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Aversão ao risco faz bitcoin cair, mas também derruba ações, petróleo e outros mercados globais

Pressionado por cenário macroeconômico negativo, bitcoin volta a cair abaixo dos US$ 20.000, mas outros mercados de risco também sofrem

Aversão ao risco aumento no Brasil e no exterior e derruba mercados globais, como criptomoedas, ações e commodities (Viktoriia Hnatiuk/Getty Images)

Aversão ao risco aumento no Brasil e no exterior e derruba mercados globais, como criptomoedas, ações e commodities (Viktoriia Hnatiuk/Getty Images)

GR

Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 12 de julho de 2022 às 10h44.

Após um crescimento impressionantemente rápido entre 2020 e 2021, o mercado cripto despencou ao longo deste ano, vendo o seu valor de mercado total cair de US$ 3 trilhões para os atuais US$ 986 bilhões. Maior criptomoeda do mundo, o bitcoin já perdeu 70% de valor desde a sua máxima em novembro, e uma reação ainda parece distante.

Nesta terça-feira, 12, a maior criptomoeda do mundo voltou a perder a faixa dos US$ 20.000, sendo negociada no momento a US$ 19.900, com queda de 3,3% nas últimas 24 horas. O ether teve queda mais forte, de 6,7%, sendo cotado atualmente a US$ 1.070 e lutando para não perder os quatro dígitos.

(Mynt/Divulgação)

Ativos digitais não são os únicos a sofrer

Em um cenário bastante negativo para mercados de risco, vários outros setores também operam em queda. Um dos fatores mais significativos que pesam sobre as criptos e outros ativos de risco tem sido a força do dólar americano.

Somada ao aumento da inflação e à queda dos indicadores econômicos, a força do DXY, índice da moeda dos EUA, investidores veem um sinal de que uma desaceleração econômica é quase inevitável, com as previsões agora falando em recessão no início de 2023.

Para especialistas da Travelex, "o índice DXY, que relaciona o dólar com as seis principais divisas, opera em alta, ao passo que os juros dos Treasuries caem, sugerindo aumento da aversão ao risco pelos investidores".

Importante considerar ainda a guerra na Ucrânia, a desaceleração de grandes economias, em especial da China e União Europeia, e o cenário de redução de oferta de energia no mercado europeu, o que "causa pressão inflacionária e pode aumentar os temores relacionados à uma possível recessão econômica na região", diz a nota da Travelex.

Como resultado, bolsas operam em queda no mundo todo, inclusive no Brasil, onde o Ibovespa fechou em baixa de 2% na segunda-feira. Lá fora, a desaceleração da economia chinesa derruba os contratos futuros de petróleo, que negociam em baixa superior a 2%, uma vez que o país é o maior importador de petróleo do mundo.

Em Nova York os índices futuros de ações também caem, "indicando possível ampliação dos prejuízos de ontem [segunda-feira] nos mercados à vista". Na Europa, as principais bolsas também operam no negativo, ao passo que o euro também perde valor ante o dólar. E, na Ásia, o cenário não é diferente, com a maioria das bolsas em queda nesta terça-feira e mercados repercutindo o aumento da aversão ao risco pelos investidores.

O que vai acontecer com o bitcoin e outras criptos

Com todo esse pano de fundo, era de se esperar que o bitcoin e as criptomoedas também fossem afetadas negativamente, com a queda na segunda e a continuidade do movimento de baixa nesta terçã.

Agora, a maior criptomoeda do mundo busca formar um fundo local próximo ao topo do ciclo de 2017, nesta mesma faixa de US$ 20.000 - o “último suporte estrutural claro no gráfico de bitcoin de longo prazo”, segundo relatório da Delphi Digital.

Caso o bitcoin não consiga manter o suporte próximo a US$ 20.000, a Delphi Digital aponta para um suporte "esperado em cerca de US$ 15.000 e, em seguida, entre US$ 12.000 e US$ 9.000 se esse nível não se mantiver”. A considerar que nos ciclos de baixa anteriores o bitcoin caiu 85% da máxima, ainda é possível esperar novas quedas.

Se a história se repetir, o preço do bitcoin poderia chegar a US$ 10.000. "Ainda há mais dor pela frente para ativos de risco", diz o documento da Delphi.

Para que haja uma reversão de tendência e a criptomoeda volte a subir, dizem os especialistas da Delphi, é preciso esperar por um fato relevante que sirva como catalisador do novo movimento. "O bitcoin provavelmente continuará a se consolidar até obtermos algum tipo de macrocatalisador", diz o relatório, indicando que uma mudança no cenário macroeconômico e o aumento na disposição ao risco pelos investidores é fundamental para que isso aconteça.

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