Corretora cripto do BTG, Mynt anuncia taxa zero e plataforma para clientes institucionais
Projeto celebra seu aniversário de lançamento com novidades e perspectiva de ter o Brasil como "um dos polos cripto do mundo"
Repórter do Future of Money
Publicado em 22 de agosto de 2023 às 12h35.
Última atualização em 22 de agosto de 2023 às 14h52.
A Mynt, corretora de criptomoedas do BTG Pactual , celebrou no último dia 15 de agosto o seu primeiro aniversário de lançamento, aproveitando as comemorações para anunciar novidades para os seus clientes. Entre elas, estão um período limitado de taxa zero para negociação de ativos e uma nova plataforma para investidores institucionais que querem entrar nesse mercado.
A nova plataforma é o Mynt Prime, que busca facilitar uma série de operações que clientes institucionais realizam hoje no mercado cripto. Em coletiva para jornalistas, André Portilho, head de digital assets do BTG Pactual e responsável pela Mynt, destacou que esse segmento enfrenta dificuldades atualmente em várias frentes.
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Entre elas, estão a administração de fundos de criptoativos , uma insegurança em torno dos custodiantes - que em geral são estrangeiros, apesar de Portilho ver uma importância de ter "prestadores de serviço no Brasil" - e uma necessidade de realizar operações em múltiplas exchanges. A ideia é que o Mynt Prime permita realizar todos esses serviços em um só local. O próprio BTG já usa a tecnologia da Mynt na administração de seus fundos cripto.
Segundo Portilho, o projeto busca "facilitar a atuação do cliente institucional", trazendo a "expertise do BTG Pactual, com administração e custódia combinada, custódia própria, acesso às principais exchanges, mais de 1.000 tokens suportados e taxas de negociação diferenciadas. É uma base para facilitar a entrada de institucionais". Apesar do foco ser de clientes como fundos, family offices e empresas, investidores de varejo qualificados também poderão aderir.
Já a taxa zero para negociação vai valer para as seis criptomoedas mais negociadas na Mynt: bitcoin , ether, Polygon, Chainlink, Lido DAO e Solana. A medida vai se estender até o final de outubro e busca expandir a base de clientes e varejo, aumentando a inserção de investidores no mercado. Atualmente, esses ativos possuem uma taxa de 0,5%, que passará a ficar zerada nos próximos meses.
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"Brasil vai ser um dos polos cripto do mundo"
O cenário do mercado cripto está bem diferente do encontrado pela Mynt no seu lançamento, em 15 de agosto de 2022. Eventos como a falência da FTX , a aprovação de regulações no Brasil e na Europa, pedidos de ETF de bitcoin sinalizando um interesse institucional crescente e atualizações na Ethereum mostraram como o panorama do setor pode mudar em pouco tempo. Entretanto, André Portilho segue otimista.
"O Brasil vai ser um dos polos criptos do mundo, com certeza. Está tudo caminhando pra isso", destacou o executivo. Por trás dessa afirmação, estão desdobramentos como a aprovação do Marco Legal das Criptomoedas e, em especial, o desenvolvimento do Drex , a versão digital do real que promete impulsionar a tokenização no Brasil.
Na visão de Portilho, o Drex está acelerando uma convergência no Brasil entre o mercado tradicional e o mercado cripto: "Qualquer instituição do mercado tradicional que não prestava atenção nessa tecnologia, está tendo que prestar agora por causa do Drex". Com isso, a tendência é que a adoção institucional da tecnologia cripto cresça cada vez mais.
No caso da Mynt, o foco agora é em continuar "trazendo o que a gente já sabe que funciona no mercado tradicional", com as décadas de experiência do BTG Pactual. Isso significa um foco tanto em expandir a base de clientes de varejo quanto em atrair cada vez mais clientes institucionais. "A gente quer varejo e institucional ao mesmo tempo, já fazemos isso", explica Portilho.
Ele destaca que o BTG "tem DNA no institucional, mas tem uma plataforma de varejo significativa também. Então é uma questão de trazer para os clientes o mundo cripto. A demandas não são muito diferentes, exige um processo inicial de aprendizado, mas todo cliente quer um serviço que funcione, com preço razoável, seguro, fácil de acesso". A tendência, na visão dele, é que as empresas sigam esse caminho de atração dupla, mas a Mynt "oferece uma combinação que poucas empresas vão conseguir oferecer".
"A gente não vende sonho, [cripto] é algo que a gente acredita que tem um bom futuro, e a gente vai oferecer o que acredita que faz sentido para o cliente", afirmou Portilho. Uma tendência, por exemplo, é a tokenização, que "vai acelerar muito nos próximos anos, por conta do projeto do Drex. Muita coisa a gente não sabe como vai ser, mas a indústria já está se movimentando. E é algo que faz sentido, porque é uma tecnologia mais segura, confiável".
Do lado da regulação, Portilho destacou o avanço do Brasil em relação a outras jurisdições. Além disso, ele afirmou que a Mynt é a favor da chamada segregação patrimonial, a separação de ativos da exchange e de clientes. A exigência ficou de fora do Marco Legal das Criptomoedas, o que rendeu críticas.
"O que eu já vi de gente contra, ou é porque tem um modelo de negócios que seria prejudicado por ela ou ainda não entendeu as consequências de ter um ambiente em que não existe a segregação". Na visão do executivo, se o mercado não contar com segregação, será preciso ter exigências de capital "muito maiores". O importante, ressalta, é ter algum tipo de proteção para investidores, para evitar casos como o da FTX. "E o melhor é a segregação", pontua.
"Halving é um fetiche do mundo cripto"
Ao mesmo tempo, será preciso ficar de olho no cenário macroeconômico global. Portilho destacou que o mercado cripto ainda depende de um alívio na taxa de juros dos Estados Unidos para voltar a crescer. A expectativa, agora, é de uma taxa mais alta por mais tempo, mas "só de cair já dá uma tranquilidade para o mercado. Agora o mercado está vendo coisas como déficit nos Estados Unidos, economia chinesa, é normal"
Entretanto, o executivo do BTG Pactual discordou de algumas projeções recentes de que o chamado halving do bitcoin , previsto para 2024, vai resultar em uma explosão no preço do ativo. Na visão de Portilho, "o halving não impacta agora. Eu acho que virou uma anedota dos criptonativos, ele impactava quando tinha um estoque baixo no mercado e emissão alta em relação ao estoque, hoje já tem estoque grande e emissão baixa. Pode ter coincidência, mas não vejo causalidade. O halving é um fetiche do mundo cripto".
Por outro lado, uma boa notícia que o mercado poderá ter gira em torno da análise dos pedidos de lançamento de um ETF de preço à vista do bitcoin nos Estados Unidos. Na visão de Portilho, um ETF do tipo no país traria mais demanda, mas seu impacto também depende de condições macro, de mercado e dos próprios produtos. "Ter mais um instrumento à disposição certamente é bom, está abrindo a base de produtos. Ele pode gerar mais demanda, mas quanto depende. Parece um movimento bom, parece que vai acontecer", destacou.
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