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Colapso de bancos nos EUA gera fuga de patrimônio em corretoras cripto, aponta pesquisa

Investidores de criptomoedas optaram por retirar dinheiro guardado em corretoras centralizadas após quebra do SVB afetar paridade do USDC com o dólar

Investidores transferiram criptomoedas de corretoras em meio à crise bancária (Reprodução/Reprodução)

Investidores transferiram criptomoedas de corretoras em meio à crise bancária (Reprodução/Reprodução)

Mariana Maria Silva
Mariana Maria Silva

Repórter do Future of Money

Publicado em 23 de março de 2023 às 10h09.

Última atualização em 23 de março de 2023 às 10h09.

Os Estados Unidos enfrenta nas últimas semanas o estouro de uma crise bancária com a queda de Silvergate, Signature e Silicon Valley Bank. Para além dos clientes dos próprios bancos, investidores de criptomoedas viram seu patrimônio na classe de ativos ser afetado pelo ocorrido, gerando uma saída significativa de criptomoedas das corretoras centralizadas, aponta uma pesquisa da Chainalysis.

Enquanto Silvergate e Signature estavam entre os principais provedores de serviços bancários para empresas cripto nos EUA, o Silicon Valley Bank detinha cerca de US$ 3,3 bilhões das reservas da Circle, emissora da criptomoeda de valor estável USDC.

O USDC chegou a perder a sua paridade com o dólar em meio ao problema até que o Federal Reserve anunciasse uma medida de emergência para garantir todos os saques de clientes do Silicon Valley Bank, incluindo a Circle.

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Fuga de patrimônio

Nesse meio tempo, dados on-chain registraram uma fuga de patrimônio das corretoras centralizadas (CEXs), como Binance e Coinbase, para corretoras descentralizadas (DEXs). O volume saindo das CEXs atingiu um pico de US$ 1,2 bilhão em 11 de março, aponta um estudo da Chainalysis.

“Esse aumento é algo comum durante tempos de turbulência no mercado e indica o temor dos usuários de perder o acesso a seus fundos”, explicou Brianna Kernan, líder de Vendas da Chainalysis para a América Latina. A Chainalysis é uma empresa de blockchain que fornece dados, software, serviços e pesquisas.

Em corretoras centralizadas, o investidor deixa a custódia de seus criptoativos nas mãos da empresa que, caso enfrente problemas, pode bloquear os saques e deixá-lo no prejuízo, como ocorreu com os clientes da FTX quando a corretora foi à falência em novembro do último ano. Já nas corretoras descentralizadas isso não acontece, pois as negociações são feitas diretamente entre investidores, apesar delas oferecerem mais riscos de ataques hacker e fraudes.

Em seu estudo, a Chainalysis identificou também que o USDC foi um dos principais ativos movidos para DEXes no período, já que muitos usuários provavelmente estavam tentando se desfazer de suas participações em troca de outras moedas, como USDT e DAI, cujas aquisições dispararam quando o USDC perdeu sua paridade com o dólar.

Porém, curiosamente, o próprio USDC viu um pico ainda maior. Em queda, muitos investidores podem ter aproveitado para pagar mais barato no ativo, aguardando por uma recuperação que realmente aconteceu dias depois, quando o USDC recuperou sua paridade após o anúncio da medida emergencial do Fed no Silicon Valley Bank.

O anúncio não beneficiou apenas as criptomoedas de valor estável, como USDC, USDT e DAI, mas também as principais criptomoedas, bitcoin e ether, que dispararam em seguida.

Possíveis problemas

No entanto, nem tudo serão benefícios para o setor cripto com a crise bancária nos Estados Unidos. Isso porque com a queda de Silvergate, Signature e Silicon Valley, as empresas cripto perderam grandes aliados na hora de realizar a conversão entre criptoativos e dinheiro fiduciário como o dólar, por exemplo.

“Já alcançamos certo nível de consolidação e provamos que conseguimos gerar valor como indústria. Mesmo assim, esse cenário limita significativamente as opções bancárias dos EUA, tornando mais difícil a conversão de criptomoedas para o dólar americano. Todo esse cenário deve diminuir a liquidez no setor e, por consequência, diminuir o volume de transações”, concluiu Brianna Kernan.

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