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Gestores de fundos

Ainda dá para gerar alpha com fundos incentivados? A Tenax acha que sim

Gestora de Alexandre Silverio limita captação e dá pitada de multimercado para evitar a pressão de alocar em ativos pouco atrativos

Alexandre Silverio, CEO e CIO da Tenax Capital: "sempre acreditei em ter uma gestora que combina o cenário macro com estratégias de crédito" (Leandro Fonseca/Exame)
Alexandre Silverio, CEO e CIO da Tenax Capital: "sempre acreditei em ter uma gestora que combina o cenário macro com estratégias de crédito" (Leandro Fonseca/Exame)

Publicado em 17 de outubro de 2024 às 15:30.

Última atualização em 17 de outubro de 2024 às 15:31.

O massivo volume de captação dos fundos de renda fixa tem provocado uma forte valorização em debêntures incentivadas, reduzindo os spreads para níveis nunca antes vistos.

O fundo incentivado recém-criado pela Tenax Capital tem surfado bem esse movimento, com uma performance de CDI + 2,78% acumulada nos primeiros sete meses. No entanto, diante de preços mais altos, a gestora de Alexandre Silverio aposta na sinergia com a área de multimercados para se proteger de eventuais correções de preços e continuar entregando bons retornos aos investidores.

“Eu sempre acreditei em ter uma gestora que combina o cenário macro com estratégias de crédito. Isso cria um ambiente de discussão e uma capacidade de alavancar ideias de investimento entre as equipes”, afirma Silverio.

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Silverio liderou as divisões de investimento do Santander, Safra e AZ Quest antes de fundar sua própria gestora em 2022. Hoje, a Tenax administra R$ 1,15 bilhão, com R$ 450 milhões em ações, R$ 500 milhões em multimercados e R$ 200 milhões em renda fixa, sendo cerca R$ 100 milhões no fundo incentivado.

O fato de ser novo e relativamente pequeno nesse mercado de incentivados, onde grandes fundos ultrapassam R$ 10 bilhões, tem beneficiado a performance do fundo.

“O fundo está com quase R$ 100 milhões, e manter seu tamanho menor nos permite ser seletivos, aproveitando a flexibilidade e evitando a pressão de alocar em ativos amassados”, afirma Mariana Fanelon, co-head de crédito da Tenax junto com Eduardo Duarte.

Apesar do grande fluxo para produtos isentos, a Tenax pretende limitar essa estratégia a R$ 500 milhões. “Quando bater esse valor, vamos fechar o fundo para captação”, diz Duarte.

O fundo adota uma estratégia de pulverizar o risco em cerca de 50 grupos econômicos. Em um cenário de alocação máxima, cada ativo não superaria R$ 10 milhões — o que, segundo Duarte, é essencial para evitar riscos de liquidez.

“Os R$ 500 milhões são um limite atual, mas pode aumentar conforme o mercado evolui”, explica Duarte. “Quando o fundo cresce demais, não podemos dizer 'não' para determinados ativos, e isso nos obriga a ficar 100% comprados, o que reduz nossa eficiência analítica.”

Na gestão de crédito, Fanelon explica que o foco é encontrar equilíbrio nas notas de crédito, evitando descer o nível de qualidade mesmo quando os prêmios estão baixos, como agora.

Com o mercado de isentos pouco atrativo, a Tenax tem se beneficiado da possibilidade de manter até 30% em caixa, privilégio de fundos novos. Fundos com mais de dois anos precisam manter 85% do patrimônio alocado em debêntures incentivadas.

“Usamos a flexibilidade dos primeiros meses para montar a carteira gradualmente e aproveitar oportunidades. Conseguimos manter posições de caixa mais altas para aguardar correções de mercado e comprar ativos a preços melhores”, afirma Fanelon.

Entretanto, esse benefício é temporário. Por isso, a Tenax incorporou estratégias de multimercados ao fundo incentivado, explorando posições em juros futuros e na curva de inflação, sem depender apenas do crédito.

Essa frente é liderada pela equipe de multimercados da Tenax, sob o comando de Sérgio Silva, cofundador da gestora junto com Silverio. A expectativa é gerar um ganho adicional de 1,5% a 2% ao ano com essa abordagem.

“A gestão de renda fixa nos permite manter o equilíbrio do fundo. Se o mercado de crédito estiver pressionado, reduzimos a exposição em crédito e compensamos com operações no mercado de juros, garantindo a consistência dos retornos”, explica Fanelon.

A estratégia de renda fixa ocupará até 15% do fundo quando estiver maduro. “Com até 15% em renda fixa, conseguimos buscar alfa de forma eficiente usando instrumentos como juros futuros, inflação implícita e operações estruturadas. Isso proporciona flexibilidade e permite que o fundo responda rapidamente às mudanças do mercado.”

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Guilherme Guilherme

Formado pela Universidade Metodista de São Paulo. Cobre mercado financeiro na Exame desde 2019. Também trabalhou na revista Investidor Institucional e participou do 9º Focas de Jornalismo Econômico do Estadão.

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