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Digitalização e progresso: a nova ordem do governo digital

A pandemia acelerou a transformação digital dos governos, mas muitos acreditam que os esforços digitais de suas organizações não foram suficientes.  

<b>Gilson Magalhães, presidente da Red Hat Brasil: </b> planos de carreira também precisam ser levados a sério (Red Hat/Divulgação)

<b>Gilson Magalhães, presidente da Red Hat Brasil: </b> planos de carreira também precisam ser levados a sério (Red Hat/Divulgação)

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Publicado em 25 de outubro de 2022 às 07h30.

A organização eficiente de um volume elevado de atividades e interações entre pessoas e empresas sempre foi o grande desafio das administrações públicas. Não é por acaso que o setor busca cada vez mais a transformação digital: identifica nela a oportunidade de oferecer serviços confiáveis pela eficácia e convenientes por sua responsividade, proporcionando experiências inclusivas. Essa tendência vai muito além de disponibilizar documentos importantes como CPF, título de eleitor, RG e CNH em variados formatos e dispositivos. O governo digital representa uma plataforma vital para acelerar a criação de políticas públicas avançadas, capazes de oferecer a sustentação exigida por um futuro cada vez mais guiado pela experiência do usuário.

Com melhor custo e desempenho operacional, a digitalização do setor público pode liberar até US$ 1 trilhão anualmente em todo o mundo, segundo análise da McKinsey. Porém, apesar do aumento do foco e do investimento, 55% dos programas de governo digital não estão em escala, aponta pesquisa do Gartner, que prevê que, até 2023, mais de 80% das implementações digitais do governo que não se basearem em uma plataforma de tecnologia não irão conseguir cumprir seus objetivos. Isto se deve, em parte, ao ciclo médio de compra de tecnologia de 22 meses do setor público, o mais longo em relação a outros setores.

A pandemia acelerou a transformação digital dos governos, como admitem três em cada quatro executivos ouvidos pela Deloitte. No entanto, mais de 80% dos mais de 800 participantes ouvidos pela consultoria acreditam que os esforços digitais de suas organizações não foram suficientes.

Obstáculos regionais

O atalho de acesso às soluções de ponta, como a computação em nuvem, capazes de amparar a demanda por serviços confiáveis, requer um sólido arcabouço de recursos e processos estrategicamente organizados que nem sempre é tão simples de alcançar. Os governos precisam, na maior parte dos casos, superar dificuldades locais para a digitalização. Cada região, cada país e cada município se encontra numa fase distinta da jornada de transformação digital, como no caso da América Latina.

O Brasil, apontado como sétimo país com maior oferta de serviços públicos digitais pelo Banco Mundial, disponibiliza mais de 4 mil opções à população. Embora registrem satisfação de mais da metade dos usuários dos canais eletrônicos, de acordo com levantamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), as infraestruturas em tecnologia da informação vêm sendo aprimoradas. A necessidade de otimização de serviços aos cidadãos e a redução de custos de operação foram as principais motivações apontadas para essa melhora, segundo o Mapa de Governo Digital 2022, que considera 155 municípios. Ainda assim, persistem baixos os níveis de integração de informações e sistemas, e falta transparência de dados, como mostra o mesmo estudo.

Capacitação como catalisador

Para acelerar a evolução e implementar a transformação digital no segmento público mais rapidamente, os executivos de governo precisam levar em consideração elementos fundamentais da inovação open source em sua estratégia. De acordo com pesquisa da IDC em parceria com a Red Hat, líder mundial no fornecimento de soluções empresariais open source, esses passos envolvem ações objetivas a serem colocadas em prática com consistência.

O levantamento mostra que a capacitação dos funcionários públicos por meio da colaboração e da automação inteligente de processos é fundamental para endereçar as principais prioridades dos diretores-executivos do setor ao redor do mundo: a produtividade e o engajamento. Um dos maiores desafios a serem superados, contudo, é a resistência a mudanças entre os funcionários públicos, revela a pesquisa. O medo paralisa os que temem que seu trabalho se torne obsoleto, impedindo-os de aprender novas habilidades e aproveitar as oportunidades de inovar. Essa relutância é uma das principais dificuldades da inovação em software na Europa, segundo a percepção de 30% dos 39 executivos governamentais ouvidos, em junho de 2021, por outra pesquisa da IDC.

A exemplo do ambiente de trabalho digital lançado pela Comissão Europeia, é preciso oferecer aos funcionários as plataformas e ferramentas de TI certas, que sejam adaptáveis e permitam a colaboração a partir de qualquer lugar, com recursos de segurança personalizados, melhorando a experiência e, consequentemente, a produtividade. O relatório destaca ainda a necessidade de promover mudanças culturais guiadas por estruturas organizacionais flexíveis, baseadas em habilidades digitais e liderança inovadora, para habilitar a inovação interativa e viabilizar o aprendizado contínuo. Implantar plataformas de software reutilizáveis, ágeis e de código aberto é primordial neste sentido, o que envolve infraestruturas de nuvem híbrida escaláveis, resilientes e com eficiência energética.

Para que a transformação digital efetivamente ocorra no setor governamental, é crucial que os investimentos sejam realizados de forma inteligente, de maneira a guiar governos e cidades por dados, proporcionando experiências digitais imersivas e habilitando serviços automatizados. O investimento em treinamento para solucionar a falta de profissionais especializados na região pode ser apoiado pelo alinhamento da automação à otimização da infraestrutura, outra forma estratégica de reduzir a falta de habilidades. A premissa é contar, acima de tudo, com infraestruturas de TI ágeis, escaláveis e sustentáveis, para permitir o compartilhamento seguro de dados confiáveis. O governo digital é a nova ordem e precisa, mais do que nunca, acelerar a digitalização para garantir o progresso em todo o mundo.

*Gilson Magalhães é presidente da Red Hat Brasil

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