Roberto Campos Neto, presidente do BC (Andressa Anholete/Bloomberg via/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 6 de novembro de 2024 às 11h00.
Durante o lançamento de novas funcionalidades do Pix na sede do Google em São Paulo, o presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, destacou que a tecnologia é um instrumento de democratização e que a integração entre Open Finance e tokenização é extremamente poderosa.
"Acredito que um aspecto ainda subestimado é a interação entre Open Finance, democratização dos pagamentos e tokenização. Poucos discutem o potencial da interconexão entre tokenização e Open Finance, mas ela é extremamente poderosa. Imagine ter portabilidade e comparabilidade em tempo real, não em formato de conta, mas de token.
A agilidade disso é enorme: você poderia leiloar seu próprio colateral ou qualquer ativo com programabilidade para um pagamento futuro", disse.
Segundo Campos Neto, o futuro dos pagamentos passa por uma expansão dos pagamentos instantâneos, como o Pix, em diversos países, no entanto, há uma diferente entre sistemas de pagamentos 'simples' e aqueles que permite o dinheiro programável, como o nacional.
"Quando criamos o Pix, um dos maiores cuidados foi garantir que ele pudesse se integrar com sistemas à frente de seu tempo, de forma programável. Criamos APIs que, embora centralizadas, permitiram uma interatividade que não existia antes.
Hoje, por exemplo, vemos outros sistemas que ainda têm dificuldades para interagir com IPs ou realizar transações de forma programável. É por isso que buscamos construir o Pix com uma visão de futuro, já prevendo a integração com iniciativas como o Open Finance e o Drex", afirmou.
Campos Neto destacou que desde 2018, quando o BC começou a desenhar essas soluções, o regulador pretendia criar algo que olhasse para o futuro, "mesmo sem saber exatamente onde o caminho nos levaria. Nosso objetivo era garantir que houvesse elementos padronizados para facilitar essa integração", afirmou.
Ainda segundo o presidente do BC, outro ponto que considero relevante para o futuro dos sistemas de pagamento instantâneos é a possibilidade de conectar diferentes países. Segundo ele, muitos países já estão avançando nesse sentido, e acredito que, eventualmente, teremos essa integração.
"Imagine um mundo onde todos os países possuem sistemas de pagamento instantâneos conectados. Isso viabilizaria transações transfronteiriças de maneira imediata, sem a necessidade de uma moeda única. A conversibilidade instantânea entre moedas locais poderia, inclusive, diminuir a relevância de debates sobre moedas comuns.
Com pagamentos instantâneos globais, estaríamos conectando o mundo de uma forma nova e eficiente, o que teria grande impacto nas relações econômicas. Esse trabalho está em andamento, e estamos progredindo rapidamente para alcançar essa visão.", disse.
O presidente do BC também destacou que o Pix gerou benefícios para os consumidores na ordem de 18,3 bilhões de reais em 2023, o que representa aproximadamente 2,5% do PIB. Embora ainda faltem estudos detalhados sobre a eficiência e os ganhos gerados, temos muitos relatos anecdóticos. Por exemplo, recebo mensagens de pessoas compartilhando como o Pix mudou suas cidades.
"Lembro de um caso onde alguém relatou que antes não havia agências bancárias ou caixas eletrônicos. As pessoas precisavam viajar até outra cidade em uma van para pagar contas, o que era caro e limitava os negócios locais. Com o Pix, a realidade econômica mudou; hoje, há até novos negócios surgindo, e a comunidade se beneficia de um sistema de pagamento acessível e instantâneo.
Isso mostra como a tecnologia pode transformar vidas com custos relativamente baixos, já que o desenvolvimento do Pix custou 15 milhões de reais, mas gera impactos significativos na economia", completou.
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