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Mastercard quer oferecer "soluções seguras e escaláveis" para cripto, diz líder global

Em entrevista exclusiva à EXAME, vice-presidente executivo da Mastercard detalhou iniciativas da empresa na área de blockchain e novidade para o Brasil

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 8 de outubro de 2024 às 14h02.

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A Mastercard quer ajudar a "organizar o ecossistema" cripto por meio da oferta de soluções "seguras e escaláveis" para esse mercado. É o que revela Raj Dhamodharan, vice-presidente executivo da gigante de meios de pagamentos, em uma entrevista exclusiva à EXAME sobre os planos da empresa, incluindo no Brasil.

Dhamodharan destaca que "a Mastercard tem uma história de reunir ecossistemas, garantir que todos consigam participar deles com regras seguras para todos e que permitam criar e escalar casos de uso. A organização de ecossistemas é nossa especialidade historicamente, não só em blockchain".

Nesse sentido, o executivo afirma que a empresa tem a "obrigação de oferecer soluções de forma segura e escalável" para o setor. E o interesse da companhia em cumprir esse papel também reflete um movimento de inserção de grandes companhias no setor: "Mais instituições financeiras estão interessadas [em blockchain e cripto] e querem ver usos comerciais para essas tecnologias".

Reduzindo as "inconveniências" de blockchains

Na visão do líder global da Mastercard, os projetos da empresa para o mundo cripto tem como objetivo reduzir algumas "inconveniências" que os usuários ainda precisam enfrentar quando usam a tecnologia blockchain. Ele cita como exemplo "a transferência via endereços de carteiras digitais", uma das ações que mais abre espaço para erros.

"Tem questões como quais criptomoedas você pode usar, precisar colocar um endereço longo e complicado para não errar a transferência. É algo complexo e que dificulta dar uma escalabilidade para essas operações", afirma. A resposta da companhia a esse problema foi o lançamento do Crypto Credential (Credencial Cripto, em tradução), que substitui os tradicionais endereços por uma credencial menor e mais simples de ser usada em transações internacionais.

A Mastercard também tem trabalhado para facilitar a conversão de criptomoedas em moedas fiduciárias, o chamado "on-ramp, off-ramp", e com o lançamento de diferentes tipos de cartões, incluindo um novo que é ligado diretamente a carteiras digitais e aos valores em cripto dos clientes.

O foco é em "permitir que o consumidor tenha uma escolha em relação a como quer gastar, com qual dinheiro quer gastar, e tudo isso com uma experiência simples. Claro que ainda precisa passar por todas as questões de segurança e verificação, mas queremos que seja algo conveniente para todos".

A empresa espera ainda que projetos como a Crypto Credentials ajudem as pessoas a "fazer transações globais de forma mais simples". Anunciado em 2023, o projeto começou a ser lançado neste ano. No Brasil, ele já está disponível graças a uma parceria entre a empresa e a corretora Mercado Bitcoin. A ideia é expandir a rede de parceiros no país, dando mais alcance à ferramenta.

"Estamos focos nas transações internacionais. Tradicionalmente, tem um fluxo muito intenso de transações envolvendo América do Norte, Europa e América Latina. É um mercado que já existia antes de cripto, e a opção de cripto pode ser uma forma popular de transferência de valor", avalia.

Outro projeto é a Multitoken Network, que Dhamodharan resume como uma "iniciativa de tokenização de depósitos bancários". O projeto começou a avançar com testes em diversos locais, incluindo Hong Kong, e faz parte de um esforço da Mastercard para "desbloquear para os nossos clientes o potencial da tokenização, um mercado que pode valer US$ 2 trilhões daqui a alguns anos".

"Blockchain é uma tecnologia que, ao ser combinada com depósitos bancários, tende a ajudar muito os nossos clientes, trazendo todo o aspecto de programabilidade também", diz.

Regulação

Para o executivo global da Mastercard, o mercado de criptomoedas tem se tornado cada vez mais maduro, com uma "regulação mais clara em mais mercados que ajuda a desbloquear novos players, investimentos e casos de uso. É a transição que vimos nos últimos anos".

"Os detalhes mudam de mercado em mercado, mas existem as melhores práticas que garantem que os dois lados tenham o mesmo nível de verificação e segurança. Nenhum integrante do ecossistema cripto quer ter uma transação fraudulenta, é do interesse de todos que não tenham transações fraudulentas. É algo que ainda precisa ser resolvido para que cripto possa ser usado em transações transfronteiriças", destaca.

Sobre o futuro das criptomoedas, o executivo da Mastercard afirma que "nós olhamos para as muitas criptomoedas como ativos de investimento para os clientes. Não queremos promover uma específica, mas sim permitir que os consumidores, ao vender e comprar, façam isso em exchanges que cumpram a regulação local. É sobre habilitar o conjunto certo de players, a escolha segura para os consumidores".

"Temos visto nos casos de uso, em especial na tokenização, que na verdade conseguem desbloquear novos modelos de negócios e, como resultado, estamos vendo um papel para uma solução de interoperabilidade para as instituições financeiras, e a Mastercard vê uma atuação nessa área", pontua.

Sobre o Brasil, Dhamodharan define o Banco Central como "bastante inovador" e destaca a participação da Mastercard no piloto do Drex, a versão digital do real. Ele ressalta que a empresa "sempre está interessada em levar soluções inovadoras para vários mercados. Vamos continuar explorando casos de uso comerciais que possam emergir do Drex".

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