Crise do Credit Suisse ajudou na valorização do bitcoin (Reprodução/Reprodução)
Redação Exame
Publicado em 20 de março de 2023 às 17h00.
O Credit Suisse se tornou nos últimos dias o novo capítulo da crise bancária que atinge os Estados Unidos e outros países. Passando por problemas há alguns anos, o banco precisou ser resgatado pelo UBS para evitar uma quebra. Mas, em 2017, o seu então CEO se concentrou em criticar o bitcoin, que surgiu com a proposta de ser uma alternativa ao sistema financeiro global.
À época, Tidjane Thiam disse que a maior criptomoeda do mercado tinha "uma série de desafios. O primeiro sendo realmente a questão do anonimato. Eu acho que a maioria dos bancos, no atual cenário regulatório, tem pouco ou nenhum apetite para se envolver com uma moeda com tantos desafios de lavagem de dinheiro".
O então responsável por liderar o Credit Suisse afirmou ainda que "pelo que podemos identificar, a única razão hoje para comprar ou vender bitcoin é ganhar dinheiro, o que é a própria definição de especulação e a própria definição de bolha", se referindo a uma bolha financeira, quando investidores fazem ativos dispararem sem fundamentos.
Thiam assumiu o posto de CEO do Credit Suisse em março de 2015, permanecendo na posição até fevereiro de 2020. No ano em que o ex-CEO falou sobre a criptomoeda, ela estava passando por um ciclo de alta que a fez superar o patamar de US$ 7 mil. Porém, o executivo se mostrou cético quanto ao ativo. Ele acabou renunciando ao cargo depois de ser acusado de espionar um ex-funcionário.
Desde então, o bitcoin passou por novos ciclos de alta e baixa, mas acumula uma forte valorização e uma adoção crescente em relação àquele período. Atualmente, a criptomoeda tem uma nova tendência de alta, e ultrapassou os US$ 28 mil exatamente devido a uma crise em que o Credit Suisse se inseriu.
A alta global de juros ao redor do mundo prejudicou bancos que estavam excessivamente alavancados e com operações financeiras de risco, caso do banco suíço nos últimos anos. Depois que alguns bancos regionais faliram nos EUA, os investidores ficaram ainda mais preocupados com a saúde do Credit Suisse, e o cenário obrigou o banco a ser resgatado.
Nesse cenário, o bitcoin passou a atrair investidores por dois motivos, segundo analistas. O primeiro é que a crise no sistema bancário reforça a tese da criptomoeda, que surgiu como uma alternativa descentralizada no sistema financeiro, e por isso está atraindo investidores. Outros apontam uma possível mudança de visão no mercado, com a ideia de que o bitcoin seria um "ouro digital" ganhando mais adeptos.
Além disso, há uma mudança de perspectiva do mercado quanto ao ciclo de alta de juros nos Estados Unidos. Os investidores passaram a projetar uma postura mais branda do Federal Reserve — reforçada após as recentes falências bancárias —, com altas menores e possíveis cortes já no segundo semestre. O cenário favorece ativos considerados mais arriscados, caso das criptomoedas, já que torna a renda fixa americana menos atrativa e reduz temores sobre uma possível recessão na maior economia do mundo.
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