Repórter do Future of Money
Publicado em 3 de fevereiro de 2025 às 17h31.
Última atualização em 3 de fevereiro de 2025 às 17h49.
O bitcoin tem chamado a atenção dos investidores nas últimas horas. A maior criptomoeda do mercado chegou a cair mais de 5% e rondar os US$ 90 mil no último domingo, 2, na esteira da imposição de taxas pelos Estados Unidos contra o Canadá, México e China. Já nesta segunda-feira, 3, o ativo recuperou parte das perdas e opera acima dos US$ 100 mil.
Apesar de ainda enfrentar um acúmulo de perdas nos últimos dias, a situação do ativo é melhor que a da maior parte das criptomoedas do mercado. No acumulado das últimas 24 horas, por exemplo, o ether registra perdas de 6,5%. O setor também lida, ainda, com as consequências da maior liquidação diária de investimentos, superando os US$ 2 bilhões.
Mas, afinal, o momento atual é uma oportunidade de compra de bitcoin ou sinaliza uma tendência de novas quedas no curto prazo?
Theodoro Fleury, gestor e diretor de investimentos da QR Asset Management, avalia que a queda das criptomoedas reflete uma "correlação com Nasdaq e demais ativos de risco", e não necessariamente "fatores que afetem diretamente o ecossistema de ativos digitais".
"Claro que existe o temor de persistência ou até aumento da inflação americana, por conta das medidas anunciadas, e isso afeta diretamente o bitcoin via política monetária do Federal Reserve, mas achamos a magnitude da queda exagerada para os fatos", ressalta.
No longo prazo, o executivo segue projetando uma tendência de alta para a criptomoeda e avalia que a nova queda "parece ser uma oportunidade de compra".
Na mesma linha, Ana de Mattos, analista técnica e trader parceira da Ripio, diz que "os investidores devem considerar que os movimentos de queda são temporários e devem ser vistos como oportunidades. Investidores experientes já perceberam que as quedas bruscas oferecem momentos ideais para fazer novos aportes e comprar criptomoedas a preços mais baixos, mirando em oportunidades de longo prazo para lucrar".
"A recente correção no ciclo do bitcoin é saudável e esperada, considerando que o bitcoin valorizou 100% nos últimos seis meses, desde o último ponto baixo em agosto de 2024 até hoje", pontua.
A visão da analista é que a nova queda "é o momento ideal para fazer novas compras, utilizando o caixa de oportunidades. Uma estratégia de divisão do portfólio é crucial. Por exemplo: 60% em bitcoin e outras moedas consolidadas, 20% em novas narrativas e 20% disponível em caixa para compras de oportunidade acaba sendo uma boa saída para momentos de queda".
Ela estima ainda que as resistências atuais de preço para a criptomoeda são de US$ 98,7 mil em caso de queda e de US$ 102,2 mil em caso de alta.
Beto Fernandes, analista da Foxbit, comenta que a queda recente "foi consequência de um ruído macroeconômico que tende a se esvair com o passar do tempo". No médio e longo prazos, porém, "os fundamentos do bitcoin permanecem ainda muito fortes".
"A perspectiva de uma regulamentação mais flexível sobre o mercado de criptomoedas ainda está em pauta. Dependendo da forma como o governo se posicionar, isso pode trazer vantagens muito importantes para o setor e isso, claro, tende a valorizar o bitcoin", ressalta.
Ele destaca que investidores tradicionais e institucionais seguem investindo na criptomoeda por meio dos ETFs nos Estados Unidos. Apesar de não descartar possíveis novas quedas no curto prazo por desdobramentos das medidas de Trump, Fernandes vê um "posicionamento interessante em torno do bitcoin, que sugere um médio prazo ainda positivo".