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Hype das criptomoedas meme, ou "memecoins" acabou, diz CEO

Nos últimos três meses, o mercado de memecoin amargou queda acentuada, com a capitalização total de mercado perdendo 56,8%

O cão shiba inu do dogecoin: moeda valorizou 6.000% neste ano em disputa acirrada de adoradores fiéis  (Yuriko Nakao/Getty Images)

O cão shiba inu do dogecoin: moeda valorizou 6.000% neste ano em disputa acirrada de adoradores fiéis (Yuriko Nakao/Getty Images)

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Publicado em 16 de março de 2025 às 10h00.

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Inspiradas em memes, figuras públicas exponenciais, animais, entre outros temas, as memecoins ganharam a simpatia não apenas de entusiastas da indústria cripto, mas de um público diverso. O fenômeno levou a criação de várias coleções no Brasil e no mundo, movimentou milhares de dólares e agora foram duramente atingidas com a atual queda do mercado cripto.

Nos últimos três meses, o mercado de memecoin amargou queda acentuada, com a capitalização total de mercado perdendo 56,8%. Essa queda levantou questões, principalmente, sobre se a era de crescimento explosivo para esses ativos digitais terminou.

Várias personalidades, incluindo o presidente da maior economia do planeta, se beneficiaram da popularidade e do hype das memecoins.

Perguntamos a alguns CEOs especialistas, traders e criadores da indústria o que eles pensam sobre o tema.

O que está por trás do poder das memecoins ?

Para Ariel Alexandre, CEO do Gotas, as memecoins representam uma revolução no universo das criptomoedas pela essência comunitária e descentralizada.

Diferente de projetos tradicionais, onde os criadores muitas vezes concentram a maior parte dos tokens, as memecoins prosperam quando a propriedade é amplamente distribuída. É a comunidade quem define o rumo e o valor dessas moedas, como exemplificado pelo caso da $WIF, que se destacou por seguir esse modelo de autogestão, diz o executivo.

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Antonio Neto, CEO da Vega Crypto acredita em duas frentes que considera importantes em relação ao tema.

A primeira é que as pessoas não estão muito esperançosas na perspectiva econômica por toda parte. Então, estão apostando em tudo que podem. Estamos por exemplo, vendo o crescimento das bets no Brasil, e isso é um fenômeno no mundo todo. Então, tem essa primeira parte.

A segunda é que ela é um jogo completamente aberto. E todo mundo sabe muito bem onde está entrando, entendendo que as memecoins não têm nenhum valor intrínseco, e ao ponto de a Securities Exchange Commission (SEC) chegar a dizer que não considera uma security por conta da forma de lançamento. Então, eu acho que existem alguns fatores relacionados à macroeconomia, questões pessoais de investimento das pessoas e a questão da atenção.

As memecoins nasceram da cultura da internet, muitas vezes sem pretensão de se tornarem investimentos sérios. Diferentemente de criptomoedas consolidadas, essas moedas digitais dependem menos de fundamentos técnicos e mais de viralização e especulação, diz o fundador da Sunset Labs, John Rhodel Bartholomé.

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Elas são o reflexo de um mundo cada vez mais conectado, onde memes têm mais influência sobre mercados financeiros do que algumas decisões econômicas tradicionais, acrescenta John.

A primeira memecoin a ganhar destaque foi a Dogecoin, criada como uma brincadeira, mas que rapidamente conquistou uma comunidade apaixonada. Outras, como Shiba Inu e Baby Doge, seguiram o mesmo caminho, explorando o engajamento digital para gerar valor. Mas será que essa lógica é sustentável?

Segundo Bartholomé, o sucesso de uma memecoin depende diretamente do engajamento social. Influenciadores, celebridades e comunidades online têm o poder de impulsionar ou derrubar o valor desses ativos da noite para o dia.

Isso cria oportunidades de lucros rápidos, mas também riscos imensos, tornando esses investimentos mais parecidos com apostas do que com aplicações financeiras estratégicas.

O fundador da Acolyte, Conrado de Sá, ressalta que as memecoins ou memes, sempre existiram e sempre irão existir. É um formato cultural das pessoas. Então elas encontram algo para falar sobre. Seja de forma positiva ou muitas vezes brincando com uma coisa negativa e isso viraliza. Então memecoins é uma tokenização de memes. O que possibilita que as pessoas invistam naquele meme específico.

Após vários ataques hackers com políticos, qual o lado bom dos ativos digitais?

Em menos de duas semanas, entidades ligadas à $TRUMP acumularam cerca de US$ 100 milhões em taxas de negociação, enquanto milhares de pequenos investidores enfrentaram perdas significativas, lembra Bartholomé. Apenas o volume de negociação superou US 1,5 bilhão.

