Binance enfrenta processos nos EUA e no Brasil por reguladores (Reprodução/Reprodução)
Repórter do Future of Money
Publicado em 5 de junho de 2023 às 15h57.
Última atualização em 5 de junho de 2023 às 16h09.
O mercado de criptomoedas intensificou um movimento de queda observado na manhã desta segunda-feira, 5, após a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos (SEC) anunciar que está processando a Binance. Alguns dos principais tokens do setor estão entre os mais prejudicados pela ação.
Dados da plataforma CoinGecko mostram que o bitcoin acumula uma queda de 5,8% nas últimas 24 horas, cotado a US$ 25.626. O valor é o menor para o ativo desde 16 de março deste ano. Já o ether recua 5% no mesmo período, a US$ 1.807. O mercado como um todo acumula perda de 5,1%.
Entretanto, algumas criptomoedas recuam ainda mais, com perdas nas faixas de 9% a 10%. Entre elas, estão tokens citados pela SEC como valores mobiliários, e cuja oferta pela Binance violaria as leis dos EUA. É o caso da Filecoin (-11,2%), BNB (-9,7%), Solana (-9,9%), Sand (-12,2%), Algorand (9,7%) e Cardano (-8,3%).
Para Ayron Ferreira, analista-chefe da Titanium Asset, o processo contra a Binance representa "mais uma etapa do aperto das condições dos órgãos reguladores nos Estados Unidos em relação às empresas do setor cripto". Esse movimento ganhou força após a série de falências no setor em 2022, em especial a quebra da FTX, até então a segunda maior do mundo.
O analista valia que a reação de queda do mercado ocorre porque "a Binance é a principal corretora do mercado em termos de volume, clientes e liquidez, e isso acaba gerando uma apreensão sobre as condições de operação da exchange". Ao mesmo tempo, ele pontua que, até o momento, a corretora soube lidar com um forte volume de saques de clientes e está "normal em termos de funcionamento".
Já em relação às criptomoedas classificadas pela SEC como valores mobiliários, Ferreira avalia que o cenário é de incerteza, e que será preciso entender "como serão os desdobramentos disso, já que outras exchanges também oferecem eles para negociação" e, por consequência, podem ser alvos de processos do regulador ou então precisarem retirar as ofertas desses ativos para seus clientes.
Tasso Lago, fundador da Financial Move, observa que existem ainda boatos circulando no mercado sobre uma possível substituição de Zhao no cargo de CEO da empresa. Na visão dele, o movimento de queda atual é um "ruído de curto prazo, que é ruim porque afeta a segurança dos investidores, mas não muda os fundamentos dos ativos. Natural teremos ruído no curto prazo, é uma tensão, mas no longo prazo, nada muda".
Ao todo, são 13 acusações da SEC contra a Binance, envolvendo possíveis operações ilegais e ofertas de ativos considerados valores mobiliários. Em um comunicado sobre o assunto, a SEC destacou que Zhao e a Binance declaravam publicamente que os clientes nos Estados Unidos não poderiam realizar operações diretamente na plataforma, precisando operar por meio da subsidiária Binance.US. Entretanto, investidores "de alto valor" conseguiam secretamente usar a plataforma global, com permissão da empresa.
A SEC também disse que "bilhões de dólares em ativos de investidores" foram misturados com os fundos da Binance e enviados para outra empresa, a Merit Peak Limited, que seria controlada por Changpeng Zhao. Segundo o regulador, Zhao teria usado parte desses fundos para inflar artificialmente a stablecoin BUSD, que já foi alvo de uma ação da SEC.
Em um comunicado, a corretora de criptomoedas disse que está "desapontada" com o processo e que estava cooperando com o regulador e suas investigações para "abordar suas preocupações". A Binance afirmou ainda que estava em negociação com a SEC para firmar um acordo e encerrar as investigações, mas que, aparentemente, isso foi abandonado com o processo. Ela nega as acusações.
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