(Reprodução/Reprodução)
Redação Exame
Publicado em 17 de setembro de 2023 às 11h00.
Estabelecer uma empresa em um novo país não é simples. Fatores como infraestrutura e abertura dos reguladores são importantes e complementares. A ausência de um desses requisitos pode impactar nas decisões das empresas na hora de ancorar em um país.
Seguindo esta linha, o Brasil se apresenta como a maior potência da América Latina para diversos setores, notadamente tecnologia e finanças. Além de ser a maior economia da região, o Brasil apresenta outros dados muito interessantes. O acesso à internet é um deles, já que cerca de 70% da população já está conectada à rede mundial de computadores, aponta uma pesquisa publicada pela TIC Domicílios em maio deste ano.
O uso de dispositivos móveis é outro ponto importante. Um estudo da Fundação Getúlio Vargas, publicado em maio deste ano, revelou que a proporção de smartphones no Brasil é de 1,2 dispositivo para cada brasileiro. Esse dado aponta para o perfil altamente receptivo às novas tecnologias da população brasileira.
O maior trunfo do Brasil em relação a outros países, porém, é o seu pioneiro Banco Central (BC), que sempre está atento às tendências globais e procura sempre sair na frente. É essa dedicação em estar na vanguarda financeira que lhe conferiu, por exemplo, o prêmio de Banco Central mais Inovador em 2023. A honraria foi concedida pelo Global Financial Market Review (GFM), um prestigiado veículo de notícias sediado no Reino Unido.
O prêmio é, no entanto, reflexo de importantes inovações que o BC tem feito nos últimos anos. De forma mais ampla, vale destacar a abordagem do Open Finance, o sistema planejado pela autoridade monetária que ultrapassa a conexão de diferentes instituições financeiras. O objetivo do Open Finance é utilizar essa malha conectada para oferecer serviços aos brasileiros.
Essa visão está alinhada com outro importante desenvolvimento do Banco Central, disponibilizado ao público há quase três anos: o Pix. Além de colocar o Brasil no rol de países que oferecem pagamentos eletrônicos em sua malha financeira, o sistema de pagamentos instantâneos do BC mudou a vida dos brasileiros para melhor. E os números são a prova disso. Em junho, o Pix movimentou R$ 1,3 trilhão através de 3,2 bilhões de transações.
O Pix não mudou, contudo, somente a forma como os brasileiros interagem com o dinheiro. Ele criou uma ponte entre o sistema financeiro tradicional e o mercado de ativos digitais. Ao oferecer transações a qualquer hora, em qualquer dia, o Pix se tornou o ponto de conexão com um mercado que também nunca dorme.
A TruBit é uma das empresas do mercado de ativos digitais que viu no Pix uma ferramenta poderosa e decidiu iniciar operações no Brasil. A empresa já conta com uma base sólida no México, com mais de três anos de operação e US$ 150 milhões movimentados diariamente, mas o caráter inovador do Banco Central do Brasil tornou claro que era hora de expandir as operações na América Latina.
Por isso, para nós, a integração com o Pix foi uma meta estabelecida desde o primeiro dia em solo brasileiro. A adoção do Pix cria uma via de mão dupla, que nos conecta ao rico sistema financeiro brasileiro, e nos permite levar aos brasileiros um mercado que já movimentou R$ 22,6 trilhões entre janeiro e julho deste ano.
Todos os nossos serviços, como a plataforma para negociações de ativos digitais, nossa carteira para custódia desses ativos e nosso mercado de balcão só são muito efetivos no Brasil porque há integração com o Pix.
Vale ressaltar que a postura aberta do Banco Central às inovações somou-se ao Pix quando a TruBit decidiu vir para o Brasil. Um bom exemplo é comparar a forma como o BC brasileiro interage com o mercado de ativos digitais, participando ativamente do processo de regulamentação, com a postura do Banco Central Europeu, que afirmou que moedas digitais são “jogos de azar” em junho deste ano.
O contraste é claro: a entidade monetária que agrupa três dos países mais ricos do mundo ainda faz força contrária aos ativos digitais, enquanto o Banco Central do Brasil recebeu a inovação de braços abertos.
O Drex é uma moeda digital de banco central (CBDC) e representa a versão digitalizada do real, gerada em uma rede blockchain. Ele combina a economia tradicional com a economia cripto, especificamente a tokenizada.
Ao contrário das stablecoins (são criptomoedas pareadas em algum…
— Future of Money (@futofmoney) September 13, 2023
Por último, mas não menos importante, é necessária a menção ao Drex. O projeto é mais do que uma versão digital do real, mas uma alavanca que viabilizará uma nova economia digital que se desenha no Brasil. Além da inovação trazida pelos projetos desenvolvidos dentro da rede do Drex, o ecossistema tornará ainda mais simples a entrada dos ativos digitais na economia brasileira.
A tendência é que grandes empresas se interessem ainda mais pelo Brasil. E quem ganha com tudo isso são os brasileiros.
*Maggie Wu é CEO e cofundadora da Krypital Group e da Galactic Holdings. A executiva é uma das primeiras evangelizadoras sobre cripto, investidora e empreendedora com mais de quinze anos de experiência em indústrias multidisciplinares em todo o mundo. Bacharel pela Universidade de Xiamen e pós graduada no MIT Sloan.
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