BIS diz que criptomoedas possuem "falhas estruturais" e não podem ser usadas em pagamentos
Conhecido como "banco central dos bancos centrais", instituição criticou projetos atuais do mercado cripto e defendeu CBDCs como alternativa
Repórter do Future of Money
Publicado em 11 de julho de 2023 às 11h05.
O Banco de Compensações Internacionais (BIS), também conhecido como " banco central dos bancos centrais", afirmou em um relatório divulgado nesta terça-feira, 11, que as criptomoedas possuem "falhas estruturais e riscos" que impedem o seu uso como meios de pagamento. O relatório foi divulgado para representantes do G20, grupo que reúne as 20 maiores economias do mundo.
No documento, analistas do banco afirmam que o ecossistema cripto atual está sujeito a um "alto nível de fragmentação", com altas taxas para transações e um congestionamento na fila de processamento dessas transações. O BIS não acredita que esses problemas possam ser solucionados, já que seriam falhas "estruturais" do setor.
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Para o relatório, a origem desses problemas está no funcionamento da economia do ecossistema cripto, em que os validadores recebem incentivos para realizarem o processamento de transações. Em geral, há um privilégio para processar transações com recompensas maiores, o que aumenta taxas e gera o congestionamento.
O relatório diz ainda que, apesar de ter surgido com uma lógica e defesa da descentralização, o ecossistema atual de criptomoedas possui uma "centralização na prática", o que gera uma série de vulnerabilidades e problemas para o seu funcionamento.
Um dos casos citados é o das stablecoins , criptomoedas que são pareadas a outros ativos, como o dólar. Para o banco, esses ativos se apoiam na credibilidade de moedas fiduciárias de bancos centrais e podem "representar um risco para a soberania monetária" de cada nação.
O BIS argumenta que segmentos como o de finanças descentralizadas ( DeFi , na sigla em inglês) "em geral replicam serviços que são oferecidos no sistema financeiro tradicional, mas não financiam nenhuma atividade na economia real e amplificam riscos conhecidos".
Uma outra crítica feita pelo relatório é que o crescimento do ecossistema cripto tem sido motivado nos últimos anos principalmente por um "fluxo especulativo de novos usuários esperando grandes retornos", o que faz com que o mercado represente um "risco substancial" para os investidores.
Por isso, o banco afirma que, "apesar das criptomoedas terem oferecido alguns elementos de inovação genuína, estes podem ser replicados ou incorporados no sistema financeiro tradicional, mais seguro e confiável". Na visão do BIS, as "falhas inerentes" das criptomoedas fazem com que elas "não sejam adequadas para ter um papel construtivo no sistema monetário".
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CBDCs como alternativa
"Em pouco mais de uma década, as criptomoedas passaram de uma atividade de nicho para algo que interfere no sistema financeiro tradicional. Embora inicialmente fosse propriedade de um pequeno grupo de entusiastas, milhões de usuários de varejo e cada vez mais investidores institucionais entraram no ecossistema cripto nos últimos anos", ressalta o relatório.
Na visão do BIS, "as criptos oferecem alguns elementos de inovação genuína, como capacidade de programação e capacidade de composição. Com essas novas funcionalidades, as sequências de transações financeiras podem ser automatizadas e integradas. Juntamente com a tokenização, isso tem o potencial de reduzir a necessidade de intervenções manuais que atualmente atrasam as transações e geram custos".
Por isso, o banco defende que é preciso ter uma alternativa que combine as vantagens da tecnologia por trás das criptomoedas com a segurança do sistema financeiro tradicional. Nos últimos anos, o BIS se tornou um defensor das moedas digitais de bancos centrais ( CBDCs , na sigla em inglês) como essa alternativa.
Em outro relatório, publicado um dia antes , analistas do banco projetaram que a economia global vai contar, até 2030, com 24 CBDCs em operação, contra quatro atualmente. O estudo da instituição mostra que 93% dos 86 bancos entrevistados estão desenvolvendo ou estudando projetos de CBDCs próprias no momento. É o caso do Brasil, que trabalha no Real Digital .
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