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Real Digital: após declarações de Guedes, BC diz que 'não inspecionará dados como na China'

Intenção da instituição com desenvolvimento de moeda digital prevista para lançar em 2023 é promover soluções financeiras e evitar lavagem de dinheiro e terrorismo, segundo representante do Banco Central

Real Digital tem lançamento previsto para 2023 (Priscila Zambotto/Getty Images)
MM

Mariana Maria Silva

Publicado em 29 de setembro de 2022 às 17h25.

Última atualização em 29 de setembro de 2022 às 17h37.

O processo global de digitalização dos serviços financeiros está cada vez mais avançado: moedas digitais, blockchain, open finance e Pix estão entre os protagonistas. Neste sentido, governos de países em todo o mundo voltam suas atenções para o desenvolvimento de soluções que possam gerar inovação financeira.

Brasil, China, Suíça e Estados Unidos são apenas alguns em uma lista extensa de países que pesquisam, principalmente, as moedas digitais de bancos centrais (CBDCs). Elas são baseadas em tecnologia blockchain e funcionam como versões digitais de moedas oficiais de países.

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No entanto, o tema gera discussão quanto a segurança digital e a proteção de dados, por exemplo.

Em sua participação no podcast Flow, o Ministro da Economia Paulo Guedes foi questionado sobre casos recentes de golpes e outros crimes que utilizam o Pix, sistema brasileiro de pagamentos instantâneos.

“Nesse caso da criminalidade digital, acho que vamos ter que mergulhar nisso. Existem tecnologias muito interessantes, como o blockchain”, respondeu Guedes.

Mencionando a tecnologia blockchain como uma possível solução para o problema, o ministro também elogiou a rastreabilidade de dados do Real Digital, CBDC brasileira em desenvolvimento com lançamento previsto para 2023. “Vai acabar esse negócio de dinheiro de papel, vai ser tudo digital ”, disse.

“Vai ter um blockchain embaixo, que dá o encadeamento todo, e pode fazer o rastreamento inteiro. Se alguém te sequestrar e o dinheiro for para algum lugar que o cara queria usar, como não vai ter dinheiro, pegar fisicamente, vai ter que desviar para uma conta, e vai ser possível rastrear e pegar o cara”, explicou o ministro.

Apesar de ter sido citada como um benefício, as declarações de Guedes sobre a rastreabilidade de dados geraram desconfiança em membros do setor das criptomoedas. Isso porque em alguns países como a China, estes dados podem ser inspecionados pelo governo local.

No entanto, durante uma palestra no evento Fintouch 2022, organizado pela Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs) em São Paulo com a presença de representantes do Banco Central e da Fenasbac, o tema foi desmentido.

“O brasileiro pode ficar tranquilo que não vamos fazer isso”, disse Aristides Andrade Cavalcante Neto, chefe-adjunto do Departamento de Tecnologia da Informação do BC, sobre a inspeção de dados. “Queremos prevenir a lavagem de dinheiro e o terrorismo”, acrescentou.

No bate-papo, que ocorreu na última quarta-feira, 28, em São Paulo, Rodrigoh Henriques, da Fenasbac, destacou as diferenças entre o Real Digital e as CBDCs de outros países.

Ele destacou que o Real Digital precisará resolver outros problemas para o brasileiro além das transações instantâneas, já solucionadas pelo Pix. No entanto, em países que ainda não contam com soluções similares à brasileira, este seria um grande objetivo para o desenvolvimento de uma CBDC, por exemplo.

A Fenasbac foi convidada pelo Banco Central para liderar o desenvolvimento do LIFT Challenge.

Sobre o tema de privacidade, ele defendeu que “o brasileiro não é chinês, por isso o Real Digital não vai ser como o Iuane Digital”, afirmou Rodrigoh Henriques, diretor de inovação da Fenasbac, sobre a possibilidade de dados do Real Digital serem inspecionados como na China.

“Não tem como o Real Digital ser uma versão chinesa ou suíça. Estamos desenhando uma moeda digital brasileira”, acrescentou.

Apesar das declarações, foi confirmado por Aristides, no evento, que o Banco Central chegou a se reunir com o Banco Central chinês para falar sobre o iuane digital, CBDC do país. Na China, seu desenvolvimento se encontra em estágio avançado e as transações com a moeda digital chegaram a superar as da Visa nas Olimpíadas de Inverno de 2022.

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