SEC acusa Sam Bankman-Fried, da FTX, por fraude contra investidores
Um dia depois de ser preso nas Bahamas, ex-CEO é acusado de fraude; "menino prodígio" das criptomoedas deixou investidores no prejuízo após falência de corretora em novembro
Mariana Maria Silva
Publicado em 13 de dezembro de 2022 às 09h45.
Última atualização em 13 de dezembro de 2022 às 10h46.
Nesta terça-feira, 13, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA ( SEC ) acusou formalmente Sam Bankman-Fried, da FTX, por fraude contra investidores. O ex-CEO da FTX protagoniza um dos maiores colapsos do mercado de criptomoedas desde o último mês, quando sua corretora, então segunda maior do mundo, foi à falência em menos de uma semana, revelando uma série de polêmicas e má gestão.
“A Comissão de Valores Mobiliários acusou hoje Samuel Bankman-Fried de orquestrar um esquema para fraudar investidores de capital na FTX Trading Ltd. (FTX), a plataforma de negociação de criptomoedas da qual ele era CEO e cofundador. As investigações sobre outras violações da lei de valores mobiliários e outras entidades e pessoas relacionadas à suposta má conduta estão em andamento”, diz um documento publicado pela instituição.
Na acusação, a “CVM dos Estados Unidos” diz que “o réu ocultou seu desvio dos fundos dos clientes da FTX para a Alameda Research enquanto levantava mais de US$ 1,8 bilhão de investidores”.
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Para a SEC, o colapso da FTX foi o resultado de “uma fraude de anos” orquestrada por Sam Bankman-Fried, o fundador da companhia. A responsabilidade fica com o ex-bilionário após este apresentar garantias falsas aos investidores, tanto da empresa quanto de sua plataforma de criptomoedas.
A FTX ganhou espaço rapidamente no mercado cripto. Fundada em 2019, a corretora de criptomoedas se tornou a segunda maior do mundo, fechando parcerias com celebridades, incluindo a modelo brasileira Gisele Bündchen.
No entanto, tudo acabou quando dados sobre o balanço da Alameda Research, empresa do grupo, despertaram temor e uma onda de saques na plataforma, que logo apresentou insolvência. Apesar das tentativas de Sam Bankman-Fried para acalmar os ânimos de investidores, a FTX não conseguiu honrar com os saques e deixou uma série deles em um prejuízo bilionário ao declarar falência e entrar em recuperação judicial.
Ao acusar Sam Bankman-Fried de ter violado as disposições antifraude da lei de negociação de valores mobiliários dos EUA de 1933 e 1934, a SEC afirma que o ex-CEO foi responsável pelas decisões de misturar o dinheiro de clientes com o dinheiro da companhia e de outras empresas relacionadas, como a Alameda Research.
Além dos problemas que culminaram na falência, a comissão também acusa Bankman-Fried de fraude ao mentir para investidores sobre os riscos e investimentos da FTX em segurança.
“Alegamos que Sam Bankman-Fried construiu um castelo de cartas com base na fraude, enquanto dizia aos investidores que era um dos edifícios mais seguros em cripto”, disse o presidente da SEC, Gary Gensler.
"A suposta fraude cometida pelo Sr. Bankman-Fried é um alerta para as plataformas criptográficas de que elas precisam estar em conformidade com nossas leis. A conformidade protege tanto aqueles que investem e aqueles que investem em plataformas criptográficas com salvaguardas testadas pelo tempo, protegendo adequadamente os fundos dos clientes e separando linhas de negócios conflitantes. Também esclarece a conduta da plataforma de negociação para investidores por meio de divulgação e reguladores por meio de autoridade de exame. Para as plataformas que não cumprem nossas leis de valores mobiliários, a Divisão de Execução da SEC é pronto para agir”, acrescentou Gensler.
Além da má gestão do dinheiro de clientes dentro do grupo FTX, que investia no cultivo de alface, remédios para emagrecer e loções falsificadas, os fundos também teriam sido usados para doações políticas e compras de imóveis luxuosos.
Sam Bankman-Fried foi um dos maiores doadores políticos do Partido Democrata nos Estados Unidos e residia em uma mansão nas Bahamas onde supostamente vivia um relacionamento poliamoroso com outros dez executivos da empresa.
O cofundador da FTX foi preso na última segunda-feira, 12, nas Bahamas, onde residia. A prisão foi executada após um pedido formal do Ministério Público dos EUA para o Distrito Sul de Nova York. Os promotores do Distrito Sul de Nova York acusaram Bankman-Fried de fraude eletrônica, conspiração de fraude eletrônica, fraude e conspiração de fraude de valores mobiliários e lavagem de dinheiro.
“Em ações paralelas, a Procuradoria dos EUA para o Distrito Sul de Nova York e a Comissão de Negociação de Contratos Futuros de Commodities (CFTC) anunciaram hoje acusações contra Bankman-Fried. A SEC agradece a assistência do Ministério Público dos EUA para o Distrito Sul de Nova York, do FBI e da CFTC”, conclui um documento publicado pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA.
Além de Bankman-Fried, outras personalidades curiosas estão envolvidas no caso, como Caroline Ellison e Sam Trabucco, que atuaram como co-CEOs da Alameda Research. Com o estouro do caso e a falência da empresa, Ellison chamou a atenção por declarações polêmicas de racismo, machismo e ódio contra minorias nas redes sociais.
Já Trabucco havia declarado publicamente em outras ocasiões, o uso de estratégias de pôquer e outros jogos de cartas nos negócios da Alameda Research. Nenhum dos dois foi preso, até o momento.
“Bankman-Fried permaneceu como o tomador de decisão final na Alameda, mesmo depois que Ellison e Trabucco se tornaram co-CEOs em outubro de 2021 ou por volta dela. registros e bancos de dados”, justificou o documento publicado pela SEC nesta terça-feira, 13.
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