Future of Money

Drex dá "visibilidade global" para o Brasil e intensifica digitalização, diz Santander

Head de ativos digitais do banco falou sobre potencial transformador da moeda digital brasileira em entrevista para a EXAME

Santander faz parte dos testes com o piloto do Drex (Edgard Garrido/Reuters)

Santander faz parte dos testes com o piloto do Drex (Edgard Garrido/Reuters)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 7 de novembro de 2023 às 14h12.

O desenvolvimento do Drex ainda não terminou, mas já resulta em uma "visibilidade global" para o Brasil, chamando a atenção de outros bancos centrais ao redor do mundo. É o que avalia Jayme Chataque, head de ativos digitais e blockchain do Santander, em uma entrevista exclusiva para a EXAME como parte do Especial: Real Digital.

O executivo destaca que a iniciativa de criar uma moeda digital de banco central (CBDC, na sigla em inglês) tem um "nível de prioridade extremamente alta" para o Santander, considerando tanto a nível nacional quanto global. "CBDC é um tema que todos os bancos centrais estão trabalhando, e sendo o banco internacional com maior operação no varejo do Brasil, o Santander tem uma integração com os times muito forte. É um projeto em que o Brasil tem uma visibilidade global", ressalta.

Na avaliação de Chataque, o piloto do Drex - em que o banco participa - tem "avançado super bem": "Um dos elementos é que o Banco Central tomou uma decisão muito acertada de limitar o escopo do projeto a transações muito específicas, com o real tokenizado na dimensão de visibilidade pro cliente, o Real Digital como moeda emitida pelo BC paras transações entre o BC e entre bancos, e o título público tokenizado".

"Dado que esse escopo foi muito bem definido e limitado, a gente consegue concentrar energia nessas transações, e o Santander já conseguiu realizar todas as possíveis", explica Chataque.

Futuro do Drex

Na visão do executivo do Santander, o maior desafio para o desenvolvimento do Drex no momento é a garantia de privacidade. "Conseguir registrar transações em uma rede que por definição é distribuída é um desafio. O Banco Central colocou há pouco tempo três protocolos para testar em torno desse tema. Esse é o maior desafio, mas existem caminhos a serem trilhados nas próximas semanas e meses para tentar entendê-los", pontua.

Nesse sentido, Chataque diz que tem uma "perspectiva otimista para o futuro", pensando na disponibilização da CBDC para o público. "Tendo a moeda de liquidação com a segurança de uma moeda fiduciária para ser usada em transações em ambiente blockchain é um catalisador importante para a tokenização da economia, para que os ativos que estamos acostumados a gerenciar tenham representações digitais em blockchain via token", explica.

Entretanto, o head de digital assets avalia que ainda é difícil definir qual será o principal caso de uso do Drex, considerando o futuro em que ativos financeiros de alta liquidez - como debêntures - e baixa liquidez - como automóveis e imóveis - ganharão representações em uma rede blockchain.

Ele acredita, porém, que a CBDC será o "catalisador para todos esses casos de uso acontecerem". "Como o piloto foca no título público federal tokenizado, isso é um caso de uso muito potente. Tendo o título tokenizado, você tem isso disponível para usar em garantia", destaca.

  • Para você que adora ler notícias de crypto, a Mynt é o aplicativo ideal para você. Invista e aprenda sobre crypto ao mesmo tempo com conteúdos descomplicados para todos os públicos. Clique aqui para abrir sua conta.

Atuação do Banco Central

Para Chataque, um dos elementos de destaque no piloto do Drex é o fato dele já contar com algumas decisões tomadas, permitindo um "grande avanço". "Uma decisão é que o ambiente de ativos digitais e tokenizados vai ser consistente com o ambiente que já existe de finanças tradicionais. Como tem um depósito à vista no banco, terá um depósito à vista tokenizado, que é o real tokenizado. Essa decisão que já está dada, em outros países ainda está em debate".

"A CBDC, assim como é hoje a moeda tradicional, é uma moeda de transação entre o Banco Central e os bancos, mas o Banco Central não vai ter uma moeda direto com o consumidor final, em outros países isso está sendo debatido. Essa decisão já dá uma segurança que, em outras jurisdições, outras empresas não têm, porque o debate ainda está na mesa", diz.

Com essas decisões, o executivo do Santander afirma que, na prática, "a liquidez da economia não muda com o Drex", o que dá segurança ao garantir a continuidade dos regulamentos existentes, que serão levados para o cenário de ativos digitais: "Ter essa clareza dá um norte que auxilia na tomada de decisões de investimento".

Por isso, ele acredita que o projeto vai ajudar na "intensificação de digitalização do sistema financeiro. O Banco Central definiu que a rede blockchain onde vai circular o Drex será multiativo, ou seja, qualquer outro ativo tokenizado que seguir os mesmos padrões de tecnologia definidos para a rede poderá circular na mesma rede. Como é multiativo, é como se fosse um convite para outros ativos participarem da mesma rede do real".

"Isso encoraja outras iniciativas de tokenização de ativos, inclusive os não financeiros. E tende a aumentar a digitalização. O blockchain tem operações 24 horas, nos sete dias da semana. Na medida em que tem outros ativos tokenizados circulando, é um catalisador para acelerar ainda mais a digitalização", ressalta.

Este conteúdo é parte do "Especial: Real Digital", que tem apoio da Mynt e patrocínio de Aarin Tech-Fin e Febraban. Para saber mais e acompanhar todos os conteúdos exclusivos com quem mais entender de Drex no Brasil, acesse a página do evento na EXAME clicando aqui

Acompanhe tudo sobre:BradescoDrex (Real Digital)Especial: Real Digital

Mais de Future of Money

De novo: bitcoin bate recordes consecutivos de preço em dia de eleição de Trump nos EUA

Bitcoin ultrapassa Meta e se aproxima da prata em disparada pós eleição de Trump

Cripto protagoniza eleições nos EUA: além da Casa Branca, setor terá maioria no Congresso e Senado

O que vai acontecer com o bitcoin após a vitória de Donald Trump nas eleições dos EUA?