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Cogna foca em reduzir dívida e fica mais perto da geração de caixa de R$ 1 bi

Projeção é para 2024, mas em 2023 já reportou caixa operacional 65% maior, somando R$ 893,5 milhões

COGNA: números mostram que esse cenário de geração de caixa crescendo e alavancagem caindo não é de agora, é de um esforço de três anos, diz CEO, Roberto Valério  (Foto: Eduardo Frazão) (Eduardo Frazão/Exame)
COGNA: números mostram que esse cenário de geração de caixa crescendo e alavancagem caindo não é de agora, é de um esforço de três anos, diz CEO, Roberto Valério (Foto: Eduardo Frazão) (Eduardo Frazão/Exame)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 20 de março de 2024 às 21:32.

Última atualização em 21 de março de 2024 às 16:49.

Em 2023, a Cogna se esforçou em passar a régua, ajustar os ponteiros e aumentar a geração de caixa. Ao fim do ano passado a geração de caixa operacional depois de investimentos ficou 65,4% maior, chegando a R$ 893,5 milhões -- muito próximo do guidance da empresa para 2024, que prevê uma geração de caixa operacional de R$ 1 bilhão após capex.

Este resultado é consequência da estratégia asset light, com aumento de conversão de Ebitda recorrente em caixa. “Foi um ano muito bom. Mas os números mostram que esse cenário de geração de caixa crescendo e alavancagem caindo não é de agora, é de um esforço de três anos”, diz Roberto Valério, CEO da Cogna.

No último trimestre do ano, a dona da Kroton viu receita crescer 12,6%, para R$ 1,901 bilhão, com o Ebitda recorrente avançando 17,1% e somando R$551,9 milhões -- números em linha com as projeções do mercado.

Enquanto o Ebitda melhora, a empresa tem se esforçado também em reduzir sua dívida e a pressão das despesas financeiras. A alavancagem caiu de 2,10x para 1,83x, com sua redução ainda sendo um caminho relevante, nas palavras de Valério. “Nossa estratégia continua sendo repagar dívida. À medida que vamos nos aproximando de 1x dívida líquida/Ebitda, começa a sobrar caixa para outras coisas”, diz ele reforçando que, ao fim de 2024 a perspectiva passa a ser a de voltar ao lucro.

Na última linha do balanço, no entanto, reportou um prejuízo de R$ 397 milhões, 95% maior do que no mesmo período de 2022, refletindo uma baixa de imposto de renda diferido no montante de R$ 434 milhões, sobre um prejuízo fiscal de uma das faculdades de medicina.

Para se adequar a algumas regras de abertura de novos cursos do programa Mais Médicos, a empresa resolveu adiar algumas incorporações e a consequente redução do ativo fiscal diferido. O efeito é meramente contábil e a empresa terá direito à compensação fiscal assim que retomar o plano original de reorganização. Não fosse esse efeito, a companhia teria reportado um lucro líquido de R$ 60 milhões.

A decisão passa pela forte aposta da companhia no ensino superior de Medicina, um segmento que tem sido a joia da coroa entre as companhias do ensino superior. O tíquete médio dos alunos de toda a modalidade de ensino presencial cresceu 3% no segundo semestre do ano, impulsionada, em parte, pelo maior número de alunos de medicina.

A KrotonMed viu sua receita líquida crescer 26,6% Hoje são sete faculdades de medicina do grupo. Há ainda quatro faculdades de medicina com liminar, dependente da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) acerca das regras de novos cursos de medicina. O julgamento, porém, está suspenso.

A Kroton, que é a unidade de todo o ensino superior, reportou um avanço de 1,3% na receita, impacto da mudança no processo operacional de reconhecimento da receita de dependências dos alunos do EAD, que antecipou parte da receita para o terceiro trimestre. Mas também já viu melhoras: a base de alunos terminou 6,4% maior, a 954.133 alunos. Foi o 10º trimestre de alta da base de alunos.

A melhoria já se estende para 2024. Ainda não encerrado, o primeiro trimestre, o mais importante na captação de novos alunos, já está superior aos números do meio do ano, com forte impulso dos cursos presenciais. “As famílias estão com maior renda, o que tem melhorado todo o consumo, incluindo o ensino superior. E já vemos isso sendo puxado pelo presencial”, diz Valério. Os investimentos de marketing na captação da primeira metade de 2024 aumentaram 12%, elevando os custos e despesas do trimestre em 2,1% -- um avanço pequeno graças a esforços de redução nas despesas corporativas e operacionais.

Outros negócios

Enquanto isso, outras unidades de negócio da Cogna crescem em ritmo ainda mais acelerado do que os da Kroton. Em Vasta, a receita líquida total cresceu 9,7%, atingindo R$ 554,1 milhões. Os números seriam ainda mais fortes se as negociações de venda plataformas de ensino com governos tivesse entrado nesse período, mas só começaram no início de 2024. O ciclo de 2024 já tem crescimento de 16% no ACV em comparação ao quarto trimestre de 2022. O ACV é um indicador que configura o ganho anual por aluno estimado para ciclo comercial.

Para além dos contratos com governos, a Vasta está com perspectivas positivas na venda de sistemas de ensino premium, conta Valerio, destacando que as escolas desse segmento são mais resilientes aos ciclos econômicos. “Soluções complementares também estão crescendo bastante, pois cada vez mais escolas estão oferecendo esses produtos no contraturno, como cursos de inglês ou programação.”

Na Saber, rede dedicada a conteúdo para educação básica, a receita líquida avançou nada menos do que 59%. Este crescimento é motivado pelo aumento do Programa Nacional do Livro Didático (+62,0 %) e outros serviços (+102,7%) que no trimestre foi a venda do programa Acerta Brasil, em que ele potencializa a progressão da aprendizagem e avaliação dos estudantes das escolas públicas.

Sem grandes aquisições no radar, o foco da Cogna em 2024 é dar continuidade ao que tem sido feito em 2022 e 2023. “Temos muita melhoria de sistemas, de processos, implementação de novas metodologias de trabalho. Tudo traz uma confiança de que tem bastante coisa ainda a ser destravado.”

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

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