Future of Money

Dados sobre inflação nos EUA fazem bitcoin saltar US$3 mil e bater recorde

Os operadores de títulos de dívida estão aumentando suas apostas em uma inflação mais rápida depois da taxa mais alta em três décadas. Será que isso ainda é algo “transitório"?

Bitcoin registrou um novo recorde de preço nesta quarta-feira (IronHeart/Getty Images)

Bitcoin registrou um novo recorde de preço nesta quarta-feira (IronHeart/Getty Images)

Coindesk

Coindesk

Publicado em 10 de novembro de 2021 às 16h15.

Ativos utilizados pelos investidores como reserva de valor, como o bitcoin e o ouro, estão subindo conforme os investidores reavaliam as perspectivas de inflação após a divulgação de um relatório do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) de outubro, nos EUA, com números piores do que o esperado.

Logo após a divulgação dos dados do Departamento de Trabalho, , na tarde desta quarta-feira, 10, o preço do bitcoin subiu quase 3 mil dólares, atingindo um novo recorde a 68.950 dólares.

O relatório mostrou que o custo de vida nos EUA aumentou 6,2% no mês de outubro em relação ao ano anterior, o aumento mais rápido desde 1990. O núcleo da inflação, que elimina os voláteis componentes de alimentação e energia, aumentou 4,6%, o maior ritmo desde agosto de 1991.

(TradingView)

Os dados podem fornecer um novo teste para o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que caracterizou a ameaça de alta da inflação como "transitória" - a ideia de que a pressão de alta nos preços diminuirá assim que a economia global for totalmente reaberta das restrições relacionadas ao coronavírus, devido ao afunilamento da cadeia de fornecimento e outros problemas considerados temporários.

O aumento da inflação foi "de base ampla, com aumentos nos índices de energia, moradia, alimentação, carros e caminhões seminovos ​​e veículos novos entre os maiores contribuintes", disse o Bureau of Labor Statistics do Departamento de Trabalho em seu comunicado.

O bitcoin agora é negociado com alta de 2% nas últimas 24 horas. O rompimento da linha de tendência descendente visto no gráfico horário expôs a resistência psicológica em 70 mil dólares.

O preço da criptomoeda subiu 40% em outubro. A narrativa popular era que o lançamento de um fundo negociado em bolsa (ETF) baseado em futuros de bitcoin traria o dinheiro de pessoas comuns, aumentando a demanda pela criptomoeda e, portanto, o preço.

Mas os analistas do JPMorgan atribuíram a recuperação ao aumento das expectativas de inflação e ao apelo do bitcoin como uma proteção contra a alta dos preços.

Muitos investidores cripto veem o ativo digital como um baluarte contra a impressão de dinheiro do banco central, devido aos limites no fornecimento de bitcoins que são codificados na programação da rede blockchain.

A tendência parece destinada a continuar, com os mercados de ações mostrando poucos sinais de estresse. Os contratos futuros vinculados ao Índice Standard & Poor’s 500 de ações de grandes empresas dos EUA caíram apenas 0,2% até o momento.

O ouro, um tradicional investimento de proteção contra a inflação, ultrapassou uma resistência de longa data em 1.830 dólares, para ser negociado pelo seu valor mais alto em cinco meses, de 1.853 dólares.

A “taxa de equilíbrio” de cinco anos dos EUA - um indicador das expectativas de inflação nos próximos cinco anos, derivada dos indicadores do mercado de títulos - saltou para mais de 3%, a maior número desde 2001, de acordo com a Bloomberg.

(Bloomberg)

O que o Fed vai fazer?

Os investidores do mercado de contratos futuros sobre a taxa de juros básica do Federal Reserve agora veem uma chance de 38% de um aumento da taxa em junho de 2022, em comparação com os 28% esperados antes do relatório do IPC.

Enquanto isso, o rendimento de dois anos do Tesouro dos EUA, que é mais sensível às expectativas de aumento das taxas do que o rendimento de 10 anos, saltou oito pontos-base para 0,5%.

Os mercados devem realizar lucro de forma mais rápida e antecipada, e assim o movimento de alta do bitcoin pode desacelerar.

O presidente do Federal Reserve de St. Louis, James Bullard, disse à CNBC na terça-feira, 9, que o banco central dos EUA pode aumentar sua taxa de referência duas vezes em 2022, após encerrar seu programa de compra de títulos de 120 bilhões de dólares por mês.

Texto traduzido por Mariana Maria Silva e republicado com autorização da Coindesk

Siga o Future of Money nas redes sociais: Instagram | Twitter | YouTube

Acompanhe tudo sobre:BitcoinBlockchainCriptomoedasEmpresas americanasEstados Unidos (EUA)FinançasInflação

Mais de Future of Money

Drex vai garantir sigilo bancário dos usuários, diz coordenador no Banco Central

Criptomoedas geram déficit de R$ 14 bilhões na conta de capitais do Brasil

Bilionário de cripto Justin Sun investe R$ 170 milhões em projeto apoiado por Trump

Com estratégia ousada, pequeno país da Ásia lucra US$ 200 milhões com bitcoin