“Além disso, a falta de regulamentação específica para memecoins levanta questões sobre a proteção dos investidores e a integridade do mercado financeiro. Esses acontecimentos ressaltam a necessidade de um equilíbrio entre inovação tecnológica e a implementação de políticas públicas que assegurem a transparência e a segurança no mercado de criptomoedas.”, acredita o fundador da Sunset Labs, que é a empresa Business Development da Polkadot no Brasil e Paraguai.

Segundo de Sá, o lado bom dos ativos é que ele é um mecanismo de on-boarding muito alto. Por exemplo, a gente vê a meme-coin do Trump que acabou trazendo 9 milhões de novas wallets para a Solana. Então trouxe mais wallets. Agora, as pessoas que investiram com a expectativa de fazer dinheiro, elas estão felizes? Provavelmente não, porque o token caiu muito.

“Então ela tem que ser utilizada com muita cautela, sem nenhum tipo de promessa e normalmente só quem faz dinheiro é quem entra cedo, mas aí vale praticamente qualquer ativo. Mas elas tendem a cair durante o tempo porque as pessoas enjoam daquele meme, a não ser que tenha uma notícia muito boa depois de algum período ou viraliza novamente, que é difícil de acontecer, ou acaba virando um projeto de verdade que aí deixa de ser uma memecoin.”, diz de Sá.

Conrado usou a Bonk como exemplo. Ela foi lançada como uma memecoin e hoje tem um projeto real. Existe, por exemplo, um bot de trade. Ele de fato queima bonk conforme as pessoas vão utilizando e são ferramentas muito boas.

Então pode servir como uma ferramenta de on-boarding para chamar a atenção de um público novo para adicionar capital e para depois criar um projeto de fato utilitário que vá gerar uma algo a longo prazo. No início pode ser que seja bom, mas para falar a verdade, 95% ou mais tendem a zero. Então tem que tomar muito cuidado na hora de fazer”, revela o CEO da Acolyte.

Recentemente o presidente argentino Javier Milei se envolveu em um escândalo ao promover a memecoin $LIBRA em suas redes sociais. Após a divulgação, o valor da criptomoeda disparou, mas logo despencou, levando a acusações de “rug pull” (golpe financeiro onde os criadores abandonam o projeto após inflar seu preço). O CEO da Kelsier Ventures, Hayden Mark Davis, afirmou que a promoção foi previamente acordada com assessores de Milei, levantando suspeitas de corrupção.

Milei negou envolvimento direto, mas enfrenta denúncias criminais e pedidos de impeachment. O caso, apelidado de “Cryptogate”, abalou sua credibilidade e complicou sua governabilidade.” reflete Bartholomé.

Ataques hacker, tokens e assessoria ruim

Sobre ataques hacker, Neto relata que os únicos tokens que tiveram casos realmente hackeados foram da África. Ele também concorda com Bartholomé sobre Milei ser mal assessorado

“Acho que dois ou três presidentes de países pequenos africanos tiveram suas contas no X hackeadas e aí lançaram tokens em cima dessa conta. Mas, falando especificamente das moedas lançadas pelos políticos, acredito que no caso do Trump, é claramente uma memecoin. Ele lançou isso abertamente, os filho estão envolvidos. Então, foi algo muito consciente, no caso dele.

Já no caso do Milei, ele foi assessorado pelas pessoas erradas e falta de conhecimento do presidente argentino. Até porque já sabemos que ele não é nenhum expert em criptomoeda, e até mesmo em bitcoin. Então acho que é mais uma questão de má assessoria neste caso.

Conforme o CEO da Vega Crypto, o lado bom desse mercado é que ele desmascarou tudo ou boa parte do que as pessoas entendem como o mercado, como as coisas funcionam, e foi um jogo de atenção.

Tem o caso do Peanut, MAGA enfim, diversos tokens que foram memes, alguns até se tornaram projetos, construíram uma comunidade ao redor disso, mas é um número bem pequeno.

Visão de longo prazo

Ariel, por exemplo, enxerga nas memecoins um potencial que vai além do hype inicial. Elas oferecem vantagens que moedas tradicionais não conseguem replicar facilmente, como interações personalizadas e recompensas diretas, livres de barreiras fiscais e regulatórias complexas. Projetos como $TRUMP ilustram como a comunidade pode moldar o destino dessas moedas, mas o verdadeiro sucesso, segundo ele, depende de uma distribuição equitativa.

É um mercado apenas para nível avançado em cripto trader?
Eu não acho que as memecoins são apenas para trader avançado, várias ferramentas foram desenvolvidas ao longo dos meses, ao longo desse período de memecoins que ajudavam e facilitavam para qualquer pessoa a escolha de moedas, mas depois de um tempo o mercado ficou muito saturado e grande parte não vingava, diz Antonio.

Para ele, quem ficou no mercado foi o que chamamos de trench… ou seja, o pessoal que fica nas trincheiras tentando qualquer coisa. Então acabou sendo algo para todo mundo, mas depois ficaram apenas os apostadores nas trincheiras.

