Brian Armstrong, CEO da Coinbase (Bloomberg/Getty Images)
Repórter do Future of Money
Publicado em 22 de novembro de 2023 às 14h00.
Última atualização em 22 de novembro de 2023 às 14h24.
Na última terça-feira, 21, a Binance anunciou um acordo com as autoridades norte-americanas após uma investigação de lavagem de dinheiro e descumprimento de sanções. A corretora de criptomoedas, que é a maior do mundo, terá de sair do país e pagar multas bilionárias. Segundo Brian Armstrong, CEO da Coinbase, esta é a “oportunidade de iniciar um novo capítulo para esta indústria”.
“As notícias de hoje reforçam que fazer da maneira mais difícil foi a decisão certa. Agora temos a oportunidade de iniciar um novo capítulo para esta indústria. Sofremos muitas flechadas operando aqui nos EUA devido à falta de clareza regulatória, e minha esperança é que as notícias de hoje sirvam como um catalisador para finalmente conseguirmos isso”, comentou o CEO da Coinbase, uma das principais concorrentes da Binance, na última terça-feira, 21, em uma carta aberta aos seus seguidores no X (antigo Twitter).
De acordo com um comunicado, a Binance deverá pagar US$ 4,3 bilhões ao Departamento de Justiça dos EUA para resolver as acusações de violação de sanções e a falha em manter um programa adequado de conheça seu cliente (KYC, na sigla em inglês). Outros US$ 3,4 bilhões devem ser pagos à Rede de Execução de Crimes Financeiros FinCEN e US$ 968 milhões ao Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC). O então CEO da empresa, Changpeng Zhao, renunciou do cargo na última terça-feira, 21, também como parte do acordo.
Atualmente, a Coinbase é a quarta maior corretora de criptomoedas do mundo em volume de negociações. A Binance, primeira no ranking, possui cerca de sete vezes mais volume de negociações que a Coinbase, de acordo com dados do CoinMarketCap.
A Coinbase, no entanto, é a única corretora de criptomoedas listada em bolsa nos EUA. No fechamento de mercado de ontem, 21, de acordo com dados da Nasdaq, as ações da Coinbase caíram 0,57%.
Sobre a concorrência com a Binance, Armstrong comentou que abraçar a conformidade jurídica nos EUA foi “mais difícil”, mas a “decisão certa”.
“Desde a fundação da Coinbase em 2012, adotamos uma visão de longo prazo. Eu sabia que precisávamos abraçar a conformidade para nos tornarmos uma empresa geracional que resistisse ao teste do tempo. Obtivemos as licenças, contratamos as equipes jurídica e de compliance e deixamos claro que nossa marca era uma questão de confiança com nossos clientes e de cumprimento das regras. Queríamos aumentar a transparência e elevar o nível de confiança, por isso nos tornamos uma empresa pública em 2021”, disse ele em sua conta no X (antigo Twitter).
“Isso significava que nem sempre podíamos nos mover tão rapidamente quanto os outros. É mais difícil e caro adotar uma abordagem compatível. Você não pode lançar todos os produtos que os clientes desejam quando são ilegais. Mas é a abordagem correta porque acreditamos no Estado de Direito”, acrescentou.
A secretária do Tesouro, Janet Yellen, disse que a ação de terça-feira foi o maior acordo na história do departamento, segundo informações do CoinDesk. A ação teve a participação do Departamento de Justiça, o Departamento do Tesouro, a Comissão de Negociação de Contratos Futuros de Commodities (CFTC), a Rede de Execução de Crimes Financeiros FinCEN e o Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC).
Ainda segundo Brian Armstrong, “os americanos não deveriam ter de recorrer a bolsas offshore não regulamentadas para beneficiar desta tecnologia”. O executivo, que já havia revelado planos de sair dos EUA motivado por impasses regulatórios nos EUA, esclareceu que a Coinbase, que também enfrenta processos da Comissão de Valores Mobiliários (SEC), deve continuar no país.
“Esta indústria deveria ser construída aqui mesmo na América, de forma compatível com as leis dos EUA. Vamos ficar aqui nos EUA porque acreditamos na liberdade económica e que o sistema democrático dos EUA acabará por acertar isto”, disse ele.
“A descentralização e a criptografia são ferramentas poderosas para atualizar o sistema financeiro e construir uma economia global com mais liberdade económica. Estamos apenas começando”, concluiu o CEO da Coinbase.
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