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Em 2024, expectativa de um respiro para o private equity

De acordo com presidente da Abvcap, Priscila Rodrigues, ambiente começa a ter sinais de melhora depois de anos turbulentos 

 (Twomeows/Getty Images)
(Twomeows/Getty Images)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 29 de dezembro de 2023 às 08:13.

Depois de mais um ano difícil, tanto para captar quanto para sair de investimentos feitos anos atrás, a indústria de private equity começa a olhar para 2024 com uma perspectiva mais otimista – mas para o que deve ser só o primeiro ano de uma jornada de recuperação após anos de mar turbulento. 

Algumas teses de investimento melhoraram, a economia também começa a se recuperar, a reforma tributária saiu e sinalizou que não vai ter aumento de carga tributária para o setor, o que era um temor, lista Priscila Rodrigues, presidente da Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (Abvcap). “Tem muita gente agora colocando a cabeça para fora da água.” 

O cenário de “terra arrasada” não se limitou ao Brasil. O ambiente também foi mais complexo para as firmas de private equity em todo mundo, até mesmo no maduro mercado dos Estados Unidos. Por lá, uma das saídas para as firmas têm sido listar suas ações na bolsa para ajudar a trazer recursos e ganhar moeda de troca. É o caso da General Atlantic, gestora cheia de unicórnios em seu portfólio, que protocolou de forma confidencial documentos para fazer IPO nos EUA.  

Entre mortos e feridos, os gestores que ficaram estão mais bem preparados e diligentes, avalia Rodrigues – sócia da Crescera e, desde julho, a primeira mulher a comandar a Abvcap. Ainda com reflexos das incertezas de 2020 e 2021, muitas empresas investidas tiveram de passar por processos de reestruturação dos negócios que ficaram pressionados. 

Somado ao ambiente de juros elevados que fecharam a torneira de liquidez para ativos de risco, os gestores precisaram se voltar mais para a gestão das empresas que estavam nos seus portfólios, o que diminuiu o ritmo de transações. Em 2023, as grandes operações com valores divulgados somaram R$ 14,6 bilhões, de acordo com levantamento da Abvcap.  

“O ano foi muito de uma estratégia ‘wait and see’. As firmas iam com o seguinte discurso: ‘Tenho capital para alocar? Vou ser super oportunista’”, diz a presidente da Abvcap. Com a perspectiva começando a melhorar, as firmas retomam os processos de captação e também podem começar a traçar desinvestimentos. O backlog de desinvestimentos é grande, já que os últimos 24 meses foram fechados, sem janelas para IPOs e com estratégicos mais reticentes em fusões e aquisições.  

Entre as saídas recentes estão a venda da Kopenhagen pela Advent para a Nestlé, em setembro deste ano. 

Nesse cenário, vem ganhando espaço as estratégias secundárias, em que um private equity acaba vendendo participações para outro – pouco comum no mercado brasileiro.  Em junho deste ano, um dos fundos do Pátria vendeu uma fatia da empresa de distribuição de food service Delly’s para a CVC Partners e para outro fundo do próprio Pátria.  

“As estratégias secundárias são uma alternativa de liquidez. Por enquanto ainda são mais discussões do que efetivamente deals anunciados, mas que já é o primeiro passo nessa direção”, diz Rodrigues. 

Apesar do ambiente complexo, a visão mais positiva também vem do maior interesse dos investidores estrangeiros no Brasil. O fluxo global de alocação de capital está mudando. Durante muito tempo o foco foi a Ásia, em especial a China.  

Mas restrições locais estão diminuindo essa onda de dinheiro para o mercado chinês. Por isso, o mercado da América Latina, ainda pequeno, pode dobrar de tamanho nos próximos anos, com México e Brasil capitaneando esse crescimento, aponta Rodrigues.  

“Hoje, a conversa dos investidores internacionais mudou. Se falava do Brasil antes, nem queriam ouvir. Agora eles vêm perguntar, querem update. Mas, claro, um investimento desse leva tempo, não acontece em três meses”, explica a presidente da Abvcap.  

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

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