Conrado de Sá, acha o contrário e afirma que é um mercado para iniciante, porque quem é avançado em trader cripto não vai comprar memecoin a não ser que tenha alguma informação privilegiada para comprar e fazer dinheiro ou de fato ter achado engraçado e querer comprar só pela zoeira, mas ele vai entender com certeza que na grande maioria das vezes ele vai perder dinheiro e normalmente memecoins são o que fazem as pessoas comprarem inicialmente em cripto.

O hype acabou ou é apenas o mesmo sentimento negativo que paira atualmente no mercado?
E acredito que o hype acabou, eu não acho que memecoins voltam da mesma maneira, acho que talvez alguns projetos que estão mais fortes, como eu comentei, que criaram comunidade etc. Eles irão acabar se organizando e conseguir viver nesse ambiente. Mas eu acho que o mercado de memecoins vai ser bem diferente daqui para a frente, acredita Antonio Neto.

Impossível falar: memecoins vão morrer: Não. As pessoas vão querer colocar dinheiro naquilo que elas gostam e acham engraçado, opina Conrado de Sá.

“É um investimento? Com certeza, não porque não tem nenhuma utilidade, ou algo atrelado a ela que vá gerar valor no futuro. Você está apenas colocando dinheiro naquilo que gosta e pode ser que viralize mais do que quando você comprou e pode ser que você faça dinheiro. Simples assim. Então o poder das memecoins é poder da viralização com facilidade. Até porque ela foi criada e baseada nisso, explica Conrado.

“O mercado no geral está com um sentimento negativo. A gente vê, por exemplo, o Bitcoin caindo, o Ethereum caindo. Então, mesmo as tokens de utilidade caíram bastante. Eu, particularmente, eu foco muito mais na tecnologia”, completa.

Sobre o sentimento virar mais positivo, eu acho que é natural o mercado inteiro ir para um sentimento mais positivo. O meme vai acabar indo junto, mas provavelmente serão memes que já são muito grandes ou novas memes que irão surgir, vão explodir rápido, vão morrer rápido, que é o que sempre aconteceu. E algumas pouquíssimas podem se manter durante algum tempo. Por exemplo, o Pepe, Bonk, finaliza de Sá.

Memecoins como ferramenta de engajamento e marketing

Atualmente, artistas, influenciadores e personalidades estão adotando memecoins como uma estratégia inovadora de marketing. Ao lançar suas próprias moedas, eles transformam sua audiência em participantes ativos, oferecendo benefícios exclusivos, como acesso a eventos, conteúdos especiais ou até influência em decisões criativas.

Essa tendência deve crescer, abrangendo desde políticos com grande visibilidade nas redes sociais até criadores de conteúdo que associam memecoins a personagens, histórias ou causas pessoais. Ariel prevê que esse uso fortalecerá a conexão entre essas figuras e seus seguidores, monetizando a influência de forma direta e criativa.

Memecoins: Impacto social e utilidade prática

Além do engajamento, as memecoins têm potencial para gerar impacto social. O CEO do Gotas, destaca a possibilidade de destinar parte das taxas de transação — que variam entre 1% e 5% — a instituições de caridade. Graças à transparência e automação da blockchain, isso cria uma fonte contínua e confiável de doações, promovendo uma filantropia inovadora.

“Do ponto de vista prático, as memecoins já podem ser usadas em transações do dia a dia. Plataformas como o Gotas permitem que comerciantes aceitem qualquer memecoin e recebam o valor equivalente em moeda fiduciária, como o dólar. Essa conversão instantânea amplia sua utilidade, indo além da especulação e aproximando-as de uma função monetária real, explica Ariel.

Desafios e o futuro do mercado e memecoins
Apesar das possibilidades, Ariel reconhece que o mercado de memecoins ainda enfrenta obstáculos. A ganância inicial e a falta de maturidade podem levar a manipulações, especialmente quando a distribuição dos tokens não é justa. Ele acredita que, com o tempo, o ecossistema se estabilizará, ajustando-se a uma visão mais madura e sustentável. A regulação também deve entrar em cena, acompanhando esse amadurecimento.

Outro ponto forte é a capacidade de atrair liquidez internacional. Personalidades de qualquer país podem lançar memecoins acessíveis globalmente, permitindo que pessoas de mercados externos as adquiram — seja para uso prático ou especulação. Esse alcance transfronteiriço, aliado ao poder de mídia de figuras públicas, torna as memecoins uma ferramenta única no cenário digital.

Em resumo, as memecoins são, na visão de Ariel, uma ponte entre engajamento, impacto social e inovação financeira. À medida que o mercado evolui e se torna mais saudável, elas têm o potencial de se consolidar como parte integrante do futuro digital, oferecendo oportunidades tanto para criadores quanto para suas comunidades.

*Matéria original por Aline Fernandes no BeinCrypto, portal parceiro da EXAME.

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