabricante de papel e celulose, executivo quer se manter ativo e vai continuar perto do negócio, indicado para compor o conselho de administração

Walter Schalka: "nada de colocar os pijamas" 

Foto: Leandro Fonseca (Leandro Fonseca/Exame)
Walter Schalka: "nada de colocar os pijamas" Foto: Leandro Fonseca (Leandro Fonseca/Exame)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 28 de fevereiro de 2024 às 21:21.

Última atualização em 28 de fevereiro de 2024 às 23:17.

Há onze anos no comando da Suzano, Walter Schalka não quer colocar os pijamas. Nesta quarta-feira, 28, a fabricante de celulose anunciou o processo de transição de CEO, com o executivo sendo indicado para compor o conselho de administração e alguns comitês.  

Para o seu lugar, a Suzano está trazendo João Alberto Fernandez de Abreu, atual CEO da Rumo, empresa de logística da Cosan. De acordo com Schalka, o processo de transição passou a ser debatido a partir da previsão da entrega do Projeto Cerrado, que começa a operar a partir de julho, justamente quando Abreu deverá assumir como CEO -- até lá, desde 2 de abril, ele e Schalka atuarão em conjunto para a passagem de bastão.  

“A companhia tem um grupo de executivos muito consolidade e muito forte que vai dar sustentação para o novo momento que a companhia vai passar. A empresa vai continuar nesse processo de criação de valor para todos os stakeholders como é parte da nossa cultura”, diz Schalka.  

Sua indicação deverá ir ao aval dos acionistas na assembleia geral ordinária, prevista para 25 de abril. A ida para o conselho é uma indicação de que o executivo não está disposto a ficar longe do negócio, tampouco inativo. “Encerrei meu ciclo de CEO na Suzano e minha ideia é de continuar muito ativo. [Minha ideia] É continuar trabalhando e produzindo para o Brasil, gerando oportunidades e fazendo coisas importantes.” 

No ano de 2023, o setor de celulose viu o preço mergulhar. Ao fim de 2022, o preço da celulose estava na casa dos US$ 850/tonelada e chegou a praticamente metade disso em abril, passando a se recuperar gradativamente – ou, como brinca Schalka: “o preço desce de elevador e sobe de escada”. 

Esse efeito ainda foi sentido, portanto, nos números do quarto trimestre, quando o lucro líquido da Suzano caiu 39%, para R$ 4,52 bilhões, e a receita recuou 28%, para R$ 10,37 bilhões. Já na comparação com os três meses imediatamente anteriores, a linha de cima do balanço cresceu 16%, mostrando o processo de recomposição. 

Ao fim do quarto trimestre, o preço por tonelada da Suzano ficou em US$ 572 e o avanço dos preços continuou ao longo desse começo de 2024. Recentemente a empresa anunciou um reajuste para pedidos a partir de março, que elevou o preço por tonelada para US$ 680 na Ásia e mais US$ 80 na América do Norte e na Europa. Por isso, os números de 2024 devem intensificar a melhoria de receita, que vem somada a uma melhora de demanda especialmente na Europa e sinais de demanda também um pouco mais aquecida na China após o Ano Novo Chinês. “A demanda está bastante boa e estamos anunciando o menor nível nosso de estoque. Uma boa combinação para o setor.” 

No quarto trimestre, destaca Schalka, o desempenho operacional foi bastante positivo apesar do ambiente de preços ainda enfraquecido em comparação ao ano anterior. Com isso, a empresa fez um Ebitda de R$ 4,5 bilhões, com uma queda importante sequencial no custo caixa, que foi de R$ 861 para R$ 816 – o menor nível de custo caixa desde o quarto trimestre de 2021. A geração de caixa recuou 57% no período, para R$ 2,78 bilhões.  

Ainda assim, o executivo ressalta os pontos positivos do balanço, em especial a melhora sequencial, e o desempenho financeiro. Mesmo com investimentos relevantes, como o próprio Projeto Cerrado (que teve custo total de R$ 22 bilhões) e compra de ativos florestais, a empresa manteve uma posição de caixa forte. O fluxo de caixa livre ficou em R$ 3,83 bilhões, 3% maior do que um ano antes, ou 224% melhor do que no terceiro trimestre. No consolidado do ano, o fluxo de caixa livre caiu 3%, para R$ 13,36 bilhões.  

A dívida líquida ficou estável, passando de R$ 57 bilhões para R$ 55,3 bilhões, o que levou a uma alavancagem a passar de 2,7x para 3,1x em dólar, dentro dos parâmetros financeiros necessários. “Essa estabilidade é uma demonstração da robustez financeira que a empresa tem. Mesmo em cenários mais difíceis de preço, a empresa está preparada para a volatilidade”, diz Schalka.  

Agora, com a projeção de entrega do Projeto Cerrado no dia 30 de junho e início de produção, a companhia espera ver uma aceleração de geração de caixa mais significativa a partir do segundo semestre, com o ganho de capacidade se somando à queda de despesas com capex. A fábrica vai aumentar em mais de 20% a capacidade total da empresa. “Vai ser a fábrica mais competitiva do mundo e com o menor custo”, diz Schalka. Começando a operar, um novo aumento de capacidade no mundo virá puxado pela Suzano, o que deixa para 2027 ou 2028 novos investimentos em crescimento.  

Para quem decide. Por quem decide.

Saiba antes. Receba o Insight no seu email

Li e concordo com os Termos de Uso e Política de Privacidade

Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

Continua após a publicidade
CeA: Leilão para venda da Cofra movimenta R$ 460 milhões; ação sai com desconto de 12%

CeA: Leilão para venda da Cofra movimenta R$ 460 milhões; ação sai com desconto de 12%

Allos foca em disciplina de capital e reverte prejuízo no 3º tri; lucro é de R$ 113 milhões

Allos foca em disciplina de capital e reverte prejuízo no 3º tri; lucro é de R$ 113 milhões