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Após novo recorde, preço do bitcoin cai 10%; saiba o que motivou a queda

Parte da queda já foi recuperada e especialistas citam proibição na Índia, superaquecimento de contratos futuros e queda em demanda institucional para explicar movimento

Preço do bitcoin cai 10% (JUN2/Getty Images)

Preço do bitcoin cai 10% (JUN2/Getty Images)

GR

Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 15 de março de 2021 às 10h50.

Última atualização em 16 de março de 2021 às 10h48.

Dois dias depois de atingir um novo recorde de preço, o bitcoin começou a semana com volatilidade e queda expressiva. Se no sábado a criptomoeda chegou a ser negociada acima de 61.500 dólares, na manhã desta segunda-feira, 15, o preço chegou a despencar para menos de 55 mil dólares - uma diferença superior a 10%.

Segundo especialistas, a queda tem algumas explicações: possível proibição dos criptoativos na Índia, enfraquecimento do fluxo de dinheiro institucional, superaquecimento do mercado de contratos futuros de bitcoin, realização de lucros, entre outras.

“A falha no estabelecimento de um suporte acima de 60 mil dólares e a queda no preço são provavelmente resultado do prêmio negativo na Coinbase — que é um importante termômetro sobre a demanda institucional”, disse Ki Young Ju, CEO da empresa de análise de blockchain CryptoQuant, nas redes sociais.

O prêmio da Coinbase citado pelo executivo é uma métrica da CryptoQuant que mede o spread entre o valor do bitcoin na Coinbase, maior exchange dos EUA e principal plataforma de negociação para investidores institucionais, e o preço da criptomoeda na Binance, maior exchange do mundo por volume negociado.

Um prêmio positivo indica aumento na demanda de grandes investidores e instituições, que geralmente preferem negociar na exchange norte-americana por questões regulatórias. Já o prêmio negativo, observado no último fim de semana, quando o bitcion passou de 60 mil dólares, indica o contrário. No momento, o prêmio está ligeiramente positivo, o que indica uma demanda institucional fraca, segundo a empresa de análise.

Nas últimas vezes que o preço do bitcoin passou por resistências psicológicas importantes como os 60 mil dólares — 20 mil, 30 mil, 40 mil e 50 mil — o spread era significamente alto e a demanda institucional apontada como principal razão pela alta que o ativo experimentou desde outubro de 2020. "Acredito que o curto prazo será de queda ou movimentos laterais, até que haja fluxo institucional relevante na Coinbase", completou Ki.

Contratos futuros, realização de lucros e proibição na Índia

"Carteiras guardando mais de 1.000 bitcoins estão vendendo. Isso não significa que o movimento de alta terminou, só significa que a realização de lucros está acontecendo", disse o analista Lark Davis, no Twitter.

Além da realização de lucros, o superaquecimento do mercado de contratos futuros de bitcoin também pode ajudar a explicar a queda neste começo de semana. Quando o preço da criptomoeda começou a cair nesta manhã, a grande maioria do mercado estava "comprada", ou seja, apostando na alta do bitcoin.

Segundo dados do site Bybt, 194.541 traders tiveram suas posições "compradas" liquidadas automaticamente, para um valor total de 1,83 bilhão de dólares, o maior desde 21 de fevereiro. Essa onda de liquidações cria uma efeito "bola de neve", pois vai adicionando vendas conforme o preço cai, dando ainda mais força ao movimento.

As notícias sobre uma possível proibição do bitcoin na Índia, ventiladas há algumas semanas, se intensificaram na manhã desta segunda-feira, com a divulgação de uma proposta de lei, e também podem ter influenciado o aumento do fluxo vendedor que causou a queda no preço da criptomoeda.

O que vem a seguir

Apesar da queda momentânea nos preços, especialistas acreditam que a criptomoeda pode retomar seu movimento de alta e não vêem motivos para acreditar em uma reversão de tendência no médio ou longo prazos.

"Um dia, o 'bear market' do bitcoin vai chegar. Mas hoje provavelmente não é esse dia", disse o conhecido analista de pseudônimo Rekt Capital.

Opinião parecida com a de Carl Martin, que cita métricas que indicam possível recuperação do ativo: "O bitcoin ainda está acima da Ribbon exponencial de 4 horas, indicando que a tendência de alta de 4 horas está intacta". "Se você vender seu bitcoin no desespero, o 'dinheiro inteligente', Michael Saylor e Jack Dorsey, vão comprar de você", completou.

CEo da Galaxy Digital, também apontou outro fator que pode ajudar o preço do bitcoin a se recuperar no curto prazo: o pagamento de auxílio emergencial nos EUA, programado para este início de semana. "Os cheques estão chegando, e muitos deles vão para pessoas jovens, que querem comprar bitcoin", disse. "O bitcoin se tornou uma classe de ativos. Todas as empresas terão, todos os portfólios terão. Se você não está 'comprado', você está automaticamente 'vendido'", disse, em entrevista à CNBC.

Apesar das incertezas em relação ao curto prazo, o bitcoin já recuperou parte das perdas do início da manhã. Depois de atingir 54.700 na mínima do dia, é negociado atualmente a 57 mil dólares, o que representa queda de 5,7% nas últimas 24 horas, e tem demonstrado bastante volatilidade.

No curso "Decifrando as Criptomoedas" da EXAME Academy, Nicholas Sacchi, head de criptoativos da Exame, mergulha no universo de criptoativos, com o objetivo de desmistificar e trazer clareza sobre o funcionamento. Confira.

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